{"id":11496,"date":"2021-03-03T20:20:13","date_gmt":"2021-03-03T20:20:13","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=11496"},"modified":"2021-03-03T20:20:13","modified_gmt":"2021-03-03T20:20:13","slug":"visita-da-ministra-do-ambiente-do-governo-federal-de-alberta-canada-quercus-exige-que-portugal-nao-apoie-combustiveis-poluentes","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/visita-da-ministra-do-ambiente-do-governo-federal-de-alberta-canada-quercus-exige-que-portugal-nao-apoie-combustiveis-poluentes\/","title":{"rendered":"Visita da Ministra do Ambiente do Governo Federal de Alberta, Canad\u00e1: Quercus exige que Portugal n\u00e3o apoie combust\u00edveis poluentes"},"content":{"rendered":"

A Quercus teve conhecimento de que amanh\u00e3, quinta-feira, dia 17 janeiro, a Ministra do Ambiente e Desenvolvimento dos Recursos Renov\u00e1veis do Governo Federal de Alberta (Canad\u00e1), Diana McQueen, estar\u00e1 de visita a Portugal para reuni\u00f5es sobre assuntos de pol\u00edtica energ\u00e9tica e ambiental. Ao que a Quercus conseguiu apurar, n\u00e3o est\u00e3o \u00e0 partida previstas reuni\u00f5es diretas com Ministros ou Secret\u00e1rios de Estado do Governo de Portugal, desconhecendo-se no entanto o conte\u00fado da agenda. Sobre a mesa, dever\u00e1 estar o interesse do Canad\u00e1 na extra\u00e7\u00e3o de combust\u00edveis f\u00f3sseis com elevado carbono, como as areias betuminosas (tar sands<\/i>, em ingl\u00eas), um assunto pol\u00e9mico, j\u00e1 que a Comiss\u00e3o Europeia (CE) pretende legislar no sentido de desincentivar o uso de fontes de energia mais poluentes, nomeadamente, nos transportes.<\/b><\/p>\n

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O Governo Federal de Alberta iniciou uma batalha de negocia\u00e7\u00f5es com a Uni\u00e3o Europeia (UE) em 2009, quando a UE adotou a Diretiva sobre a Qualidade dos Combust\u00edveis (em ingl\u00eas, a \u201cFuel Quality Directive\u201d, FQD) para reduzir a emiss\u00e3o de gases com efeito de estufa (GEE) no sector dos transportes. Esta Diretiva \u00e9 particularmente importante na estrat\u00e9gia de redu\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es de GEE na UE neste sector, uma vez que obriga as empresas que comercializam combust\u00edveis no mercado europeu a reduzir em 6% a pegada de carbono dos produtos que comercializam (gasolina e gas\u00f3leo) at\u00e9 2020.<\/p>\n

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Um estudo realizado para a CE pela Universidade de Stanford aponta que a extra\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo a partir de areias betuminosas pode emitir mais 23% de GEE do que o petr\u00f3leo convencional. Em Outubro de 2011, a CE elaborou uma proposta para a ado\u00e7\u00e3o de um regulamento no \u00e2mbito da implementa\u00e7\u00e3o da Diretiva FQD, o qual vinha introduzir valores por defeito de emiss\u00e3o de GEE para os v\u00e1rios combust\u00edveis f\u00f3sseis, permitindo distinguir combust\u00edveis com elevados teores em carbono das fontes convencionais de petr\u00f3leo, penalizando a extra\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo a partir de areais betuminosas.<\/p>\n

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Sabendo a Quercus que Portugal se tem abstido de tomar uma posi\u00e7\u00e3o clara e inequ\u00edvoca quanto a esta proposta da Comiss\u00e3o Europeia, e dividida entre o Minist\u00e9rio do Ambiente e o Minist\u00e9rio da Economia, \u00e9 fundamental que as entidades com quem a Sra. Ministra do Ambiente de Alberta ir\u00e1 reunir n\u00e3o cedam aos seus apelos para ignorar o estado da ci\u00eancia sobre os impactes ambientais associados \u00e0 extra\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo a partir de areias betuminosas. Os interesses econ\u00f3micos do Canad\u00e1 – que recentemente anunciou a sua sa\u00edda do Protocolo de Quioto – e da ind\u00fastria petrol\u00edfera, que visa exportar para a Europa gasolina e gas\u00f3leo altamente poluentes, n\u00e3o podem falar mais alto e comprometer a lideran\u00e7a da UE em mat\u00e9ria de pol\u00edtica energ\u00e9tica e clim\u00e1tica.<\/b><\/p>\n

