{"id":11771,"date":"2021-03-04T15:47:18","date_gmt":"2021-03-04T15:47:18","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=11771"},"modified":"2021-03-04T15:47:18","modified_gmt":"2021-03-04T15:47:18","slug":"menos-300-milhoes-de-euros-ano-na-saude-e-menos-13-mil-milhoes-de-euros-no-comercio-de-emissoes","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/04\/menos-300-milhoes-de-euros-ano-na-saude-e-menos-13-mil-milhoes-de-euros-no-comercio-de-emissoes\/","title":{"rendered":"Menos 300 milh\u00f5es de euros\/ano na sa\u00fade | e | Menos 1,3 mil milh\u00f5es de euros no com\u00e9rcio de emiss\u00f5es"},"content":{"rendered":"

De acordo com a Organiza\u00e7\u00e3o Meteorol\u00f3gica Mundial e o NOAA (National Oceanographic and Atmospheric Association), est\u00e1 provado que 2010 foi o ano mais quente desde que j\u00e1 registos de temperatura. De facto oito dos dez anos mais quentes ocorreram desde o ano 2000. No \u00faltimo ano (2010) e no in\u00edcio de 2011, o mundo e tamb\u00e9m Portugal (em particular na regi\u00e3o Oeste e na Madeira), assistiu a um grande n\u00famero de eventos extremos com elevados custos econ\u00f3micos e sociais.<\/b><\/p>\n

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A \u00faltima Confer\u00eancia em Canc\u00fan retomou o caminho negocial ap\u00f3s o desaire de Copenhaga. Por\u00e9m, de acordo com o Programa das Na\u00e7\u00f5es Unidas para o ambiente, as actuais redu\u00e7\u00f5es assumidas ou prometidas, incluindo as da Uni\u00e3o europeia, ficam profundamente abaixo do que \u00e9 necess\u00e1rio para limitar os piores impactes das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas.<\/p>\n

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Em Maio de 2010 a Comiss\u00e3o Europeia investigou os efeitos de uma decis\u00e3o unilateral de reduzir as emiss\u00f5es em 30% (para o per\u00edodo entre 1990 e 2020). Concluiu-se que tal decis\u00e3o criaria empregos verdes e inova\u00e7\u00e3o, reduziria os custos de energia e a depend\u00eancia externa existente, e mitigaria os problemas de sa\u00fade relacionados com a polui\u00e7\u00e3o do ar.<\/p>\n

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A Quercus divulga hoje um estudo da Rede Europeia de Ac\u00e7\u00e3o Clim\u00e1tica de que faz parte (ver documento PDF em anexo), mostrando as evid\u00eancias a favor da passagem de uma redu\u00e7\u00e3o de 20% para 30% das emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa entre 1990 e 2020.<\/p>\n

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Principais conclus\u00f5es do estudo<\/b><\/p>\n

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– Aumentar as metas de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es de 20% para 30% custaria apenas entre 0.2% e 0.3% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo uma an\u00e1lise econ\u00f3mica adicional feita recentemente pela Ecofys e outras entidades, uma meta de redu\u00e7\u00e3o de 30% conduziria a ganhos de 10% at\u00e9 2050, no que respeita ao n\u00edvel do PIB. Isto mostra que a aposta numa ac\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica forte \u00e9, neste momento, uma garantia para o futuro econ\u00f3mico da Europa.<\/p>\n

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– A actual meta europeia de 20% at\u00e9 2020 est\u00e1 entre as mais \u201cbaratas\u201d (em termos de percentagem do PIB), em compara\u00e7\u00e3o com o custo dos objectivos menos ambiciosos na maioria das grandes economias n\u00e3o europeias. Isto coloca sob uma nova perspectiva a necessidade das metas europeias serem as mais ambiciosas.<\/p>\n

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– Devido ao colapso do pre\u00e7o do carbono, os governos europeus est\u00e3o agora em risco de perder quase 70 mil milh\u00f5es de euros em receitas (no per\u00edodo 2013-2020) decorrentes da venda em leil\u00e3o das licen\u00e7as de emiss\u00e3o.<\/p>\n

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– Actualmente, as eco-ind\u00fastrias europeias empregam cerca de 3,4 milh\u00f5es de Equivalentes em Tempo Integral (FTE, na sigla em ingl\u00eas), o que representa dez vezes mais em rela\u00e7\u00e3o ao emprego directo assegurado pelo sector sider\u00fargico da Uni\u00e3o Europeia (UE) em 2007. Estes sectores representam 2,5% do PIB da UE, um peso significativamente maior do que a contribui\u00e7\u00e3o das ind\u00fastrias europeias do a\u00e7o (1,4% do PIB da UE). Al\u00e9m disso, as empresas europeias ocupam 30% das quotas de mercado globais das \u201cind\u00fastrias\u201d verdes. No que toca apenas ao sector das energias renov\u00e1veis, estamos a falar de quase 40% das quotas de mercado a n\u00edvel mundial.<\/p>\n

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– Em 2005, o emprego directo e indirecto no sector europeu da energia renov\u00e1vel atingiu quase 1,4 milh\u00f5es de postos de trabalho. Num cen\u00e1rio de 30% de redu\u00e7\u00e3o, \u00e9 esperado um acr\u00e9scimo substancial a esta soma. Segundo a Comiss\u00e3o Europeia, seria um aumento na ordem dos 2 milh\u00f5es de postos de trabalho directos e indirectos at\u00e9 2020.<\/p>\n

