No passado dia 24 de Maio, foram mortos no Brasil Jos\u00e9 Cl\u00e1udio Ribeiro da Silva e Maria do Esp\u00edrito Santo. O casal desenvolvia um projecto de explora\u00e7\u00e3o sustent\u00e1vel da floresta com 500 fam\u00edlias de extrativistas, que sobrevivem da venda de \u00f3leos vegetais e de frutas como o a\u00e7a\u00ed e o cupua\u00e7u. Dias depois, Herenilton Pereira dos Santos, testemunha do homic\u00eddio de Jos\u00e9 e Maria, tamb\u00e9m foi assassinado na mesma regi\u00e3o. Os ambientalistas faziam parte do Conselho Nacional das Popula\u00e7\u00f5es Extrativistas, organiza\u00e7\u00e3o fundada por Chico Mendes, assassinado em 1988 por denunciar conflitos de terra e explora\u00e7\u00e3o ilegal de madeira.<\/b><\/p>\n
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No dia 27 de Maio foi tamb\u00e9m assassinado Adelino Ramos, activista que tinha vindo a denunciar a ac\u00e7\u00e3o de madeireiros na regi\u00e3o da fronteira entre os estados de Acre, Amaz\u00f3nia e Rond\u00f3nia. J\u00e1 no in\u00edcio desse m\u00eas, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov\u00e1veis) iniciou uma opera\u00e7\u00e3o no local, onde apreendeu madeira cortada e gado bovino que se encontrava em \u00e1reas legalmente protegidas, sendo que tal leva a crer que esse tenha sido o motivo de sua morte.<\/p>\n
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As eternas amea\u00e7as sobre a Amaz\u00f3nia<\/b><\/p>\n
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A maior amea\u00e7a \u00e0s florestas e \u00e0 biodiversidade no Brasil \u00e9, de acordo com ONGA\u00b4s brasileiras, a desfloresta\u00e7\u00e3o. Nessa perspectiva, o Minist\u00e9rio do Meio Ambiente Brasileiro, com diversas parcerias, entre elas algumas internacionais como a Uni\u00e3o Internacional para Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza (IUCN), j\u00e1 come\u00e7ou a mobilizar a sociedade civil para a elabora\u00e7\u00e3o de um plano brasileiro de implementa\u00e7\u00e3o das metas da CDB – Conven\u00e7\u00e3o sobre Diversidade Biol\u00f3gica. Por\u00e9m, conforme aponta o WWF Brasil, o cumprimento dos v\u00e1rios compromissos internacionais assumidos por este pa\u00eds, e a manuten\u00e7\u00e3o e conserva\u00e7\u00e3o das florestas e dos recursos naturais est\u00e3o em jogo com as altera\u00e7\u00f5es propostas no \u00e2mbito do novo C\u00f3digo Florestal.<\/p>\n
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Com efeito, a procura internacional de madeira, pasta de papel, carne e soja s\u00e3o o grande motor por detr\u00e1s da desfloresta\u00e7\u00e3o insustent\u00e1vel da Amaz\u00f3nia, Patrim\u00f3nio Mundial, e de outras zonas florestais de grande biodiversidade, e \u00e9 urgente uma ac\u00e7\u00e3o mais en\u00e9rgica da comunidade internacional para a resolu\u00e7\u00e3o destas quest\u00f5es.<\/p>\n
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Os apelos para o futuro<\/b><\/p>\n
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Neste Ano Internacional das Florestas, sob o lema \u201cFlorestas para Todos\u201d pela promo\u00e7\u00e3o de uma gest\u00e3o sustent\u00e1vel, e na v\u00e9spera do Rio + 20, \u00e9 importante relembrar os servi\u00e7os ambientais que estes ecossistemas prestam a toda a humanidade, definindo caminhos claros e marcando posi\u00e7\u00f5es para a sua conserva\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
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A Quercus (Portugal) e o Instituto Caracol (Brasil) lamentam profundamente as mortes agora ocorridas e exigem que estes crimes sejam investigados e n\u00e3o fiquem impunes. Apelam tamb\u00e9m \u00e0s autoridades e entidades governamentais do Brasil que mantenham, no \u00e2mbito das importantes op\u00e7\u00f5es legislativas em curso, uma postura de promo\u00e7\u00e3o, defesa e valoriza\u00e7\u00e3o da biodiversidade e da floresta. As duas Organiza\u00e7\u00f5es N\u00e3o-Governamentais de Ambiente v\u00eam tamb\u00e9m manifestar o seu apoio \u00e0s iniciativas de diversas organiza\u00e7\u00f5es e entidades governamentais brasileiras de promo\u00e7\u00e3o, defesa e valoriza\u00e7\u00e3o da biodiversidade, da floresta e concretamente da Floresta Amaz\u00f3nica, Patrim\u00f3nio Mundial.<\/p>\n
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A Quercus e o Instituto Caracol aproveitam tamb\u00e9m para, mais uma vez, defender a necessidade de uma total rastreabilidade da proveni\u00eancia das madeiras comerciais, de modo a que o consumidor possa dizer n\u00e3o \u00e0s madeiras n\u00e3o sustent\u00e1veis, provenientes da Amaz\u00f3nia ou de quaisquer outras florestas do mundo. \u00c9 fundamental que, em Portugal, as empresas importadoras de madeiras, nomeadamente do Brasil, bem como os retalhistas que vendem mobili\u00e1rio, pavimentos, etc, se interessem em garantir que a madeira que vendem, seja de proveni\u00eancia legal e sustent\u00e1vel.<\/p>\n
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As duas Associa\u00e7\u00f5es apelam ainda a uma maior consci\u00eancia e responsabilidade de cada cidad\u00e3o enquanto consumidor, de forma a n\u00e3o contribuir directamente ou indirectamente para a situa\u00e7\u00e3o insustent\u00e1vel que se vive na zona da Floresta Amaz\u00f3nica e em outras \u00e1reas florestais de grande biodiversidade, onde a press\u00e3o \u00e9 constante devido aos nossos h\u00e1bitos de consumo de carne, papel e madeira.<\/p>\n
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Lisboa, 2 de Junho de 2011<\/p>\n
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A Direc\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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