{"id":11966,"date":"2021-03-04T16:07:05","date_gmt":"2021-03-04T16:07:05","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=11966"},"modified":"2021-03-04T16:07:05","modified_gmt":"2021-03-04T16:07:05","slug":"renovaveis-consumo-e-emissoes","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/04\/renovaveis-consumo-e-emissoes\/","title":{"rendered":"Renov\u00e1veis, consumo e emiss\u00f5es"},"content":{"rendered":"

Quercus faz an\u00e1lise dos dados de produ\u00e7\u00e3o e consumo de electricidade em 2008:<\/b><\/p>\n

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– Portugal pouco renov\u00e1vel: pol\u00edticos usam valor corrigido para parecer mais<\/p>\n

– Aumento do consumo de electricidade volta a crescer mais que PIB<\/p>\n

– Emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa descem apesar de produ\u00e7\u00e3o t\u00e9rmica at\u00e9 subir<\/p>\n

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A Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza recorreu aos dados disponibilizados pelas Redes Energ\u00e9ticas Nacionais (REN) relativos \u00e0 totalidade do ano de 2008 e \u00e0s estat\u00edsticas r\u00e1pidas da Direc\u00e7\u00e3o Geral de Energia e Geologia (DGEG) para efectuar uma an\u00e1lise da componente electricidade no contexto da pol\u00edtica energ\u00e9tica de Portugal.<\/p>\n

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Portugal est\u00e1 sujeito a uma enorme variabilidade clim\u00e1tica com incid\u00eancia quer no recurso \u00e0 produ\u00e7\u00e3o de electricidade a partir de fontes renov\u00e1veis (em particular \u00e0 h\u00eddrica), quer nas necessidades de aquecimento e arrefecimento, nos sectores dom\u00e9stico e de servi\u00e7os, que condicionam o consumo. Estes factos s\u00e3o determinantes dado que o ano de 2008 se revelou seco e n\u00e3o demasiado quente durante o Ver\u00e3o.<\/p>\n

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Entre os aspectos mais pertinentes da an\u00e1lise efectuada est\u00e1 o facto do consumo de electricidade continuar a crescer, mas a um ritmo muito mais lento. Em 2006 o consumo de electricidade tinha aumentado 2,6%. Em 2007 o aumento foi de 1,8% e em 2008 foi de apenas 1%. No entanto este aumento foi superior ao PIB que se dever\u00e1 situar na casa dos 0,3%.<\/p>\n

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No entender da Quercus, esta redu\u00e7\u00e3o do aumento do consumo deve-se a um conjunto de factores que \u00e9 dif\u00edcil individualizar mas que se prendem com:<\/p>\n

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– o clima ameno que se verificou no ano de 2008, com um Inverno (Janeiro a Mar\u00e7o de 2008) pouco frio e um Ver\u00e3o menos quente que o habitual, conduzindo a menores necessidades de consumo de electricidade para efeitos de climatiza\u00e7\u00e3o e que pesam muito no consumo de electricidade;<\/p>\n

– maior conserva\u00e7\u00e3o de energia no sector dom\u00e9stico e nos servi\u00e7os atrav\u00e9s de mudan\u00e7as de comportamentos, motivada principalmente por raz\u00f5es e\/ou dificuldades econ\u00f3micas que obrigam \u00e0 poupan\u00e7a mas tamb\u00e9m por uma maior sensibilidade ambiental;<\/p>\n

– maior efici\u00eancia energ\u00e9tica de novos equipamentos.<\/p>\n

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Portugal pouco renov\u00e1vel: pol\u00edticos usam valor corrigido para parecer que peso de renov\u00e1veis \u00e9 maior<\/p>\n

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Portugal tem uma meta a cumprir de produ\u00e7\u00e3o de energia el\u00e9ctrica por fontes renov\u00e1veis, fixada pela Directiva 2001\/77\/CE em 39%, a cumprir no ano 2010, tendo este Governo em 2007 subido a fasquia para 45%. Para esta meta, e de acordo com a Directiva, o ano base considerado foi 1997, um ano h\u00famido onde a produ\u00e7\u00e3o de electricidade pelas barragens portuguesas atingiu mais 22% que o considerado ano m\u00e9dio. O denominado\u00edndice de produtibilidade hidroel\u00e9ctrica (IPH) em 1997 foi assim de 1,22.<\/p>\n

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Desde a\u00ed, e de uma forma discut\u00edvel que n\u00e3o nos parece estar salvaguardada na legisla\u00e7\u00e3o comunit\u00e1ria ao contrario do que acontece com outros pa\u00edses como a Su\u00e9cia, a produ\u00e7\u00e3o de energia hidroel\u00e9ctrica \u00e9 corrigida para o ano de 1997 (dividindo-se o IPH real por 1,22) e depois ainda corrigida para um ano m\u00e9dio (dividindo-se a produ\u00e7\u00e3o hidroel\u00e9ctrica real pelo IPH verificado). Curiosamente de 2000 a 2008, s\u00f3 num ano (2003) se atingiu a mesma produtibilidade que em 1997. Tal faz com que em anos secos (como 2007 e 2008), onde a produ\u00e7\u00e3o hidroel\u00e9ctrica foi reduzida, o valor final de produ\u00e7\u00e3o para efeitos de c\u00e1lculo da percentagem de renov\u00e1veis seja muito mais elevado.<\/p>\n

