{"id":11192,"date":"2021-03-03T19:36:52","date_gmt":"2021-03-03T19:36:52","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=11192"},"modified":"2021-03-03T19:36:52","modified_gmt":"2021-03-03T19:36:52","slug":"exploracao-de-petroleo-no-algarve-podera-colocar-em-risco-o-patrimonio-natural-e-o-futuro-do-turismo-algarvio","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/exploracao-de-petroleo-no-algarve-podera-colocar-em-risco-o-patrimonio-natural-e-o-futuro-do-turismo-algarvio\/","title":{"rendered":"Explora\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo no Algarve poder\u00e1 colocar em risco o patrim\u00f3nio natural e o futuro do turismo algarvio"},"content":{"rendered":"

A Quercus mostra-se muito preocupada com as not\u00edcias vindas a p\u00fablico de que estar\u00e1 iminente a explora\u00e7\u00e3o de g\u00e1s natural e de petr\u00f3leo no Algarve, prevista j\u00e1 para 2014, a apenas 8 quil\u00f3metros da costa portuguesa. Segundo a imprensa, os estudos de prospe\u00e7\u00e3o realizados ao longo de 2012 apontam fortes possibilidades de exist\u00eancia de reservas de g\u00e1s natural e de petr\u00f3leo pass\u00edveis de serem exploradas comercialmente.<\/strong><\/p>\n

A 21 de Outubro de 2011, foi assinado um contrato para a concess\u00e3o de direitos de prospe\u00e7\u00e3o, pesquisa e produ\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo nas \u00e1reas designadas por \u201cLagosta\u201d e \u201cLagostim\u201d, \u00e1reas marinhas em alto mar em frente ao Parque Natural da Ria Formosa e \u00e0 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim.<\/p>\n

Esta situa\u00e7\u00e3o \u00e9 ainda mais preocupante quando se sabe que n\u00e3o foi realizado qualquer estudo de impacte ambiental, nem ponderadas quaisquer medidas de minimiza\u00e7\u00e3o dos impactes ou medidas de atua\u00e7\u00e3o em caso de eventuais desastres ambientais (p. ex., derrame acidental de petr\u00f3leo no mar). \u00c9 importante salientar\u00a0 que o impacte de um eventual acidente que ocorra numa explora\u00e7\u00e3o deste g\u00e9nero, mesmo que pontual, afetaria irreversivelmente ecossistemas \u00fanicos e fr\u00e1geis, bem como diversas esp\u00e9cies, incluindo aves marinhas, baleias e golfinhos.<\/p>\n

De salientar que a costa algarvia n\u00e3o est\u00e1 suficientemente protegida em caso de derrame petrol\u00edfero e, em caso de ocorr\u00eancia de uma mar\u00e9 negra semelhante \u00e0 que aconteceu em 2010 no Golfo do M\u00e9xico, as consequ\u00eancias seriam catastr\u00f3ficas para milh\u00f5es de pessoas e para o futuro do Algarve, pois toda a costa algarvia seria afetada durante muitos anos.<\/p>\n

\u00c9 importante n\u00e3o esquecer que o Algarve \u00e9 o destino tur\u00edstico mais importante do pa\u00eds, tendo-se verificado, a t\u00edtulo de exemplo, em 2012, 10,8 milh\u00f5es das 39,8 milh\u00f5es\u00a0 dormidas registadas em Portugal, de acordo com dados do Turismo de Portugal. Mais ainda, esta atividade econ\u00f3mica \u00e9 respons\u00e1vel por 8% das exporta\u00e7\u00f5es nacionais de bens e servi\u00e7os e por 60% do emprego a n\u00edvel regional.<\/p>\n

Um eventual derrame traria, inevitavelmente, n\u00e3o s\u00f3 perdas econ\u00f3micas incalcul\u00e1veis para esta ind\u00fastria (em particular para a atividade hoteleira e todos os servi\u00e7os conexos, como os desportos mar\u00edtimos), mas tamb\u00e9m mancharia para sempre a imagem da regi\u00e3o como destino tur\u00edstico de refer\u00eancia mundial. A pesca \u00e9 uma atividade igualmente importante no Algarve, estando hoje intimamente ligada \u00e0 ind\u00fastria tur\u00edstica, pelo que um derrame acidental de hidrocarbonetos iria tamb\u00e9m causar in\u00fameras perdas de recursos e de postos de trabalho.<\/p>\n

A Quercus considera que um projeto desta natureza deve ser muito bem justificado do ponto de vista econ\u00f3mico e se os ganhos imediatos da\u00ed derivados s\u00e3o relevantes para o pa\u00eds, compensando potenciais riscos que podem existir, n\u00e3o s\u00f3 do ponto de vista econ\u00f3mico, mas tamb\u00e9m ambiental e social, em caso de acidente. Para al\u00e9m disso, a Quercus exige que sejam cumpridas todas as normas legais de prote\u00e7\u00e3o ambiental, nomeadamente em sede de avalia\u00e7\u00e3o de impacte ambiental.<\/p>\n

Mesmo assumindo que, caso se torne realidade, a explora\u00e7\u00e3o de combust\u00edveis f\u00f3sseis em Portugal possa contribuir em pequena parte para reduzir as importa\u00e7\u00f5es \u2013 sobretudo no setor dos transportes, fortemente dependente do petr\u00f3leo – \u00e9 fundamental que exista respeito pela transpar\u00eancia e salvaguarda dos recursos naturais e paisag\u00edsticos, o que n\u00e3o parece verificar-se at\u00e9 esta altura.<\/p>\n

Ressalve-se que, caso este projeto avance no Algarve, ser\u00e1 um ponto claramente desfavor\u00e1vel e contradit\u00f3rio ao modelo de desenvolvimento seguido nas \u00faltimas d\u00e9cadas para a regi\u00e3o, assente essencialmente num turismo de qualidade, com valores naturais e paisag\u00edsticos de relevo.<\/p>\n

A confirma\u00e7\u00e3o da futura explora\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo no Algarve seria um p\u00e9ssimo \u201ccart\u00e3o de visita\u201d para a regi\u00e3o e para todo o pa\u00eds, com reflexos negativos a m\u00e9dio e a longo prazo, que poderiam colocar em causa o Algarve como destino tur\u00edstico de refer\u00eancia.<\/p>\n

Lisboa, 30 de julho de 2014<\/p>\n

A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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