{"id":11125,"date":"2021-03-03T19:28:53","date_gmt":"2021-03-03T19:28:53","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=11125"},"modified":"2021-03-03T19:28:53","modified_gmt":"2021-03-03T19:28:53","slug":"primeiras-autarquias-avancam-no-combate-a-herbicidas-em-espacos-publicos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/primeiras-autarquias-avancam-no-combate-a-herbicidas-em-espacos-publicos\/","title":{"rendered":"Primeiras autarquias avan\u00e7am no combate a herbicidas em espa\u00e7os p\u00fablicos"},"content":{"rendered":"

Conforme anunciado aquando do lan\u00e7amento da iniciativa em Mar\u00e7o do corrente ano, come\u00e7ou a ser divulgado a 24 de Outubro o registo p\u00fablico das autarquias subscritoras do manifesto “Autarquia sem Glifosato”<\/strong><\/i><\/p>\n


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Depois de todas as C\u00e2maras e Juntas de Freguesia do pa\u00eds terem sido desafiadas a acabar com as aplica\u00e7\u00f5es de herbicidas nos seus espa\u00e7os p\u00fablicos, a Quercus tem vindo a divulgar os pioneiros.<\/p>\n

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At\u00e9 agora, tr\u00eas c\u00e2maras municipais e seis juntas de freguesia decidiram apostar na prote\u00e7\u00e3o do ambiente e da sa\u00fade contra a enxurrada silenciosa de qu\u00edmicos t\u00f3xicos que, h\u00e1 anos, s\u00e3o aplicados liberalmente em todo o pa\u00eds.<\/strong><\/p>\n

Esta campanha foi lan\u00e7ada pela QUERCUS e pela PTF \u2013 Plataforma Transg\u00e9nicos Fora (que re\u00fane entidades ligadas \u00e0 agricultura, desenvolvimento e defesa do ambiente) em Mar\u00e7o passado, no \u00e2mbito da Semana Internacional de Luta contra os Pesticidas (ver\u00a0http:\/\/tinyurl.com\/oqm782h<\/a>), e na sequ\u00eancia da publica\u00e7\u00e3o de dados extremamente preocupantes sobre o n\u00edvel de contamina\u00e7\u00e3o por herbicidas a que todos estamos j\u00e1 sujeitos.<\/p>\n

Assim, considerando a pr\u00e1tica generalizada de aplica\u00e7\u00e3o de herbicidas em espa\u00e7os p\u00fablicos sob a responsabilidade das autarquias locais, s\u00e3o de saudar as que agora assumem formalmente o compromisso de eliminar ervas atrav\u00e9s de alternativas mais ecol\u00f3gicas:<\/p>\n

\u2013 Munic\u00edpios:<\/strong>\u00a0Castelo de Paiva, S. Vicente e Vila Real de Tr\u00e1s-os-Montes<\/p>\n

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\u2013 Freguesias:\u00a0Carvalheira (em Terras de Bouro), Estrela (em Lisboa), Cinf\u00e3es, Oliveira do Douro, S. Crist\u00f3v\u00e3o de Nogueira e Tarouquela (todas em Cinf\u00e3es)<\/span><\/strong><\/p>\n

Todas as autarquias optaram por meios de monda manual (\u00e0 m\u00e3o e enxada) e mec\u00e2nica (motorro\u00e7adora e destro\u00e7ador), e algumas ponderam outras op\u00e7\u00f5es (as diversas alternativas est\u00e3o descritas em\u00a0http:\/\/tinyurl.com\/p5bgcwn<\/a>).<\/p>\n

As restantes 3082 freguesias e 305 c\u00e2maras municipais\u00a0s\u00e3o agora chamadas a explicar porque \u00e9 que s\u00f3 alguns portugueses de outros munic\u00edpios \u00e9 que t\u00eam direito a um ambiente mais limpo, pelo que esperamos que sigam o exemplo das primeiras e venham a subscrever tamb\u00e9m o manifesto.<\/p>\n

A\u00a0lista de ades\u00f5es<\/a>\u00a0ser\u00e1 regularmente atualizada com a informa\u00e7\u00e3o recebida.<\/strong><\/p>\n

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\n\"herbicida<\/strong>Uma situa\u00e7\u00e3o calamitosa<\/strong><\/p>\n

Portugal n\u00e3o \u00e9 caso \u00fanico. Um conjunto de an\u00e1lises realizado em 2013 revelou que, em 182 volunt\u00e1rios provenientes de 18 pa\u00edses europeus (todos eles a viver em cidades), 44% apresentava na urina res\u00edduos de glifosato \u2013 o herbicida mais usado em Portugal. \u00c9 claro que este e outros herbicidas s\u00e3o empregues para muitos fins agr\u00edcolas, e a altera\u00e7\u00e3o de pr\u00e1ticas aut\u00e1rquicas n\u00e3o esgota o problema.<\/p>\n

Mas a perce\u00e7\u00e3o generalizada recolhida informalmente junto de v\u00e1rios \u00f3rg\u00e3os de poder local \u00e9 de que os herbicidas empregues (tipicamente \u00e0 base de glifosato) “n\u00e3o fazem mal nenhum” e que os vendedores disseram que “at\u00e9 s\u00e3o biodegrad\u00e1veis”, algo que n\u00e3o poderia estar mais longe da verdade. \u00c9 pois fundamental que os nossos respons\u00e1veis pol\u00edticos ganhem consci\u00eancia do que est\u00e1 verdadeiramente em jogo e terminem de vez com o uso indiscriminado de um veneno desnecess\u00e1rio.<\/p>\n

