{"id":11199,"date":"2021-03-03T19:37:45","date_gmt":"2021-03-03T19:37:45","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=11199"},"modified":"2021-03-03T19:37:45","modified_gmt":"2021-03-03T19:37:45","slug":"quercus-faz-o-balanco-dos-38-anos-da-reserva-natural-do-estuario-do-tejo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/quercus-faz-o-balanco-dos-38-anos-da-reserva-natural-do-estuario-do-tejo\/","title":{"rendered":"Quercus faz o balan\u00e7o dos 38 Anos da Reserva Natural do Estu\u00e1rio do Tejo"},"content":{"rendered":"

Por ocasi\u00e3o do<\/em>\u00a038\u00ba anivers\u00e1rio da cria\u00e7\u00e3o da Reserva Natural do Estu\u00e1rio do Tejo (RNET), a Quercus fez uma retrospetiva do que foi feito de positivo e negativo nesta \u00c1rea Protegida e tra\u00e7ou cen\u00e1rios com base na defini\u00e7\u00e3o de amea\u00e7as e na identifica\u00e7\u00e3o de oportunidades.<\/i><\/strong><\/p>\n

\nO Estu\u00e1rio do Tejo tem um papel fundamental do ponto de vista ecol\u00f3gico e econ\u00f3mico, \u00e9 uma \u00e1rea de grande diversidade de seres vivos, sendo os canais de mar\u00e9 permanentemente inundados, os sapais e as salinas aut\u00eanticas \u201cf\u00e1bricas\u201d de produ\u00e7\u00e3o de biomassa e desempenhando um papel fundamental como \u201cmaternidade” e \u201cinfant\u00e1rio\u201d para diversas esp\u00e9cies de peixes, bem como para a manuten\u00e7\u00e3o dos stocks de pesca. Devido \u00e0s suas caracter\u00edsticas, em 1976 o Estado Portugu\u00eas criou a Reserva Natural do Estu\u00e1rio do Tejo que abrange territ\u00f3rio pertencente aos concelhos de Alcochete, Benavente e Vila Franca de Xira.<\/strong><\/p>\n

Com a cria\u00e7\u00e3o da Reserva Natural, o poder pol\u00edtico da altura pretendia efetuar uma gest\u00e3o racional do estu\u00e1rio e evitar altera\u00e7\u00f5es em determinadas \u00e1reas que comprometessem irreversivelmente as suas potencialidades biol\u00f3gicas. O Estu\u00e1rio do Tejo possui a mais extensa e cont\u00ednua \u00e1rea de sapal do pa\u00eds, quase sempre bem conservada e estruturada, e \u00e9 um local de ref\u00fagio, alimenta\u00e7\u00e3o e reprodu\u00e7\u00e3o para muitas esp\u00e9cies da fauna selvagem, bem como de esp\u00e9cies da avifauna e de esp\u00e9cies com elevado valor econ\u00f3mico, como o s\u00e1vel, a lampreia-marinha, a enguia, o robalo ou a corvina.<\/p>\n

Desde a cria\u00e7\u00e3o da Reserva Natural, interditou-se o exerc\u00edcio da ca\u00e7a, e a sua inser\u00e7\u00e3o na Rede Natura 2000 (atrav\u00e9s da classifica\u00e7\u00e3o de parte da \u00e1rea da reserva como Zona de Prote\u00e7\u00e3o Especial do Estu\u00e1rio do Tejo e como S\u00edtio de import\u00e2ncia Comunit\u00e1ria “Estu\u00e1rio do Tejo”) e na Lista de S\u00edtios da Conven\u00e7\u00e3o de Ramsar veio refor\u00e7ar a import\u00e2ncia da \u00c1rea Protegida como zona h\u00famida de import\u00e2ncia internacional.<\/p>\n

N\u00e3o obstante, esta \u00e1rea protegida tem sofrido altera\u00e7\u00f5es que perturbam o seu ciclo natural, casos do abandono de pr\u00e1ticas agr\u00edcolas tradicionais e a implementa\u00e7\u00e3o de infraestruturas como o Aproveitamento Hidroagr\u00edcola da Lez\u00edria de Vila Franca de Xira, o qual contribuiu para a intensifica\u00e7\u00e3o e industrializa\u00e7\u00e3o da agricultura nas \u00e1reas adjacentes. A utiliza\u00e7\u00e3o de maquinaria e agro-qu\u00edmicos na cultura do arroz provocam altera\u00e7\u00e3o do solo, sendo ainda a deposi\u00e7\u00e3o de res\u00edduos pl\u00e1sticos resultantes da atividade agr\u00edcola e o abandono da salicultura factores que perturbam diretamente as esp\u00e9cies presentes.<\/p>\n

