{"id":11332,"date":"2021-03-03T19:53:48","date_gmt":"2021-03-03T19:53:48","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=11332"},"modified":"2021-03-03T19:53:48","modified_gmt":"2021-03-03T19:53:48","slug":"alteracoes-climaticas-um-futuro-dramatico-para-portugal-e-para-o-planeta-mas-que-ainda-pode-ser-minimizado","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/alteracoes-climaticas-um-futuro-dramatico-para-portugal-e-para-o-planeta-mas-que-ainda-pode-ser-minimizado\/","title":{"rendered":"Altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas: um futuro dram\u00e1tico para Portugal e para o planeta, mas que ainda pode ser minimizado"},"content":{"rendered":"

O Painel Intergovernamental de Cientistas para as Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas (IPCC) divulgou a 27 de Setembro o mais importante relat\u00f3rio cient\u00edfico sobre a ci\u00eancia clim\u00e1tica. A conclus\u00e3o \u00e9 un\u00e2nime: as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas est\u00e3o a acontecer, o maior causador s\u00e3o as atividades humanas. As previs\u00f5es devem deixar-nos muito preocupados, mas ainda \u00e9 poss\u00edvel evitar o pior.<\/strong><\/p>\n

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Este 5\u00ba relat\u00f3rio foi elaborado por mais de 800 cientistas e beneficia de modela\u00e7\u00e3o mais avan\u00e7ada e de uma maior compreens\u00e3o sobre as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas por compara\u00e7\u00e3o com relat\u00f3rios anteriores. Hoje foi lan\u00e7ado o relat\u00f3rio relativo ao grupo de trabalho sobre ci\u00eancia clim\u00e1tica. Durante 2014, ser\u00e3o lan\u00e7ados os relat\u00f3rios relativos aos outros grupos de trabalho sobre impactes das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas (em mar\u00e7o 2014) e mitiga\u00e7\u00e3o das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas (abril de 2014). Em outubro de 2014, ser\u00e1 lan\u00e7ado, por \u00faltimo, o relat\u00f3rio global de s\u00edntese.<\/p>\n

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O relat\u00f3rio sobre ci\u00eancia clim\u00e1tica, hoje divulgado, aborda diversos aspetos, entre eles a velocidade atual e futura a que o planeta est\u00e1 a aquecer, os impactes sobre as comunidades e biodiversidade e as principais medidas de mitiga\u00e7\u00e3o e adapta\u00e7\u00e3o \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas.<\/p>\n

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Consequ\u00eancias graves<\/strong><\/p>\n

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As principais conclus\u00f5es apontadas pelo relat\u00f3rio e selecionadas pela Quercus s\u00e3o as seguintes:<\/p>\n

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– Devido aos avan\u00e7os da ci\u00eancia do clima e da modela\u00e7\u00e3o, estamos mais certo do que nunca que os seres humanos s\u00e3o respons\u00e1veis \u200b\u200bpela maior parte do aquecimento global e seus impactos. As emiss\u00f5es de carbono s\u00e3o respons\u00e1veis por todo o aquecimento nos \u00faltimos 60 anos. O aumento da temperatura global poder\u00e1 atingir 4,8 graus Celsius entre os per\u00edodos 1986-2005 e 2081-2100.<\/p>\n

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– As altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas est\u00e3o a conduzir a mais fen\u00f3menos extremos: ondas de calor, chuvas intensas e subida do n\u00edvel do mar (poder\u00e1 atingir 98 cm entre 1986-2005 e 2100).<\/p>\n

– Os impactes ambientais est\u00e3o a acelerar: as camadas de gelo est\u00e3o a derreter muito mais rapidamente, o aumento do n\u00edvel do mar est\u00e1 a acelerar e o gelo do mar \u00c1rtico est\u00e1 a desaparecer a um ritmo surpreendente.<\/p>\n

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– Os oceanos t\u00eam absorvido uma grande quantidade de CO2, o que est\u00e1 a causar um aumento da acidez que pode perturbar de forma catastr\u00f3fica toda a cadeia alimentar marinha.<\/p>\n

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Aspetos mais pertinentes para Portugal<\/strong><\/p>\n

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Apesar de os dados mais precisos \u00e0s escalas regionais s\u00f3 virem a ser divulgados oficialmente na pr\u00f3xima segunda-feira, sabe-se desde j\u00e1 que para pa\u00edses do Sul da Europa e da zona Mediterr\u00e2nica, as perspetivas s\u00e3o dram\u00e1ticas: menos chuvas mas mais concentradas no tempo e associadas a cheias, mais fogos, custos muito elevados para combater a subida do n\u00edvel do mar, menor produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola, maior pobreza e uma enorme perda de biodiversidade.<\/p>\n

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\nQuest\u00f5es cruciais<\/strong><\/p>\n

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H\u00e1 uma pausa recente no aquecimento global?<\/p>\n

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Este relat\u00f3rio diz que o aquecimento global combinado de oceanos e atmosfera tem continuado a aumentar sem parar. O aquecimento do ar \u00e0 superf\u00edcie diminuiu recentemente, porque o calor foi antes absorvido pelo oceano mas ir\u00e1 voltar para a atmosfera em poucos anos. \u00c9 um ciclo que ocorreu v\u00e1rias vezes ao longo das \u00faltimas d\u00e9cadas. A trajet\u00f3ria de longo prazo permanece a mesma.<\/p>\n

