{"id":11906,"date":"2021-03-04T16:00:43","date_gmt":"2021-03-04T16:00:43","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=11906"},"modified":"2021-03-04T16:00:43","modified_gmt":"2021-03-04T16:00:43","slug":"financiamento-pela-industria-interfere-nos-estudos-sobre-alimentos-trangenicos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/04\/financiamento-pela-industria-interfere-nos-estudos-sobre-alimentos-trangenicos\/","title":{"rendered":"Financiamento pela ind\u00fastria interfere nos estudos sobre alimentos trang\u00e9nicos"},"content":{"rendered":"

Investigadores da Universidade Cat\u00f3lica Portuguesa publicaram um artigo cient\u00edfico* onde se verifica que interesses comerciais influenciaram publica\u00e7\u00f5es sobre os riscos para a sa\u00fade de alimentos geneticamente modificados. Est\u00e1 demonstrado que os interesses da ind\u00fastria t\u00eam repetidamente afastado a investiga\u00e7\u00e3o cient\u00edfica do seu primordial objectivo de difundir conhecimento independente.<\/b><\/p>\n

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Houve, no passado, sobretudo em investiga\u00e7\u00f5es sobre o tabaco, o \u00e1lcool e os medicamentos, claros ind\u00edcios de perigos para a sa\u00fade p\u00fablica que foram encobertos, enquanto eram exageradas as vantagens ou inocuidade publicadas em estudos que recebiam dinheiro de multinacionais, ou elaborados por cientistas funcion\u00e1rios dessas multinacionais.<\/p>\n

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O sector das sementes geneticamente modificadas tem enorme potencial comercial, exigindo investimentos econ\u00f3micos extraordin\u00e1rios. Gualter Baptista, porta-voz da Plataforma Transg\u00e9nicos Fora, esclarece: “Na procura dos lucros, estas ind\u00fastrias n\u00e3o se abstiveram de praticar a intimida\u00e7\u00e3o, tentando desacreditar cientistas cr\u00edticos e, simultaneamente, impedir avalia\u00e7\u00f5es de riscos independentes.” O estudo agora publicado por investigadores portugueses \u00e9, pois, muito oportuno, e esclarece ainda uma outra dimens\u00e3o deste assunto:\u00a0o facto de os estudos financiados pela ind\u00fastria ou envolvendo cientistas empregados pela ind\u00fastria produzirem tendencialmente conclus\u00f5es favor\u00e1veis \u00e0 comercializa\u00e7\u00e3o do produto<\/b>, ao contr\u00e1rio das conclus\u00f5es a que se chega em estudos n\u00e3o dependentes desse condicionamento financeiro.<\/p>\n

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O estudo mostra igualmente que mais de metade (52%) dos 94 artigos analisados n\u00e3o indicaram a fonte de financiamento e, mais importante ainda, que nestes artigos pelo menos um dos autores tinha liga\u00e7\u00f5es \u00e0 ind\u00fastria (73% do total). Por outro lado, em 84% dos artigos em que o financiamento era indicado nenhum dos autores tinha liga\u00e7\u00f5es \u00e0 ind\u00fastria. Al\u00e9m disso, confirmou-se que nos artigos que n\u00e3o indicaram a fonte de financiamento foi maior a frequ\u00eancia de conclus\u00f5es favor\u00e1veis \u00e0 ind\u00fastria. \u00c9 evidente que os estudos ligados \u00e0 ind\u00fastria n\u00e3o t\u00eam como objectivo colocar a ci\u00eancia e a tecnologia acima dos interesses privados.”<\/p>\n

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At\u00e9 a Autoridade Europeia para a Seguran\u00e7a dos Alimentos (EFSA, na sigla inglesa) da Uni\u00e3o Europeia (UE), cuja tarefa \u00e9, precisamente, a avalia\u00e7\u00e3o independente da seguran\u00e7a dos organismos geneticamente modificados (OGM), inclui membros com liga\u00e7\u00f5es \u00e0 ind\u00fastria. Felizmente, a EFSA foi publicamente confrontada com os seus casos de conflito de interesses”, acrescenta Gualter Baptista.<\/p>\n

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Assim, no contexto das negocia\u00e7\u00f5es em curso sobre a reforma da EFSA, \u00e9 necess\u00e1rio que:<\/b><\/p>\n

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