{"id":10988,"date":"2021-03-03T19:09:11","date_gmt":"2021-03-03T19:09:11","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=10988"},"modified":"2021-03-03T19:09:11","modified_gmt":"2021-03-03T19:09:11","slug":"abate-de-aves-protegidas-autorizado-pelo-governo-regional-e-uma-ameaca-para-a-conservacao-da-fauna","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/abate-de-aves-protegidas-autorizado-pelo-governo-regional-e-uma-ameaca-para-a-conservacao-da-fauna\/","title":{"rendered":"Abate de aves protegidas autorizado pelo Governo Regional \u00e9 uma amea\u00e7a para a conserva\u00e7\u00e3o da fauna"},"content":{"rendered":"

\"peti\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n

 <\/p>\n

Apesar da clara oposi\u00e7\u00e3o manifestada pelas associa\u00e7\u00f5es ambientais regionais e mesmo nacionais, como a Quercus, e apesar tamb\u00e9m da exist\u00eancia de uma peti\u00e7\u00e3o na internet (http:\/\/peticaopublica.com\/pview.aspx?pi=DefesaAvifaunaAcores<\/a>) que j\u00e1 reuniu mais de 800 assinaturas, o Governo Regional dos A\u00e7ores insiste em autorizar o abate de tr\u00eas esp\u00e9cies de aves protegidas e end\u00e9micas do arquip\u00e9lago: o Pombo-torcaz (Columba palumbus azorica), o Melro-preto (Turdus merula azorensis) e o Estorninho (Sturnus vulgaris granti). Este abate foi autorizado pela Secretaria Regional da Agricultura e Ambiente, entre 15 de Junho e 15 de Setembro, nos campos da cultura da vinha das ilhas do Pico e da Terceira.<\/strong><\/p>\n

 <\/p>\n

Esta autoriza\u00e7\u00e3o \u00e9 grave por ser claramente contr\u00e1ria \u00e0 legisla\u00e7\u00e3o europeia, que confere a m\u00e1xima protec\u00e7\u00e3o ao Pombo-torcaz-dos-A\u00e7ores, proibindo expressamente o seu abate (Directiva Aves, Anexo I), e que pro\u00edbe igualmente o abate de qualquer esp\u00e9cie protegida durante o seu per\u00edodo reprodutor, como \u00e9 tamb\u00e9m aqui o caso do Melro-preto e do Estorninho.<\/p>\n

 <\/p>\n

Mas esta autoriza\u00e7\u00e3o \u00e9 igualmente grave por n\u00e3o existirem estudos cient\u00edficos que sustentem os argumentos que o governo utiliza para permitir o abate, falsamente excepcional, destas esp\u00e9cies. Nem existe uma devida e necess\u00e1ria avalia\u00e7\u00e3o t\u00e9cnica no terreno sobre os danos que elas causam nas culturas da vinha. Pior ainda, esta situa\u00e7\u00e3o arrasta-se j\u00e1 h\u00e1 tr\u00eas anos, pois foi agora divulgado que este \u00e9 o terceiro ano em que s\u00e3o dadas autoriza\u00e7\u00f5es para o abate destas tr\u00eas esp\u00e9cies, tendo sido j\u00e1 abatidas, por exemplo, v\u00e1rias dezenas de pombos-torcazes sem haver resultados conhecidos.<\/p>\n

 <\/p>\n

Recentemente foram divulgados, no entanto, alguns resultados preliminares dum estudo cient\u00edfico realizado sobre a biologia do Pombo-torcaz por investigadores das universidades do Porto e dos A\u00e7ores que apontam para factos muito preocupantes. O sucesso reprodutivo da esp\u00e9cie revelou ser extremamente baixo (4%), sobrevivendo apenas um indiv\u00edduo de cada 25 ovos que s\u00e3o postos. E isto quando o n\u00famero de ovos de cada postura j\u00e1 \u00e9 por si bastante baixo (1,76 ovos por ninho). Foram tamb\u00e9m observadas flutua\u00e7\u00f5es nas suas popula\u00e7\u00f5es, apresentando menores efectivos precisamente nos meses em que \u00e9 autorizado este abate, que ainda por cima coincide plenamente com o per\u00edodo reprodutor. E apesar dos escassos censos at\u00e9 agora realizados, a tend\u00eancia da esp\u00e9cie continua a ser uma inc\u00f3gnita, pelo qual o Pombo-torcaz-dos-A\u00e7ores continua a estar inclu\u00eddo no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.<\/p>\n

 <\/p>\n

Nestas condi\u00e7\u00f5es, a insist\u00eancia do Governo Regional no abate destas tr\u00eas esp\u00e9cies parece de todo irrespons\u00e1vel. Entendemos assim que a \u00fanica op\u00e7\u00e3o correcta \u00e9 trabalhar com os agricultores para minimizar e compensar os danos que possam sofrer nas suas culturas, n\u00e3o s\u00f3 pela ac\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies nativas mas tamb\u00e9m por outras causas como a expans\u00e3o das esp\u00e9cies invasoras ou o efeito das inclem\u00eancias atmosf\u00e9ricas.<\/p>\n

 <\/p>\n

Tudo isto sem esquecer que as aves end\u00e9micas dos A\u00e7ores s\u00e3o um patrim\u00f3nio de todos os a\u00e7orianos sem excep\u00e7\u00e3o, que t\u00eam um valor natural \u00fanico e incompar\u00e1vel e que o seu imprescind\u00edvel papel nos ecossistemas insulares exige que as suas popula\u00e7\u00f5es tenham a possibilidade de se desenvolver naturalmente, com a sua pr\u00f3pria regula\u00e7\u00e3o biol\u00f3gica, sem estarem sujeitas a ideias erradas como a de que devem ser corrigidas de alguma forma pelo homem em fun\u00e7\u00e3o de diferentes interesses econ\u00f3micos.<\/p>\n

 <\/p>\n

Lisboa, 29 de Julho de 2015<\/p>\n

A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus – Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

  Apesar da clara oposi\u00e7\u00e3o manifestada pelas associa\u00e7\u00f5es ambientais regionais e mesmo nacionais, como a Quercus, e apesar tamb\u00e9m da exist\u00eancia de uma peti\u00e7\u00e3o na internet (http:\/\/peticaopublica.com\/pview.aspx?pi=DefesaAvifaunaAcores) que j\u00e1 reuniu mais de 800 assinaturas, o Governo Regional dos A\u00e7ores insiste em autorizar o abate de tr\u00eas esp\u00e9cies de aves protegidas e end\u00e9micas do arquip\u00e9lago: o […]<\/p>\n","protected":false},"author":5,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"inline_featured_image":false,"footnotes":""},"categories":[106,233],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10988"}],"collection":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/5"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=10988"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10988\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":11001,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10988\/revisions\/11001"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=10988"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=10988"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=10988"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}