Iniciado formalmente um novo ciclo pol\u00edtico, a Quercus – ANCN, atrav\u00e9s do N\u00facleo da Quercus de Vila Real e Viseu, n\u00e3o poderia deixar de alertar os novos respons\u00e1veis pol\u00edticos nacionais para o atentado que se tem vindo a perpetrar contra o Douro Patrim\u00f3nio da Humanidade classificado pela UNESCO em 2001, na Foz do rio Tua.<\/b><\/p>\n
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A lament\u00e1vel ferida que se rasga na foz do rio Tua, com o in\u00edcio dos trabalhos de constru\u00e7\u00e3o da Barragem do Tua, \u00e9 j\u00e1 vis\u00edvel a quil\u00f3metros de dist\u00e2ncia, em diferentes locais de ambas as margens do Rio Douro.<\/p>\n
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A destrui\u00e7\u00e3o do Vale do Tua, do rio, da paisagem, da linha centen\u00e1ria, da identidade da regi\u00e3o a que se junta ainda o patrim\u00f3nio classificado pela UNESCO, \u00e9 no seu conjunto semelhante ao que aconteceu em Mar\u00e7o de 2001 \u00e0s est\u00e1tuas dos Buda de Baiyman, patrim\u00f3nio da Humanidade igualmente destru\u00eddo.<\/p>\n
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\u00c9 preciso repensar e inverter com urg\u00eancia a anunciada senten\u00e7a de morte do Vale do Tua e, nesse sentido, a Quercus apela aos novos decisores pol\u00edticos que revejam n\u00e3o s\u00f3 o projecto da Barragem de Foz Tua, mas todas as barragens\u00a0 do Plano Nacional de Barragens com Elevada Potencial Hidroel\u00e9ctrico (PNBEPH).<\/p>\n
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Com estas grandes constru\u00e7\u00f5es, nomeadamente a Barragem de Foz Tua, para al\u00e9m de perdas irrecuper\u00e1veis no que toca ao patrim\u00f3nio natural, cultural e humano, est\u00e1 tamb\u00e9m em causa a oportunidade de um desenvolvimento sustent\u00e1vel na regi\u00e3o, assente na agricultura e no turismo de natureza, cultural e ferrovi\u00e1rio.<\/p>\n
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No passado 10 de Junho, o Prof. Cavaco Silva, referia no seu discurso a necessidade de \u201cmudan\u00e7a de atitude, de desenvolver uma estrat\u00e9gia clara de revaloriza\u00e7\u00e3o do interior do pa\u00eds, incentivando e apoiando aqueles que aqui vivem e trabalham\u201d e ainda a \u201daposta na agricultura e no turismo.\u201d<\/p>\n
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Tal n\u00e3o poder\u00e1 acontecer enquanto os sucessivos governos, com o apoio cego das autarquias locais, continuarem a destruir o territ\u00f3rio, o seu patrim\u00f3nio \u00fanico, a sua identidade, promovendo o abandono e a migra\u00e7\u00e3o das suas gentes, a perda de refer\u00eancias locais e identit\u00e1rias, as fontes de riqueza, os servi\u00e7os, e entre muitos outros factores, tamb\u00e9m a motiva\u00e7\u00e3o e a auto-estima.<\/p>\n
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\u00c9 urgente alterar as pol\u00edticas energ\u00e9ticas e os conceitos de desenvolvimento\/progresso que se querem para o pa\u00eds; tendo como premissas a efici\u00eancia e a sustentabilidade, \u00e9 preciso caminhar para o equil\u00edbrio harmonioso entre o Homem e a Natureza. O Vale do Tua n\u00e3o pode ser sacrificado pelos interesses de alguns grupos econ\u00f3micos portugueses como sejam a EDP ou a Mota Engil.<\/p>\n
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\u00c9 urgente rever as concess\u00f5es e parcerias p\u00fablico privadas, tal como exige a `troika\u00b4 e como anunciado pelo novo Governo, sendo as barragens a 3\u00aa Parceria P\u00fablico Privada (PPP) mais cara para o pa\u00eds. E estimado que o custo total das novas barragens (durante a vida da concess\u00e3o) seria cerca de 15 000 milh\u00f5es Euros = 4600 \u20ac por fam\u00edlia [1].<\/p>\n
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O que ganha um pa\u00eds quando destr\u00f3i uma linha-f\u00e9rrea centen\u00e1ria que atravessa toda a regi\u00e3o uma regi\u00e3o interior que n\u00e3o tem outra alternativa que n\u00e3o uma futura auto-estrada com portagens? A Linha do Tua percorre Tr\u00e1s-os-Montes, lado a lado com um dos \u00faltimos rios livres de Portugal, serve as gentes locais, transporta milhares de turistas de todos os cantos do mundo e, com a sua liga\u00e7\u00e3o a Puebla de Sanabria e \u00e0 Alta velocidade Espanhola, poderia trazer a casa, pelo Ver\u00e3o e pelo Natal, milhares de emigrantes transmontanos.<\/p>\n
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O que ganha um pa\u00eds quando destr\u00f3i um vale milenar \u00fanico como o vale do Tua, para aumentar a sua produ\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica em algo t\u00e3o insignificante como\u00a0 0,7% [2]?<\/p>\n
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Os impactos da constru\u00e7\u00e3o desta barragem s\u00e3o irrevers\u00edveis e hipotecam para sempre o futuro de Tr\u00e1s-os-Montes. \u00c9 urgente um novo olhar para Tr\u00e1s-os-Montes e para o desenvolvimento transmontano, em particular, para o Vale do Tua.<\/p>\n
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Deste modo, o N\u00facleo Regional de Vila Real e Viseu da QUERCUS apela ao novo Governo de Portugal para que mande suspender as obras da barragem de Foz Tua para salvaguarda dos interesses locais e nacionais, bem como do Patrim\u00f3nio Mundial.<\/p>\n
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Vila Real, 1 de Julho de 2011<\/p>\n
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O N\u00facleo Regional de Vila Real e Viseu<\/p>\n
da Quercus – Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n
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[1] Memorandum- The Portuguese Dam Program: an economic and environmental disaster<\/p>\n
GEOTA, FAPAS, LPN, Quercus, CEAI, Aldeia, COAGRET, Flamingo \u2014 April 2011<\/p>\n
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[2] A capacidade de produ\u00e7\u00e3o prevista pelo Tua \u00e9 de 350 Gwh\/ ano o que corresponde \u00e1 menos de 0.7% dos 52.2\u00a0TWh el\u00e9ctricidade consumida em Portugal em 2010 (DGEG 2011).<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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