Riscos dos herbicidas<\/strong><\/p>\n

Os herbicidas s\u00e3o subst\u00e2ncias qu\u00edmicas concebidas para erradicar ervas que comummente classificamos como \u201cdaninhas\u201d. O herbicida \u00e0 base de glifosato \u00e9 o pesticida mais utilizado em todo o mundo e tem aumentado drasticamente com o aumento do cultivo de culturas transg\u00e9nicas resistentes a este herbicida (em especial soja e milho), e \u00e9 tamb\u00e9m o herbicida mais usado em Portugal.<\/p>\n

Um dos argumentos alegado pelas empresas que fabricam e comercializam este produto, para justificar a seguran\u00e7a do glifosato, era que seria apenas nocivo para as c\u00e9lulas de plantas, o que se revela falso \u00e0 luz de recentes estudos cient\u00edficos que t\u00eam demonstrado que essa selectividade \u00e9 bastante reduzida, afectando as esp\u00e9cies de produ\u00e7\u00e3o, esp\u00e9cies de fauna e flora circundante e a pr\u00f3pria comunidade humana, o que levanta s\u00e9rias quest\u00f5es relativas ao seu princ\u00edpio de seguran\u00e7a.<\/p>\n

Ao n\u00edvel de problemas na sa\u00fade humana relembramos as malforma\u00e7\u00f5es cong\u00e9nitas, tais como: microcefalia, anencefalia (aus\u00eancia de c\u00e9rebro) e malforma\u00e7\u00f5es cranianas, efeitos t\u00f3xicos em v\u00e1rios tipos de c\u00e9lulas humanas, como do cord\u00e3o umbilical, embrion\u00e1rias e da placenta, incluindo morte celular, efeito desregulador hormonal e cancer\u00edgeno, destacando um estudo recente que estabelece o desenvolvimento de linfoma n\u00e3o Hodgkin perante a exposi\u00e7\u00e3o ao glifosato (Schinasi, et al, 20141), e um outro tamb\u00e9m recente que identifica, em ratos de laborat\u00f3rio, a forma\u00e7\u00e3o de tumores e de les\u00f5es graves em diversos \u00f3rg\u00e3os (S\u00e9ralini, et al, 20142). Estes efeitos podem revelar-se mesmo em doses muito baixas, 500 a 4000 vezes mais baixas que as recomendadas para uso pelo fabricante. No caso do estudo da equipa de Gilles-Eric S\u00e9ralini, o glifosato foi dado na \u00e1gua aos animais na concentra\u00e7\u00e3o de 1ppb (uma parte por bili\u00e3o, ou 1\u00b5g\/litro), que \u00e9 a dose legal tolerada e oficialmente segura!<\/p>\n

\u00c9 de salientar tamb\u00e9m, que a maior parte dos sintomas se observam a partir do 4\u00ba m\u00eas de teste, quando os estudos de toxicidade realizados para efeitos de homologa\u00e7\u00e3o oficial do herbicida t\u00eam uma dura\u00e7\u00e3o de apenas 3 meses! Ou seja, a avalia\u00e7\u00e3o oficial da toxicidade cr\u00f3nica tem sido mal avaliada e \u00e9 com base nesses ensaios de curta dura\u00e7\u00e3o que se diz que o glifosato \u00e9 um herbicida pouco t\u00f3xico ou at\u00e9 isento de toxicidade para seres humanos.<\/p>\n

Novo quadro legal e alternativas<\/strong><\/p>\n

A Lei 26\/2013, de 11 de Abril, que transp\u00f5e a Diretiva 2009\/128\/CE do Parlamento e Conselho Europeu, de 21 de Outubro, onde se define um quadro de a\u00e7\u00e3o para a utiliza\u00e7\u00e3o sustent\u00e1vel de pesticidas, estabelece o seguinte no seu artigo 32\u00ba: “Em zonas urbanas e de lazer s\u00f3 devem ser utilizados produtos fitofarmac\u00eauticos quando n\u00e3o existam outras alternativas vi\u00e1veis, nomeadamente meios de combate mec\u00e2nicos e biol\u00f3gicos.<\/i>”<\/p>\n

Ou seja, a presente iniciativa “Autarquias sem Glifosato” mais n\u00e3o vem do que lembrar \u00e0s autarquias o que j\u00e1 consta do atual quadro legal, uma vez que as alternativas existem e est\u00e3o ao alcance de todos (ver link referido acima).<\/p>\n

A partir de 26 de Novembro de 2015, os produtos fitofarmac\u00eauticos apenas podem ser aplicados por empresas autorizadas ou as autarquias ter\u00e3o de investir na forma\u00e7\u00e3o dos seus funcion\u00e1rios para poderem aplic\u00e1-los. Ora, face \u00e0s alternativas existentes no mercado, concretamente m\u00e9todos mec\u00e2nicos e t\u00e9rmicos, ser\u00e1 desej\u00e1vel que os respons\u00e1veis pol\u00edticos e t\u00e9cnicos estejam bem conscientes dos impactes negativos dos herbicidas e considerem priorit\u00e1ria a protec\u00e7\u00e3o da sa\u00fade p\u00fablica, e do ambiente, pelo que \u00e9 o momento mais que oportuno para canalizarem o seu esfor\u00e7o nos m\u00e9todos alternativos e o uso de herbicidas seja definitivamente abandonado nos territ\u00f3rios sob sua gest\u00e3o.<\/p>\n

Lisboa e Porto, 24 de outubro de 2014<\/p>\n

A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n

A Plataforma Transg\u00e9nicos Fora<\/p>\n


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