{"id":11145,"date":"2021-03-03T19:30:24","date_gmt":"2021-03-03T19:30:24","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=11145"},"modified":"2021-03-03T19:30:24","modified_gmt":"2021-03-03T19:30:24","slug":"relatorio-do-ipcc-sobre-impactes-das-alteracoes-climaticas-revela-futuro-ameacador-para-a-europa","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/relatorio-do-ipcc-sobre-impactes-das-alteracoes-climaticas-revela-futuro-ameacador-para-a-europa\/","title":{"rendered":"Relat\u00f3rio do IPCC sobre impactes das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas revela futuro amea\u00e7ador para a Europa"},"content":{"rendered":"

\"alteracoesO Painel Intergovernamental sobre Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas (IPCC) \u00e9 o organismo criado pelo Programa das Na\u00e7\u00f5es Unidas para o Ambiente (UNEP) e a Organiza\u00e7\u00e3o Meteorol\u00f3gica Mundial (OMM) em 1988 para fornecer ao mundo uma vis\u00e3o cient\u00edfica clara sobre o estado atual do conhecimento em altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas e seus potenciais impactos ambientais e socioecon\u00f3micos.<\/strong><\/p>\n

Envolvendo no total alguns milhares de cientistas \/ peritos, este Painel \u00e9 fundamental para fundamentar as pol\u00edticas clim\u00e1ticas \u00e0 escala global e de cada um dos pa\u00edses. Em setembro de 2013 foi apresentado o primeiro de tr\u00eas grupos de trabalho do 5\u00ba relat\u00f3rio de avalia\u00e7\u00e3o, sendo o \u00faltimo conhecido em outubro de 2014. Com a divulga\u00e7\u00e3o do primeiro grupo de trabalho, ficaram conhecidos os impactes f\u00edsicos das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, desde o aumento da temperatura \u00e0s condi\u00e7\u00f5es meteorol\u00f3gicas extremas, passando pela subida do n\u00edvel do mar, bem como de que forma estes efeitos poder\u00e3o mudar em diferentes cen\u00e1rios de emiss\u00f5es.
\n
\n<\/strong>Hoje, dia 31 de mar\u00e7o, segunda-feira, em Yokohama no Jap\u00e3o, o segundo grupo de trabalho apresentou a forma como os impactos f\u00edsicos referidos anteriormente se relacionam com a exposi\u00e7\u00e3o e a vulnerabilidade de uma popula\u00e7\u00e3o, produzindo um risco para a sociedade.<\/strong>
\n<\/strong>
\nAs quatro conclus\u00f5es base e temas-chave deste segundo grupo de trabalho s\u00e3o:<\/p>\n

–\u00a0\u00a0 \u00a0Os riscos s\u00e3o reais, variados e de grande alcance;
\n–\u00a0\u00a0 \u00a0A incerteza sobre a gravidade dos impactos n\u00e3o \u00e9 motivo para atrasar a a\u00e7\u00e3o;
\n–\u00a0\u00a0 \u00a0As comunidades pobres e marginalizadas ser\u00e3o as mais atingidas;
\n–\u00a0\u00a0 \u00a0N\u00e3o h\u00e1 uma solu\u00e7\u00e3o \u00fanica de adapta\u00e7\u00e3o ao clima que sirva todos; para alguns impactes n\u00e3o ser\u00e1 vi\u00e1vel a adapta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n