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Os modelos usados n\u00e3o est\u00e3o errados? N\u00e3o houve uma sobrestima\u00e7\u00e3o do aquecimento recente?<\/p>\n

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Este relat\u00f3rio observa que os modelos est\u00e3o certos no panorama e tend\u00eancia globais. Por vezes, os modelos n\u00e3o preveem flutua\u00e7\u00f5es de curto prazo, como a recente desacelera\u00e7\u00e3o do aquecimento das temperaturas da superf\u00edcie. Isto \u00e9 eles consideram a lentid\u00e3o do aquecimento em determinados per\u00edodos, mas podem n\u00e3o acertar no per\u00edodo exato em que tal acontece. O relat\u00f3rio diz-nos que, a longo prazo, os modelos correspondem \u00e0 tend\u00eancia observada a longo prazo no aquecimento das temperaturas \u00e0 superf\u00edcie.<\/p>\n

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O que dizer sobre a revis\u00e3o da “sensibilidade clim\u00e1tica”?<\/p>\n

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Infelizmente, a revis\u00e3o da chamada “sensibilidade clim\u00e1tica” \u00e9 pequena e n\u00e3o muda o fundamental: as emiss\u00f5es est\u00e3o a subir rapidamente para o cen\u00e1rio pior, que ser\u00e1 catastr\u00f3fico, n\u00e3o importando assim o n\u00edvel exato de sensibilidade clim\u00e1tica. Por outro lado, a boa not\u00edcia \u00e9 esta revis\u00e3o aumentar a nossa confian\u00e7a de que podemos manter o aquecimento abaixo do limiar de 2 graus se estivermos no caminho certo, isto \u00e9, n\u00e3o \u00e9 inevit\u00e1vel ultrapassar esse limite nos pr\u00f3ximos anos.<\/p>\n

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Este relat\u00f3rio considera que n\u00e3o h\u00e1 nenhuma liga\u00e7\u00e3o entre a seca e a mudan\u00e7a clim\u00e1tica?<\/p>\n

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O relat\u00f3rio observa que a seca tem aumentado em v\u00e1rias regi\u00f5es. O relat\u00f3rio tamb\u00e9m constata que a precipita\u00e7\u00e3o aumentou noutras regi\u00f5es. Essas mudan\u00e7as anulam-se quando se toma uma vis\u00e3o global, sendo que a uma escala regional h\u00e1 um claro aumento na seca.<\/p>\n

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Confer\u00eancia das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre clima em Vars\u00f3via \u00e9 pr\u00f3ximo momento decisivo<\/strong><\/p>\n

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O relat\u00f3rio agora divulgado lan\u00e7a para a discuss\u00e3o pol\u00edtica que ir\u00e1 acontecer em novembro, em Vars\u00f3via, um dado muito importante: h\u00e1 um limite \u00e0 emiss\u00e3o de di\u00f3xido de carbono (CO2) para o aquecimento do planeta n\u00e3o exceder 2o Celsius. Neste momento, j\u00e1 us\u00e1mos mais de metade do CO2 que podemos. O relat\u00f3rio tra\u00e7a um caminho claro para evitar altera\u00e7\u00f5es catastr\u00f3ficas. Temos que come\u00e7ar a diminuir as emiss\u00f5es, com cortes significativos nos pr\u00f3ximos anos, eventualmente, baixando as emiss\u00f5es nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas para zero.<\/p>\n

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A 11 de novembro de 2013, em Vars\u00f3via, os l\u00edderes mundiais estar\u00e3o reunidos na Cimeira anual convocada pelo secret\u00e1rio-geral da ONU Ban Ki Moon para enfrentar a atual “amea\u00e7a ao desenvolvimento, \u00e0 estabilidade dos pa\u00edses e economias e \u00e0 sa\u00fade do planeta”.<\/p>\n

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Os governos devem criar mais fundos para aumentar a resili\u00eancia e o apoio \u00e0s comunidades vulner\u00e1veis \u200b\u200bque j\u00e1 sofrem os impactes das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. Mais recursos estariam dispon\u00edveis se os governos eliminassem os subs\u00eddios atribu\u00eddos aos combust\u00edveis f\u00f3sseis e, em vez disso, estimulassem o acesso \u00e0s energias limpas e renov\u00e1veis para todos.<\/p>\n

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A garantia por um futuro clim\u00e1tico seguro ser\u00e1 poss\u00edvel se os governos desviarem os investimentos de desenvolvimento tecnol\u00f3gico de novos processos de extra\u00e7\u00e3o de combust\u00edveis f\u00f3sseis (g\u00e1s de xisto e areias betuminosas) para a energia limpa e renov\u00e1vel, bem como para solu\u00e7\u00f5es inovadoras sobre formas mais eficientes de utiliza\u00e7\u00e3o de energia. As solu\u00e7\u00f5es existem e tomar medidas faz sentido, proporcionando importantes benef\u00edcios para as comunidades, economias e ambiente que delas dependem.<\/p>\n

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A Quercus estar\u00e1 em Vars\u00f3via e j\u00e1 est\u00e1 a acompanhar as discuss\u00f5es e trabalhos preparativos atrav\u00e9s do Blog\u00a0http:\/\/varsovia.blogs.sapo.pt<\/a><\/strong><\/p>\n

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Lisboa, 27 de setembro de 2013<\/p>\n

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A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus – Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n

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