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– Nos sectores do a\u00e7o, do cimento e do papel, existem tecnologias que s\u00e3o capazes de reduzir as emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa\u00a0 (GEE) em 80% ou mais. A maior parte dessas tecnologias est\u00e3o agora em fase piloto ou perto de ser aplicadas em projectos demonstrativos de pequena escala, esperando-se que atinjam a maturidade comercial nos pr\u00f3ximos 10 a 20 anos.<\/p>\n

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– Segundo a Comiss\u00e3o Europeia, a mudan\u00e7a para uma meta dom\u00e9stica de redu\u00e7\u00e3o de 30%\u00a0 traduzir-se-ia numa poupan\u00e7a em termos de importa\u00e7\u00f5es de petr\u00f3leo e g\u00e1s na ordem dos 14,1 mil milh\u00f5es de euros por ano at\u00e9 2020. A poupan\u00e7a total, em compara\u00e7\u00e3o com o cen\u00e1rio de refer\u00eancia, ascende aos 45,5 mil milh\u00f5es de euros. Estes valores est\u00e3o provavelmente subestimados, uma vez que s\u00e3o calculados tendo em considera\u00e7\u00e3o um pre\u00e7o de importa\u00e7\u00e3o do petr\u00f3leo bruto de 88,4 d\u00f3lares por barril em 2020, enquanto agora, num per\u00edodo de recupera\u00e7\u00e3o econ\u00f3mica, esse custo j\u00e1 est\u00e1 acima dos 90 d\u00f3lares por barril e em tend\u00eancia crescente.<\/p>\n

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Impactes em Portugal \u2013 perda de receitas no com\u00e9rcio de emiss\u00f5es e custos para a sa\u00fade<\/b><\/p>\n

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H\u00e1 um importante efeito econ\u00f3mico colateral ao reduzir as emiss\u00f5es actuais e projectadas na sequ\u00eancia da crise econ\u00f3mica. Em 2008, a Comiss\u00e3o Europeia esperava um pre\u00e7o de licen\u00e7as de emiss\u00e3o do Com\u00e9rcio Europeu de Licen\u00e7as de Emiss\u00e3o (CELE) de cerca de \u20ac 30 por tonelada de CO2 at\u00e9 2020, num cen\u00e1rio de\u00a0 redu\u00e7\u00e3o de 20%. Em 2010, devido \u00e0s novas circunst\u00e2ncias econ\u00f3micas, o pre\u00e7o esperado de carbono foi praticamente reduzido para metade. Os governos europeus est\u00e3o agora em risco de perder quase 70 mil milh\u00f5es de euros em\u00a0 receitas (no per\u00edodo 2013-2020) a partir do leil\u00e3o das licen\u00e7as de emiss\u00e3o devido a este colapso do pre\u00e7o do carbono.<\/p>\n

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Para Portugal, est\u00e1 em jogo uma perda de receita de 1,3 mil milh\u00f5es de euros no per\u00edodo entre 2013 e 2020. Apenas criando mais escassez no CELE, os governos conseguiriam recuperar essas potenciais perdas potenciais. Isto requer uma mudan\u00e7a para uma meta de redu\u00e7\u00e3o de 30%. Segundo a Comiss\u00e3o Europeia, \u00e9 necess\u00e1rio um corte de 1,4 gigatoneladas nas licen\u00e7as de emiss\u00e3o para os sectores industriais do CELE, no per\u00edodo 2013-2020, para tornar o montante de emiss\u00f5es no mercado coerente com uma meta de redu\u00e7\u00e3o de 30%. Um tal corte iria, ao mesmo tempo, restaurar a receitas de leil\u00f5es esperadas para os governos da UE.<\/p>\n

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A Alian\u00e7a Sa\u00fade e Ambiente (HEAL, na sigla em ingl\u00eas) e Sa\u00fade sem Danos \u2013 Europa (HCWHE, na sigla em ingl\u00eas) estimam que os benef\u00edcios m\u00e1ximos adicionais de subir a meta de redu\u00e7\u00e3o de 20% para 30% variam entre 14,6 e 30,5 mil milh\u00f5es de euros por ano at\u00e9 2050. Se incluirmos os benef\u00edcios para a sa\u00fade de uma melhor qualidade do ar nos custos para atingir as metas europeias at\u00e9 2020, um objectivo de redu\u00e7\u00e3o de 30% torna-se ainda mais atraente em termos de benef\u00edcios para a Europa. Para Portugal a poupan\u00e7a nos custos de sa\u00fade atingiria os 300 milh\u00f5es de euros por ano.<\/p>\n

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Quercus quer que Governo Portugu\u00eas apoie decis\u00e3o da UE para meta de 30%<\/b><\/p>\n

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A Quercus considera indispens\u00e1vel que o Governo Portugu\u00eas clarifique a sua posi\u00e7\u00e3o, anunciando se concorda com o estabelecimento desta nova meta e se ir\u00e1, \u00e0 semelhan\u00e7a de pa\u00edses como a Espanha, Fran\u00e7a ou Reino Unido, defender activamente este passo decisivo da Uni\u00e3o Europeia em prol do ambiente, da economia, dos benef\u00edcios sociais alcan\u00e7\u00e1veis e ainda da redu\u00e7\u00e3o das consequ\u00eancias negativas decorrentes das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas.<\/p>\n

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Lisboa, 17 de Fevereiro de 2011<\/p>\n

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A Direc\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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