\n<\/strong>As mensagens principais do relat\u00f3rio<\/strong><\/p>\n

– O aquecimento da terra e dos oceanos \u00e9 inequ\u00edvoco, sendo atualmente motivado pelas altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas e em grande parte causado pela atividade humana.<\/strong>\u00a0Em muitos locais do mundo j\u00e1 se est\u00e3o a verificar eventos meteorol\u00f3gicos extremos mais frequentes e intensos; falhas na disponibilidade de \u00e1gua; mudan\u00e7as na oferta de alimentos; impactos adversos para a sa\u00fade; degrada\u00e7\u00e3o de habitats; decl\u00ednio na produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola; migra\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies com tend\u00eancia para a sua extin\u00e7\u00e3o em alguns casos.
\n
\n<\/strong>– A compreens\u00e3o dos cientistas sobre os riscos atuais e emergentes associados \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas \u00e9 cada vez maior;<\/strong>\u00a0por outro lado, os impactes das temperaturas crescentes sobre o crescimento econ\u00f3mico, a seguran\u00e7a alimentar, as desigualdades econ\u00f3micas, sociais e culturais e a redu\u00e7\u00e3o da pobreza, s\u00e3o profundos.
\n
\n<\/strong>– Os pa\u00edses em desenvolvimento e as comunidades rurais tendem a ser os mais atingidos devido aos impactes na produ\u00e7\u00e3o de alimentos, meios de subsist\u00eancia e economias locais.<\/strong>\u00a0Muitas popula\u00e7\u00f5es de todo o mundo s\u00e3o altamente vulner\u00e1veis ao aquecimento global, mesmo que inferior a dois graus em rela\u00e7\u00e3o aos n\u00edveis pr\u00e9- industriais.
\n
\n<\/strong>– As pr\u00f3ximas d\u00e9cadas at\u00e9 2040 correspondem \u00e0 era da “responsabilidade clim\u00e1tica”, e a incerteza n\u00e3o \u00e9 raz\u00e3o para se atrasar a a\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica.\u00a0<\/strong>O relat\u00f3rio do segundo grupo de trabalho destaca um n\u00famero de dire\u00e7\u00f5es futuras que poder\u00e3o tomar o desenvolvimento e os impactes das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas; as medidas que tomamos agora ir\u00e3o determinar o qu\u00e3o capazes somos de minimizar os cen\u00e1rios mais negativos. \u00c9 tamb\u00e9m claro que, no que respeita \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, \u00e9 mais barato agir j\u00e1 do que adiar.<\/p>\n

Tend\u00eancias e Impactos na Europa<\/strong><\/p>\n

Os impactes acima listados s\u00e3o apenas uma amostra selecionada dos mencionados no relat\u00f3rio, mas mostram qu\u00e3o priorit\u00e1ria deve ser a consci\u00eancia e a a\u00e7\u00e3o dos pol\u00edticos e dos cidad\u00e3os em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas.<\/p>\n

Portugal e o Sul da Europa<\/strong><\/p>\n

– O risco de inc\u00eandios florestais e em particular de mega-inc\u00eandios vai continuar a aumentar, juntamente com o risco de vendavais. No Sul da Europa, a frequ\u00eancia de inc\u00eandios e a extens\u00e3o dos fogos aumentou significativamente ap\u00f3s 1970 devido \u00e0 acumula\u00e7\u00e3o de combust\u00edvel, mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e eventos meteorol\u00f3gicos extremos, assim como \u00e0 falta de pol\u00edticas florestais adequadas. Os ventos fortes durante per\u00edodos quentes e secos levaram, em 2010, a perdas substanciais em pa\u00edses como Fran\u00e7a, Gr\u00e9cia, It\u00e1lia, Portugal, Espanha e Turquia.<\/p>\n

– Em todos os cen\u00e1rios, as inunda\u00e7\u00f5es costeiras v\u00e3o afetar entre centenas de milhares e 5,5 milh\u00f5es de pessoas, principalmente no Sul e Norte da Europa, se n\u00e3o houver um esfor\u00e7o de adapta\u00e7\u00e3o. Os custos diretos poder\u00e3o atingir 17 mil milh\u00f5es de euros anuais.<\/p>\n

– O turismo de Ver\u00e3o no Mediterr\u00e2neo (e o turismo de Inverno) nas montanhas e ir\u00e1 diminuir com o aumento da temperatura.<\/p>\n

– No sul da Europa, as condi\u00e7\u00f5es de satura\u00e7\u00e3o e drenagem associadas \u00e0s chuvas ficar\u00e3o restritas apenas a determinados per\u00edodos no Inverno e na Primavera.<\/p>\n

Toda a Europa<\/strong><\/p>\n

– O Norte da Europa e a zona central do Reino Unido continuar\u00e3o a ser fortemente afetadas pelas cheias, atingindo mais do dobro dos atuais danos anuais. Considerando os impactes das inunda\u00e7\u00f5es no crescimento econ\u00f3mico, os danos causados pelas cheias na Europa poder\u00e3o aumentar 17 vezes num cen\u00e1rio de aumento de temperatura de 5,5 \u00baC.<\/p>\n

– A Europa \u00e9 um fornecedor global de alimentos; a seguran\u00e7a alimentar global ser\u00e1 afetada pela queda na produtividade relacionada com as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, incluindo doen\u00e7as e fungos.<\/p>\n

– O valor das florestas da Europa poder\u00e1 cair at\u00e9 v\u00e1rias centenas de milhares de milh\u00f5es de euros, e a incid\u00eancia de escaravelhos da madeira, fungos e doen\u00e7as dever\u00e1 aumentar.<\/p>\n