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As areias betuminosas s\u00e3o uma forma de combust\u00edvel f\u00f3ssil, de elevado teor em carbono, constitu\u00eddo por misturas naturais de areia ou argila, \u00e1gua e betume. S\u00e3o abundantes em diversas partes do mundo, mas podem ser encontradas em quantidades elevadas no Canad\u00e1 e na Venezuela, estando em curso avultados investimentos para explorar este tipo de petr\u00f3leo n\u00e3o convencional, em especial no Canad\u00e1. Depois da Ar\u00e1bia Saudita e a Venezuela, o Canad\u00e1 tem as maiores reservas mundiais de crude, localizadas sobretudo na zona de Alberta, na forma de areias betuminosas. Outro tipo de combust\u00edvel f\u00f3ssil n\u00e3o convencional \u00e9 o g\u00e1s de xisto, uma forma de g\u00e1s natural,\u00a0abundante em territ\u00f3rios antes considerados pobres em fontes de petr\u00f3leo ou dependentes de importa\u00e7\u00f5es: a China, Estados Unidos, Argentina, M\u00e9xico, \u00c1frica do Sul e Austr\u00e1lia encabe\u00e7am a lista dos pa\u00edses com maiores reservas mundiais deste recurso.<\/b><\/p>\n

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Para al\u00e9m das emiss\u00f5es significativas de GEE (sobretudo metano, CH4<\/sub>, e di\u00f3xido de carbono, CO2<\/sub>), outros impactes ambientais est\u00e3o associados \u00e0 explora\u00e7\u00e3o destas fontes de petr\u00f3leo e g\u00e1s natural n\u00e3o convencional, como as altera\u00e7\u00f5es de uso do solo, o risco de contamina\u00e7\u00e3o de solos e \u00e1guas (subterr\u00e2neas e superficiais), a polui\u00e7\u00e3o do ar a n\u00edvel local, e o aumento do risco de sismicidade, associado ao m\u00e9todo de extra\u00e7\u00e3o (como o \u201cfracking\u201d, no caso do g\u00e1s de xisto)(2)<\/sup>. Por outro lado, a aposta em combust\u00edveis f\u00f3sseis mais poluentes em detrimento das energias renov\u00e1veis, mais limpas e seguras, \u00e9 por si s\u00f3 um investimento errado para o futuro da UE.<\/p>\n

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Francisco Ferreira, da Quercus, disse: \u201c\u00c9 muito importante que o Governo Portugu\u00eas mantenha a ambi\u00e7\u00e3o e a aposta sobre a efici\u00eancia energ\u00e9tica e energias renov\u00e1veis para descarbonizar a economia, em vez de apostar em combust\u00edveis f\u00f3sseis, de grande impacte clim\u00e1tico. Este \u00e9 o caminho certo para aumentar a nossa independ\u00eancia energ\u00e9tica e n\u00e3o a substitui\u00e7\u00e3o do consumo de combust\u00edveis f\u00f3sseis importados de pa\u00edses politicamente inst\u00e1veis (como a Arg\u00e9lia) pela importa\u00e7\u00e3o de outros combust\u00edveis f\u00f3sseis mais poluentes, que prov\u00e9m de pa\u00edses politicamente mais est\u00e1veis (como o Canad\u00e1). Portugal deve apoiar a Uni\u00e3o Europeia no sentido de regulamentar as emiss\u00f5es de GEE de todos os combust\u00edveis f\u00f3sseis, em todo o seu ciclo de vida, desde a extra\u00e7\u00e3o ao consumo.\u201d<\/p>\n

Lisboa, 16 de janeiro de 2013<\/p>\n

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A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da<\/p>\n

Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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