{"id":10978,"date":"2021-03-03T19:07:04","date_gmt":"2021-03-03T19:07:04","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=10978"},"modified":"2021-03-03T19:07:04","modified_gmt":"2021-03-03T19:07:04","slug":"niveis-de-ruido-no-metropolitano-de-lisboa-podem-afetar-saude-dos-utentes","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/niveis-de-ruido-no-metropolitano-de-lisboa-podem-afetar-saude-dos-utentes\/","title":{"rendered":"N\u00edveis de ru\u00eddo no Metropolitano de Lisboa podem afetar sa\u00fade dos utentes"},"content":{"rendered":"

Medi\u00e7\u00f5es feitas pela Quercus com m\u00e9todos expeditos revelam<\/small><\/p>\n

<\/strong><\/big><\/big><\/p>\n


\n
\"metro\"Um\u00a0estudo<\/a>\u00a0realizado pela Quercus durante o segundo semestre de 2014, a partir da an\u00e1lise de um conjunto de medi\u00e7\u00f5es feitas nas quatro linhas do Metropolitano de Lisboa, concluiu que a exposi\u00e7\u00e3o ao ru\u00eddo neste meio de transporte coletivo de elevada utiliza\u00e7\u00e3o pode trazer consequ\u00eancias para a sa\u00fade dos utentes.<\/strong><\/p>\n

Entre agosto e setembro de 2014, a Quercus procedeu a uma avalia\u00e7\u00e3o limitada do ru\u00eddo no Metropolitano de Lisboa, de modo a averiguar os valores a que est\u00e3o expostos diariamente os passageiros nos percursos das quatro linhas (Verde, Amarela, Vermelha e Azul).<\/p>\n

Tendo por base os tempos de exposi\u00e7\u00e3o recomendados pela Organiza\u00e7\u00e3o Mundial de Sa\u00fade (OMS) e pela ag\u00eancia americana\u00a0Environmental Protection Agency<\/i>\u00a0(EPA),\u00a0verificou-se, para todos os percursos um n\u00edvel m\u00e9dio de ru\u00eddo superior a 80 dB(A). Este facto pode representar um fator de risco para a sa\u00fade dos passageiros<\/strong>\u00a0(com particular incid\u00eancia em alguns grupos de risco, como crian\u00e7as e idosos), e tamb\u00e9m dos operadores do metropolitano.\u00a0Fatores como o volume de tr\u00e1fego, a manuten\u00e7\u00e3o e a qualidade ac\u00fastica das infraestruturas e das carruagens ou ainda a amplifica\u00e7\u00e3o do ru\u00eddo por ser um canal confinado aumentam os impactes associados \u00e0 exposi\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Metodologia utilizada<\/strong><\/p>\n

As medi\u00e7\u00f5es foram realizadas atrav\u00e9s da aplica\u00e7\u00e3o\u00a0NoiseTube<\/i>\u00a0para\u00a0smartphones<\/i>\u00a0Android. De forma a garantir a fiabilidade da monitoriza\u00e7\u00e3o, foram feitas em alguns tro\u00e7os medi\u00e7\u00f5es complementares com recurso a um son\u00f3metro\u00a0Br\u00fcel & Kj\u00e6r 2260 Investigator<\/i>\u00a0calibrado e certificado, o que permitiu o controlo da qualidade dos valores medidos atrav\u00e9s do telem\u00f3vel, em linha com trabalhos cient\u00edficos semelhantes realizados anteriormente. Foi feito um trabalho preliminar de medi\u00e7\u00f5es em alguns tro\u00e7os, concluindo-se que n\u00e3o havia diferen\u00e7as significativas entre valores de medi\u00e7\u00f5es repetidas em iguais condi\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

Neste sentido, pode-se afirmar que a metodologia utilizada foi rigorosa, havendo apenas um fator diferenciador que poderia ser relevante: a ocupa\u00e7\u00e3o das carruagens. Assim, considerou-se que duas viagens em cada sentido e por cada linha do metropolitano, abrangendo um per\u00edodo de acalmia (10:00-12:00 e 14:30-16:30) e um per\u00edodo de hora de ponta (8:00-9:00 e 17:00-19:00) seriam suficientemente representativas. As medi\u00e7\u00f5es foram efetuadas em cont\u00ednuo ao longo de cada trajeto, tendo sido poss\u00edvel, atrav\u00e9s do registo dos tempos de paragem nas esta\u00e7\u00f5es, analisar os resultados quer em termos globais, quer de forma detalhada.<\/p>\n

