{"id":11769,"date":"2021-03-04T15:47:23","date_gmt":"2021-03-04T15:47:23","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=11769"},"modified":"2021-03-04T15:47:23","modified_gmt":"2021-03-04T15:47:23","slug":"fortes-impactos-para-curtos-beneficios","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/04\/fortes-impactos-para-curtos-beneficios\/","title":{"rendered":"Fortes Impactos para Curtos Benef\u00edcios"},"content":{"rendered":"

A primeira pedra da barragem da Foz do Tua simboliza a pedra que se quer colocar em cima de um defunto aquando do seu enterro. Simboliza o desejo pela morte do Turismo do Tua, da biodiversidade do Vale, do Desenvolvimento Sustent\u00e1vel, do Patrim\u00f3nio Humano, Cultural e Arquitect\u00f3nico e da Linha do Tua com mais de 123 anos de Hist\u00f3ria. Demonstra ainda o desrespeito pelo passado e o \u201cn\u00e3o querer saber\u201d do futuro. O desrespeito pela identidade da regi\u00e3o.<\/b><\/p>\n

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A Quercus lembra que a futura barragem, a ser constru\u00edda, produzir\u00e1 o equivalente a 0,07% da energia el\u00e9ctrica consumida em Portugal em 2006 (Dados da Rede El\u00e9ctrica Nacional).<\/p>\n

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Esta barragem afectar\u00e1 de modo irremedi\u00e1vel o Patrim\u00f3nio Natural do Vale do Tua, um dos mais bem conservados de Portugal. Afectar\u00e1 tamb\u00e9m de forma irrevers\u00edvel a paisagem Patrim\u00f3nio Mundial do Douro Vinhateiro.<\/p>\n

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A constru\u00e7\u00e3o desta barragem:<\/b><\/p>\n

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– viola a Directiva Quadro da \u00c1gua, por destrui\u00e7\u00e3o da qualidade da \u00e1gua<\/p>\n

– acaba com a linha do Tua e com a acessibilidade ferrovi\u00e1ria ao nordeste<\/p>\n

– ir\u00e1 afectar muito negativamente os \u00faltimos dois pilares de desenvolvimento da Regi\u00e3o de Tr\u00e1s-os-Montes e Alto Douro: a Agricultura e o Turismo. Recorde-se que estas duas actividades n\u00e3o s\u00e3o deslocaliz\u00e1veis e de alto valor acrescentado.<\/p>\n

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Se barragens fossem sin\u00f3nimo de riqueza e emprego, esta regi\u00e3o seria uma das mais ricas e teria taxas de desemprego mais baixas da Europa. Contudo, tal n\u00e3o se verifica, bem pelo contr\u00e1rio.<\/p>\n

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A regi\u00e3o de Tr\u00e1s-os-Montes e Alto Douro est\u00e1 a ficar cada mais pobre e despovoada, sendo que a concretiza\u00e7\u00e3o deste empreendimento s\u00f3 ir\u00e1 agravar a situa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

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A estimativa do custo do Plano Nacional de Barragens \u00e9 de 7.000 milh\u00f5es de euros a ser pagos pelos consumidores – em vez de um investimento em alternativas energ\u00e9ticas que custariam somente 360 milh\u00f5es de euros para obter os mesmos benef\u00edcios em termos de protec\u00e7\u00e3o da clima e de independ\u00eancia energ\u00e9tica\u00a0[1]<\/sup>.<\/p>\n

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Ver interven\u00e7\u00e3o na RTP:\u00a0<\/b>aqui<\/b><\/a><\/p>\n

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Vila Real, 18 de Fevereiro de 2011<\/p>\n

O N\u00facleo Regional de Vila Real da<\/p>\n

Quercus – Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n

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[1] – As novas grandes barragens requerem um investimento de 3600\u00a0M\u20ac, implicando custos futuros com horizontes de concess\u00e3o at\u00e9 75 (setenta e cinco) anos. Somando ao investimento inicial os encargos financeiros, manuten\u00e7\u00e3o e lucro das empresas el\u00e9ctricas, dentro de tr\u00eas quartos de s\u00e9culo as nove barragens ter\u00e3o custado aos consumidores e contribuintes portugueses n\u00e3o menos de 7000\u00a0M\u20ac \u2013 mais um encargo brutal em cima dos que j\u00e1 se anunciam por for\u00e7a da crise e em cima dos custos de deficit tarif\u00e1rio el\u00e9ctrico que neste momento atinge cerca de 1800\u00a0M\u20ac.<\/p>\n

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A mesma quantidade de electricidade que as barragens viriam a gerar pode ser poupada com medidas de uso eficiente da energia, na ind\u00fastria e nos edif\u00edcios, com investimentos 10 (dez) vezes mais baixos, na casa dos 360\u00a0M\u20ac, com per\u00edodos de retorno at\u00e9 tr\u00eas anos, portanto economicamente positivas para as fam\u00edlias e as empresas. Estas estimativas foram feitas por :<\/p>\n

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– Madeira A, Melo JJ (2003). Caracteriza\u00e7\u00e3o do potencial de conserva\u00e7\u00e3o de energia el\u00e9ctrica em Portugal. VII Congresso Nacional de Engenharia do Ambiente. APEA, Lisboa, 6-7 Novembro 2003<\/p>\n

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