{"id":11287,"date":"2021-03-03T19:47:39","date_gmt":"2021-03-03T19:47:39","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=11287"},"modified":"2021-03-03T19:47:39","modified_gmt":"2021-03-03T19:47:39","slug":"conferencia-onu-sobre-clima-termina-em-varsovia-caminho-fragil-para-um-acordo-global-ambicioso-em-2015","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/conferencia-onu-sobre-clima-termina-em-varsovia-caminho-fragil-para-um-acordo-global-ambicioso-em-2015\/","title":{"rendered":"Confer\u00eancia ONU sobre clima termina em Vars\u00f3via: caminho fr\u00e1gil para um acordo global ambicioso em 2015"},"content":{"rendered":"

Ap\u00f3s uma maratona negocial de quase duas semanas e j\u00e1 depois do per\u00edodo previsto, terminou em Vars\u00f3via, no passado dia 23 de novembro, a 19\u00aa Confer\u00eancia das Partes da Conven\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas, sem se conseguir os compromissos necess\u00e1rios para uma acordo clim\u00e1tico ambicioso em 2015.<\/strong><\/p>\n

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Objetivos frustrados<\/strong><\/p>\n

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Os pa\u00edses desenvolvidos e em desenvolvimento perderam uma oportunidade em Vars\u00f3via para definir um caminho claro para aceitar um acordo clim\u00e1tico ambicioso e vinculativo em Paris, no final de 2015. Ao n\u00e3o conseguir tra\u00e7ar um calend\u00e1rio que d\u00ea tempo suficiente para se ir atingindo consensos, transformando 2014 num ano decisivo (o ano da ambi\u00e7\u00e3o), e ao n\u00e3o se darem indica\u00e7\u00f5es claras sobre o n\u00edvel de exig\u00eancia das ofertas de limita\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es de cada um dos pa\u00edses (compromissos deram lugar a contributos), podemos vir a ter um final de insucesso semelhante \u00e0 confer\u00eancia de Copenhaga em 2009. Mais ainda, n\u00e3o se deu relevo suficiente \u00e0s a\u00e7\u00f5es imediatas at\u00e9 ao ano 2020 para se evitar o cont\u00ednuo aumento das emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa \u00e0 escala global, tornando-se assim mais dif\u00edcil inverter a tend\u00eancia de subida que conduzir\u00e1 a um aquecimento superior a 2 graus Celsius por compara\u00e7\u00e3o com a era pr\u00e9-industrial.<\/p>\n

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Na Confer\u00eancia foram assegurados os compromissos de financiamento de longo prazo, em particular para o Fundo Verde para o Clima, essenciais para permitir a muitos pa\u00edses lidar com a adapta\u00e7\u00e3o a um clima em mudan\u00e7a, bem como apoiar tecnologias menos poluentes, investimentos em energias renov\u00e1veis e efici\u00eancia energ\u00e9tica. Quanto a perdas e danos, um princ\u00edpio que considera que os pa\u00edses desenvolvidos que contribu\u00edram para um hist\u00f3rico de emiss\u00f5es respons\u00e1vel pelas altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas poder\u00e3o vir a suportar parte dos custos, foi criado o mecanismo internacional de Vars\u00f3via que no futuro enquadrar\u00e1 esta quest\u00e3o.<\/p>\n

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Relativamente ao REDD+, um esfor\u00e7o para criar um valor financeiro para o carbono armazenado nas florestas, incluindo para al\u00e9m do REDD (Redu\u00e7\u00e3o de Emiss\u00f5es por Desfloresta\u00e7\u00e3o e Degrada\u00e7\u00e3o Floresta), a conserva\u00e7\u00e3o e gest\u00e3o sustent\u00e1vel das florestas, conseguiu-se um compromisso de 280 milh\u00f5es de d\u00f3lares.<\/p>\n

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As grandes desilus\u00f5es<\/strong><\/p>\n

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O Jap\u00e3o, com a justifica\u00e7\u00e3o de n\u00e3o poder recorrer \u00e0 energia nuclear, ao inv\u00e9s de um limite inicialmente tra\u00e7ado de redu\u00e7\u00e3o em 25% entre 1990 e 2020, prev\u00ea aumentar em 3% as suas emiss\u00f5es no mesmo per\u00edodo. A Austr\u00e1lia, que n\u00e3o enviou nenhum ministro \u00e0 reuni\u00e3o, tomou um conjunto de decis\u00f5es \u00e0 escala nacional que desmantelam grande parte da pol\u00edtica clim\u00e1tica em curso. O Canad\u00e1 ao investir nas areias betuminosas, ser\u00e1 sempre um campe\u00e3o de uso de combust\u00edveis f\u00f3sseis, tendo sido o \u00fanico pa\u00eds a abandonar o Protocolo de Quioto. Al\u00e9m disso, n\u00e3o s\u00f3 n\u00e3o cumpriu as metas de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es anunciadas antes da Confer\u00eancia em Copenhaga, como tem, com esta postura, atrasado o avan\u00e7o de outros pa\u00edses nas negocia\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