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Assim, em v\u00e1rios discursos tem sido frequente o uso do peso da energ\u00eda renov\u00e1vel ap\u00f3s a correc\u00e7\u00e3o e nunca o real, inflaccionando muito o valor efectivamente verificado (e que tamb\u00e9m a Quercus gostaria que fosse mais alto). Ainda no passado dia 5 de Janeiro, o Primeiro-Ministro, Jos\u00e9 S\u00f3crates, referiu que as renov\u00e1veis representam cerca de 42% da energia el\u00e9ctrica consumida. No entanto, de acordo com os dados mais actuais da DGEG relativos ao per\u00edodo entre Novembro de 2007 e Outubro de 2008, o valor real \u00e9 de apenas 26,7%, sendo o valor corrigido de acordo com a metodologia question\u00e1vel descrita anteriormente, de 43% (mais de 16% acima do real).<\/p>\n

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Os principais indicadores seleccionados \/ calculados pela Quercus<\/p>\n

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– O aumento do consumo de electricidade baixou de 1,8% em 2007 para 1% em 2008.<\/p>\n

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– O aumento do consumo de electricidade (1%) foi superior ao crescimento do PIB (0,3%), ao contr\u00e1rio de 2007, a excep\u00e7\u00e3o dos \u00faltimos seis anos em que tinha sido mais baixo.<\/p>\n

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– A produ\u00e7\u00e3o de energia hidroel\u00e9ctrica baixou 30% em rela\u00e7\u00e3o a 2007, contribuindo em 14% para o total de electricidade consumida. A produ\u00e7\u00e3o de energia h\u00eddrica em 2008 (7100 GWh) foi o mais baixo desde 2000, contribuindo com 47% da electricidade renov\u00e1vel total produzida.<\/p>\n

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– A produ\u00e7\u00e3o de electricidade por fontes renov\u00e1veis passou de 30,7% em 2007 para apenas 26.7% (este \u00faltimo correspondente no entanto ao ano m\u00f3vel que termina em Outubro de 2008 inclusive).<\/p>\n

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– A energia e\u00f3lica continua a ganhar peso na produ\u00e7\u00e3o de electricidade. Nos \u00faltimos 5 anos (2004-2008) a produ\u00e7\u00e3o e\u00f3lica cresceu 86%. Em 2006 a energia e\u00f3lica cresceu 67%, em 2007, 38%, e em 2008 cresceu 42%. No contexto da produ\u00e7\u00e3o de electricidade a partir de fontes renov\u00e1veis, a energia e\u00f3lica representou cerca de 38% da produ\u00e7\u00e3o em 2008.<\/p>\n

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– Enquanto no final de 2006 as albufeiras se encontravam a 75% do seu armazenamento m\u00e1ximo, em Dezembro de 2007 o valor era dos mais reduzidos nos \u00faltimos anos (45% da sua capacidade m\u00e1xima). Em 2008, este valor voltou a repetir-se: as albufeiras no final de Dezembro estavam a 47% da sua capacidade total de armazenamento.<\/p>\n

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– A energia fotovoltaica come\u00e7a a ter um peso crescente no cen\u00e1rio da produ\u00e7\u00e3o de energia renov\u00e1vel mas ainda praticamente irrelevante. Em 2008 ainda representava apenas 0,25% da produ\u00e7\u00e3o total de energia renov\u00e1vel. Para este facto contribui o alto investimento necess\u00e1rio para a produ\u00e7\u00e3o centralizada de energia fotovoltaica.<\/p>\n

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– Em 2008 Portugal praticamente deixou de exportar electricidade e o saldo importa\u00e7\u00e3o\/exporta\u00e7\u00e3o aumentou 26% em rela\u00e7\u00e3o a 2007, tendo o total de importa\u00e7\u00e3o representado 18,7% do total de electricidade consumida.<\/p>\n

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– A Quercus estima para o total das principais centrais termoel\u00e9ctricas uma redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es de 700 mil toneladas de di\u00f3xido de carbono entre 2007 e 2008 (1,2% das emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa do ano base de 1990 em termos de Protocolo de Quioto), apesar de uma maior produ\u00e7\u00e3o de electricidade (mais 410 GWh em 2008). A principal raz\u00e3o prende-se com a diminui\u00e7\u00e3o do recurso \u00e0 central termoel\u00e9ctrica de Sines que queima carv\u00e3o, combust\u00edvel que apresentou pre\u00e7os muito elevados em 2008, e pela sua substitui\u00e7\u00e3o em termos de produ\u00e7\u00e3o por centrais mais eficientes de ciclo combinado a g\u00e1s natural (Tapada do Outeiro e Ribatejo).<\/p>\n

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Lisboa, 15 de Janeiro de 2009<\/p>\n

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A Direc\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Quercus faz an\u00e1lise dos dados de produ\u00e7\u00e3o e consumo de electricidade em 2008:   – Portugal pouco renov\u00e1vel: pol\u00edticos usam valor corrigido para parecer mais – Aumento do consumo de electricidade volta a crescer mais que PIB – Emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa descem apesar de produ\u00e7\u00e3o t\u00e9rmica at\u00e9 subir   A Quercus […]<\/p>\n","protected":false},"author":5,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"inline_featured_image":false,"footnotes":""},"categories":[323],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/11966"}],"collection":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/5"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=11966"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/11966\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":11988,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/11966\/revisions\/11988"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=11966"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=11966"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=11966"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}