Os tro\u00e7os mais ruidosos<\/strong><\/p>\n

A metodologia utilizada permitiu concluir que\u00a0os tro\u00e7os mais sujeitos a elevados n\u00edveis sonoros foram Cais do Sodr\u00e9\u2013Rossio, Cidade Universit\u00e1ria\u2013Entrecampos, Senhor Roubado\u2013Ameixoeira, Chelas\u2013Oriente, e Pontinha\u2013Carnide, nos quais o valor ultrapassou na maioria dos casos os 85 dB(A).<\/strong>\u00a0No tro\u00e7o mais recente da rede – entre as esta\u00e7\u00f5es do Oriente e do Aeroporto \u2013 foram registados n\u00edveis sonoros m\u00e9dios superiores a 84 dB(A) em todas as medi\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

A rela\u00e7\u00e3o entre os n\u00edveis de ru\u00eddo e o tempo de exposi\u00e7\u00e3o foi estudado pelas ag\u00eancias americanas National Institute for Occupational Safety and Health<\/i>\u00a0(NIOSH) e\u00a0Occupational Safety and Health Administration\u00a0<\/i>(OSHA). A OMS e a EPA determinaram igualmente os tempos de exposi\u00e7\u00e3o m\u00e1ximos de forma a salvaguardar a maioria dos indiv\u00edduos de qualquer perda auditiva.<\/div>\n

<\/div>\n
\"tabela<\/div>\n
\n
\n
A aus\u00eancia de legisla\u00e7\u00e3o nacional e comunit\u00e1ria sobre os limites de ru\u00eddo a que os utentes dos transportes coletivos deveriam estar expostos, nomeadamente no caso do metropolitano, confere uma falha relevante em termos de sa\u00fade p\u00fablica e ocupacional.<\/p>\n

Os efeitos na sa\u00fade<\/strong><\/p>\n

A partir dos 70-75 dB(A), o corpo humano come\u00e7a a ter rea\u00e7\u00f5es f\u00edsicas ao ru\u00eddo \u2013 sejam f\u00edsicas, mentais ou emocionais. Uma exposi\u00e7\u00e3o de m\u00e9dia-longa dura\u00e7\u00e3o a um ru\u00eddo intenso pode potenciar problemas como zumbidos nos ouvidos, aumento da produ\u00e7\u00e3o de adrenalina, contra\u00e7\u00e3o dos vasos sangu\u00edneos, aumento da press\u00e3o sangu\u00ednea e do ritmo card\u00edaco. As consequ\u00eancias imediatas traduzem-se em dificuldades na comunica\u00e7\u00e3o, concentra\u00e7\u00e3o, fadiga e desconforto. No ru\u00eddo ocupacional, os preju\u00edzos para a audi\u00e7\u00e3o aumentam em fun\u00e7\u00e3o da idade e do tempo de exposi\u00e7\u00e3o. Verifica-se um risco ligeiramente maior para trabalhadores expostos a ru\u00eddo entre os 80-84 dB do que abaixo dos 80 dB. No campo das altera\u00e7\u00f5es comportamentais, pode ocorrer cansa\u00e7o, desejo de isolamento, redu\u00e7\u00e3o do comportamento de ajuda e altru\u00edsmo, aumento da agressividade, irritabilidade e baixa toler\u00e2ncia \u00e0 frustra\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Conclus\u00f5es<\/strong><\/p>\n