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O papel da Europa<\/strong><\/p>\n

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Embora a Uni\u00e3o Europeia (UE) tenha tido diversas iniciativas, n\u00e3o conseguiu fornecer os incentivos necess\u00e1rios para desbloquear as discuss\u00f5es sobre a\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas de curto prazo. Poderia t\u00ea-lo feito, movendo a sua meta de redu\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es at\u00e9 2020 para 30% e proporcionando uma promessa ambiciosa de financiamento clim\u00e1tico. Por\u00e9m, os Estados-Membros, com destaque para os obst\u00e1culos da pr\u00f3pria organizadora da Confer\u00eancia (a Pol\u00f3nia), n\u00e3o conseguiram chegar a acordo sobre tais iniciativas.<\/p>\n

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Alguns Estados-Membros fizeram an\u00fancios individuais de financiamento para preencher a lacuna no Fundo de Adapta\u00e7\u00e3o, mas tudo isso n\u00e3o foi suficiente para convencer os pa\u00edses desenvolvidos e em desenvolvimento menos ambiciosos para aceitar a proposta da UE de colocar compromissos de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es em cima da mesa ainda em 2014. No Conselho europeu de ambiente em Mar\u00e7o do pr\u00f3ximo ano, ao tra\u00e7ar metas ambiciosas para 2030, a Europa pode incentivar e desafiar pa\u00edses como a China e os Estados Unidos a tamb\u00e9m trazerem compromissos para a Cimeira de L\u00edderes Clim\u00e1ticos organizada pelo Secret\u00e1rio-Geral da ONU a 23 de Setembro de 2014.<\/p>\n

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E Portugal?<\/strong><\/p>\n

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Portugal ao ter ficado classificado em 3\u00ba lugar no \u00edndice de performance clim\u00e1tica dos pa\u00edses industrializados, foi considerado um exemplo de como lidar com a crise econ\u00f3mica, obtendo resultado das pol\u00edticas clim\u00e1ticas e reduzindo a depend\u00eancia de recursos, lucrando com investimentos, feitos em governos anteriores, em \u00e1reas chave, como as energias renov\u00e1veis, ainda que alguns destes investimentos comprometam a biodiversidade e a integridade de \u00e1reas classificadas e relevantes para a conserva\u00e7\u00e3o da natureza. Por enquanto, Portugal melhorou a sua posi\u00e7\u00e3o, a qual pode estar contudo amea\u00e7ada pela pol\u00edtica menos construtiva do atual governo, que j\u00e1 abrandou alguns dos investimentos ben\u00e9ficos, em particular nas energias renov\u00e1veis. \u00c9 fundamental tamb\u00e9m que Portugal defenda limites ambiciosos de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es para a Europa e apoie legisla\u00e7\u00e3o em prol do clima – ultimamente Portugal tem tido diversas tomadas de posi\u00e7\u00e3o pouco progressistas nesta mat\u00e9ria, nomeadamente no que se refere \u00e0 pol\u00edtica de biocombust\u00edveis, emiss\u00f5es de autom\u00f3veis e gases fluorados.<\/p>\n

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Organiza\u00e7\u00f5es N\u00e3o-Governamentais descontentes<\/strong><\/p>\n

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Na quinta-feira, dia 21 de novembro, um grupo das principais organiza\u00e7\u00f5es n\u00e3o-governamentais internacionais de ambiente e de desenvolvimento saiu das negocia\u00e7\u00f5es em protesto pelo esperado insucesso do encontro, facto que aconteceu pela primeira vez. As associa\u00e7\u00f5es consideraram que um processo multilateral relevante deve ser bem-sucedido se quisermos resolver a crise clim\u00e1tica global, mas com os pa\u00edses a colocarem determinados interesses acima dos cidad\u00e3os do planeta, nunca haver\u00e1 decis\u00f5es satisfat\u00f3rias, ficando sempre muito aqu\u00e9m do necess\u00e1rio, como em parte aconteceu em Vars\u00f3via.<\/p>\n

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Mais informa\u00e7\u00f5es em<\/strong>:\u00a0http:\/\/varsovia.blogs.sapo.pt<\/a><\/p>\n

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Vars\u00f3via, 23 de novembro de 2013<\/p>\n

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A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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