– As temperaturas mais quentes no mar e a acidifica\u00e7\u00e3o dos oceanos ter\u00e1 impacte nas pescas e ind\u00fastria do mar.<\/p>\n

– As altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas t\u00eam afetado e continuar\u00e3o a afetar todos os aspetos da biodiversidade na Europa, incluindo o tempo de migra\u00e7\u00e3o de primavera das aves e a sua \u00e9poca de reprodu\u00e7\u00e3o. Prev\u00ea-se que os habitats adequados para aves nidificantes da Europa se desloquem quase 550 km at\u00e9 o final do s\u00e9culo.<\/p>\n

– At\u00e9 9% dos mam\u00edferos est\u00e3o em risco de extin\u00e7\u00e3o e at\u00e9 78% podem ser seriamente amea\u00e7ados.<\/p>\n

– Atualmente,\u00a0uma nova esp\u00e9cie proveniente de locais afastados chega ao Mar Mediterr\u00e2neo a cada 4-5 semanas. Esta taxa vai aumentar ao longo do tempo.<\/p>\n


\n<\/strong>\u00c9 preciso mais a\u00e7\u00e3o europeia<\/strong><\/p>\n

Depois do impasse no Conselho Europeu de 20 e 21 de Mar\u00e7o, que remeteu todas as decis\u00f5es importantes relacionadas com a pol\u00edtica clim\u00e1tica (metas para 2030 de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es, energias renov\u00e1veis e efici\u00eancia energ\u00e9tica) para outubro, atrasando o processo de negocia\u00e7\u00e3o tendente a um acordo global a assinar em Paris em dezembro de 2015, o alerta do relat\u00f3rio sobre os impactes no continente deveria fazer aumentar a press\u00e3o pol\u00edtica relativamente a este tema.<\/p>\n

As previs\u00f5es dram\u00e1ticas para o futuro da Europa estabelecidas neste relat\u00f3rio dever\u00e3o incentivar a Uni\u00e3o Europeia e todos os governos dos Estados-Membros \u00e0 a\u00e7\u00e3o. Perante a imin\u00eancia de efeitos catastr\u00f3ficos da seca, conflitos de alimentos, inc\u00eandios florestais, inunda\u00e7\u00f5es e extin\u00e7\u00f5es, estamos perante num risco grande demais para as popula\u00e7\u00f5es e os ecossistemas da Europa.<\/p>\n

A Uni\u00e3o Europeia deve construir um pacote clim\u00e1tico e energ\u00e9tico o mais forte poss\u00edvel para o per\u00edodo p\u00f3s-2020, incluindo metas obrigat\u00f3rias para as emiss\u00f5es de gases de efeito estufa, as energias renov\u00e1veis e a poupan\u00e7a de energia.<\/p>\n

A Quercus apela, assim, ao Governo Portugu\u00eas e aos restantes l\u00edderes europeus para levarem adiante uma nova proposta mais ambiciosa e a tempo da Cimeira sobre altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas com o Secret\u00e1rio-Geral das Na\u00e7\u00f5es Unidas, Ban Ki-moon, a ter lugar a 23 de setembro.<\/p>\n

O Painel Intergovernamental para as Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas (IPCC) adverte que \u00e9 necess\u00e1ria uma redu\u00e7\u00e3o imediata das emiss\u00f5es de gases de efeito estufa para evitar passar o limite de aquecimento global de 2 graus Celsius, com o qual a Uni\u00e3o Europeia e todas as outras na\u00e7\u00f5es se comprometeram em Copenhaga. A ambi\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica europeia n\u00e3o mudou nos \u00faltimos cinco anos e sua proposta de 40% das redu\u00e7\u00f5es de emiss\u00f5es em 2030 n\u00e3o \u00e9 uma garantia de que vamos ficar abaixo de um aquecimento de 2 graus Celsius.<\/p>\n

A Uni\u00e3o Europeia deve tamb\u00e9m aumentar imediatamente o financiamento clim\u00e1tico para ajudar os pa\u00edses em desenvolvimento na adapta\u00e7\u00e3o \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas e manter as promessas feitas na Confer\u00eancia das partes em Cancun em 2010. Esse resultado pode ser alcan\u00e7ado de imediato, por exemplo, cortando subs\u00eddios atualmente existentes para as ind\u00fastrias utilizadoras de combust\u00edveis f\u00f3sseis.<\/p>\n

Lisboa, 31 de mar\u00e7o de 2014<\/p>\n

A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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