\u2022\u00a0\u00a0\u00a0 Os n\u00edveis de ru\u00eddo a que os passageiros do Metropolitano de Lisboa se encontram expostos n\u00e3o ultrapassam os limites recomendados pela NIOSH e OSHA.
\n\u2022\u00a0\u00a0\u00a0 Por\u00e9m, em nenhuma das medi\u00e7\u00f5es efetuadas o ru\u00eddo no interior das carruagens cumpre o n\u00edvel m\u00e9dio estabelecido de Leq.<\/small><\/small>\u00a0(1) de 75 dB(A) por percurso do New York City Noise Code.
\n\u2022\u00a0\u00a0\u00a0 A conjuga\u00e7\u00e3o da exposi\u00e7\u00e3o ao ru\u00eddo dentro das carruagens de metro com a exposi\u00e7\u00e3o ao ru\u00eddo ambiente poder\u00e1 representar um risco para a sa\u00fade numa cidade como Lisboa. Entre esta\u00e7\u00f5es cont\u00ednuas foram verificados v\u00e1rios tro\u00e7os em que os valores de ru\u00eddo m\u00e9dio s\u00e3o superiores a 85 dB(A), refletindo um maior risco para quem circula com frequ\u00eancia nesses tro\u00e7os.
\n\u2022\u00a0\u00a0\u00a0 Na maioria dos tro\u00e7os das quatro linhas, os n\u00edveis de ru\u00eddo s\u00e3o muito pr\u00f3ximos, independentemente do sentido em que a carruagem circula. Este fator poder\u00e1 indiciar uma elevada influ\u00eancia da infraestrutura do t\u00fanel nos n\u00edveis de ru\u00eddo registados.
\n\u2022\u00a0\u00a0\u00a0 A idade das composi\u00e7\u00f5es \u00e9 um fator a n\u00e3o menosprezar, sendo que as mais recentes datam j\u00e1 do ano de 2000.<\/p>\n

Recomenda\u00e7\u00f5es \u2013 Medidas de controlo de ru\u00eddo<\/strong><\/p>\n

\u2022\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0Correta insonoriza\u00e7\u00e3o do habit\u00e1culo da carruagem;<\/strong>
\n\u2022\u00a0\u00a0\u00a0 Introdu\u00e7\u00e3o de\u00a0rodas com melhor capacidade de amortecimento\u00a0<\/strong>(redu\u00e7\u00e3o do ru\u00eddo de circula\u00e7\u00e3o at\u00e9 2 dB e do ru\u00eddo de\u00a0squeal<\/i>\u00a0em curvas apertadas entre 10 e 20 dB);
\n\u2022\u00a0\u00a0\u00a0 Ado\u00e7\u00e3o de\u00a0sistemas de ventila\u00e7\u00e3o mais silenciosos<\/strong>;
\n\u2022\u00a0\u00a0\u00a0 Em futuras extens\u00f5es da rede, minimizar o impacte da\u00a0infraestrutura do t\u00fanel na propaga\u00e7\u00e3o do ru\u00eddo<\/strong>, pela varia\u00e7\u00e3o da forma e a escolha de materiais que permitam uma maior absor\u00e7\u00e3o do ru\u00eddo.
\n\u2022\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0Acompanhamento e monitoriza\u00e7\u00e3o mais detalhados do ru\u00eddo nesta infraestrutura<\/strong>\u00a0de transporte coletivo, que, do ponto de vista ambiental, \u00e9 das que merece maior prioridade face ao elevado n\u00famero de passageiros transportados, rapidez e reduzidas emiss\u00f5es indiretas de poluentes associadas, quest\u00f5es a que devem tamb\u00e9m ser associadas garantias de sa\u00fade para os seus utentes.<\/p>\n

Lisboa, 30 abril de 2015<\/p><\/div>\n

<\/div>\n
A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/div>\n
<\/div>\n
Link para o estudo<\/a><\/strong><\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Medi\u00e7\u00f5es feitas pela Quercus com m\u00e9todos expeditos revelam Um\u00a0estudo\u00a0realizado pela Quercus durante o segundo semestre de 2014, a partir da an\u00e1lise de um conjunto de medi\u00e7\u00f5es feitas nas quatro linhas do Metropolitano de Lisboa, concluiu que a exposi\u00e7\u00e3o ao ru\u00eddo neste meio de transporte coletivo de elevada utiliza\u00e7\u00e3o pode trazer consequ\u00eancias para a sa\u00fade dos […]<\/p>\n","protected":false},"author":5,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"inline_featured_image":false,"footnotes":""},"categories":[230],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10978"}],"collection":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/5"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=10978"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10978\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":10987,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10978\/revisions\/10987"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=10978"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=10978"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=10978"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}