Por\u00e9m, a grande fragilidade da Reserva do Estu\u00e1rio do Tejo continua a ser a polui\u00e7\u00e3o de origem dom\u00e9stica, industrial, agroindustrial e agropecu\u00e1ria, provocada pelo n\u00e3o investimento em equipamentos de tratamento dos efluentes. Pese embora a qualidade da \u00e1gua tenha sofrido uma melhoria nos \u00faltimos anos, sobretudo ao n\u00edvel dom\u00e9stico, a excessiva carga org\u00e2nica continua a colocar em causa a conserva\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies da fauna e flora selvagem e os sectores econ\u00f3micos que dependem diretamente da qualidade da \u00e1gua, como a pesca, a apanha e produ\u00e7\u00e3o de bivalves, a produ\u00e7\u00e3o de sal e a agricultura. A RNET \u00e9 ainda confrontada com v\u00e1rios factores de amea\u00e7a, como a extra\u00e7\u00e3o de inertes das margens e leito do rio, a press\u00e3o urban\u00edstica, a utiliza\u00e7\u00e3o de artes de pesca nocivas, a captura ilegal de esp\u00e9cies, a expans\u00e3o de esp\u00e9cies ex\u00f3ticas invasoras, como a am\u00eaijoa-jap\u00f3nica, as pr\u00e1ticas de gest\u00e3o agro-silvo-pastoril desajustadas que levam \u00e0 perda de habitat e a cont\u00ednua substitui\u00e7\u00e3o de atividades econ\u00f3micas tradicionais, como salicultura e a agricultura de sequeiro, por atividades mais rent\u00e1veis mas danosas, como o regadio.<\/p>\n

Contudo, esta \u00e1rea protegida ostenta enormes potencialidades associadas aos sectores econ\u00f3micos do turismo, da salicultura, da aquacultura extensiva e da agricultura biol\u00f3gica. Atrav\u00e9s da recupera\u00e7\u00e3o de t\u00e9cnicas tradicionais e do usufruto de forma sustent\u00e1vel dos recursos naturais \u00e9 poss\u00edvel retomar a economia regional. Exemplo disso \u00e9 a aposta na promo\u00e7\u00e3o ativa do turismo de natureza, como a observa\u00e7\u00e3o de aves, os percursos pedestres e em embarca\u00e7\u00f5es t\u00edpicas da regi\u00e3o, na agricultura biol\u00f3gica, na incrementa\u00e7\u00e3o da pesca artesanal e na produ\u00e7\u00e3o de peixe em regime extensivo, sem alterar a morfologia das antigas salinas, na cultura de ostras, no retomar da salicultura e a aposta na certifica\u00e7\u00e3o de produtos regionais. Neste contexto, a Quercus reitera a necessidade de continuar a melhorar o sistema de tratamento de efluentes e a aumentar a fiscaliza\u00e7\u00e3o, de modo a evitar as descargas ilegais de efluentes. \u00c9 necess\u00e1rio tamb\u00e9m implementar medidas que pro\u00edbam o uso de subst\u00e2ncias qu\u00edmicas na agricultura e o uso de artes de pesca lesivas. \u00c9 importante apostar na educa\u00e7\u00e3o e sensibiliza\u00e7\u00e3o ambiental junto das popula\u00e7\u00f5es, sendo que a cria\u00e7\u00e3o de uma consci\u00eancia ambiental poder\u00e1 facilitar a implementa\u00e7\u00e3o de medidas na Reserva e tamb\u00e9m a sua manuten\u00e7\u00e3o, atrav\u00e9s da participa\u00e7\u00e3o do p\u00fablico em v\u00e1rias tarefas, como por exemplo a limpeza de espa\u00e7os e a observa\u00e7\u00e3o de fen\u00f3menos de polui\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Neste contexto, para avaliar a \u00c1rea Protegida foi elaborado um quadro, que \u00e9 colocado em baixo, com base numa an\u00e1lise que apresenta o diagn\u00f3stico (For\u00e7as e Fraquezas) e o progn\u00f3stico (Oportunidades e Amea\u00e7as).<\/p><\/div>\n

Lisboa, 19 de julho de 2014<\/p>\n

A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n

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\"Tabela<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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