O resultado da maratona negocial da \u00faltima madrugada ainda \u00e9 incerto, dado que h\u00e1 alguns temas importantes em aberto, mas isso n\u00e3o impede uma an\u00e1lise do novo esbo\u00e7o de acordo divulgado ontem \u00e0 noite e cuja nova vers\u00e3o s\u00f3 dever\u00e1 ser divulgada no s\u00e1bado de manh\u00e3. De modo geral, o texto \u00e9 amb\u00edguo em v\u00e1rios par\u00e1grafos, com v\u00e1rias op\u00e7\u00f5es ainda entre par\u00eantesis retos, ou seja, por decidir.<\/p>\n
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As organiza\u00e7\u00f5es n\u00e3o governamentais aqui presentes, v\u00e3o hoje durante todo o dia continuar a pressionar os delegados em reuni\u00f5es formais e informais, onde deixar\u00e3o alertas para algumas quest\u00f5es fulcrais:<\/p>\n
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Ambi\u00e7\u00e3o do Acordo<\/strong><\/p>\n <\/p>\n A formula\u00e7\u00e3o escolhida – limitar o aquecimento global bem abaixo dos\u00a02\u00b0C, efetuando esfor\u00e7os para limitar o aquecimento a 1,5\u00baC, em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 era pr\u00e9-industrial \u2013 n\u00e3o \u00e9 compat\u00edvel com a elimina\u00e7\u00e3o total das emiss\u00f5es dos combust\u00edveis f\u00f3sseis apenas na segunda metade deste s\u00e9culo. Para ser ambicioso, o acordo deve resultar na anula\u00e7\u00e3o completa de emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa (GEE), sem truques como a compensa\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es e a geoengenharia.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Diferencia\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n <\/p>\n Ainda s\u00e3o muitas as varia\u00e7\u00f5es no novo texto que tentam reformular o pre\u00e2mbulo da Conven\u00e7\u00e3o sobre \u201cresponsabilidades comuns mas diferenciadas\u201d, que refletem a dificuldade dos pa\u00edses em lidarem com a presente realidade. O Acordo de Paris s\u00f3 poder\u00e1 cumprir o seu objetivo se todos respeitarem integralmente a Conven\u00e7\u00e3o.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Financiamento<\/strong><\/p>\n <\/p>\n A base de 100 mil milh\u00f5es de d\u00f3lares parece estabelecida. O acordo deve enviar um sinal de longo prazo aos investidores, colocando um pre\u00e7o sobre o carbono, mas as Partes parecem estar a falhar no seu dever de acabar com todos os subs\u00eddios aos combust\u00edveis f\u00f3sseis e com os investimentos intensivos em carbono, ou nos compromissos de desinvestimento nestas \u00e1reas.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n INDC (compromissos nacionais)<\/strong><\/p>\n <\/p>\n \u00c9 factual que os atuais INDC, muitos dos quais dependentes de apoio internacional adequado, n\u00e3o s\u00e3o suficientes para limitar o aquecimento bem abaixo de\u00a02\u00b0C, e muito menos de 1,5\u00b0C. Os compromissos nacionais atuais levam a um aquecimento global de cerca de 3\u00baC. Neste momento n\u00e3o parece haver vontade das Partes para colmatar esta quest\u00e3o. N\u00e3o \u00e9 necess\u00e1rio esperar por um relat\u00f3rio do Painel Intergovernamental sobre Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas (IPCC) em 2018, como est\u00e1 no texto do Acordo, para que seja confirmado que este caminho impede-nos de cumprir o limite de 1,5\u00baC.<\/p>\n <\/p>\n O texto proposto agora fala de um \u201cdi\u00e1logo facilitado em\u00a02019\u201d, com revis\u00e3o de metas em 2025. \u00c9 necess\u00e1rio rever as metas dos compromissos nacionais antes desta data, ou nessa altura poder\u00e1 ser tarde para concluir que hoje estamos a cometer um erro grave.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Transpar\u00eancia, MRV (monitoriza\u00e7\u00e3o, comunica\u00e7\u00e3o e verifica\u00e7\u00e3o) e Conformidade<\/strong><\/p>\n <\/p>\n Ap\u00f3s uma d\u00e9cada de constru\u00e7\u00e3o de confian\u00e7a e seguran\u00e7a atrav\u00e9s destas conversa\u00e7\u00f5es, o Acordo de Paris ainda reflete o medo de que a transpar\u00eancia na implementa\u00e7\u00e3o e uma avalia\u00e7\u00e3o significativa dos resultados poder\u00e1 ser punitiva. \u00c9 altura de adoptar definitivamente a transpar\u00eancia e de retirar os par\u00eantesis do tema da \u201cconformidade\u201d.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n A Quercus na COP 21<\/strong><\/p>\n <\/p>\n A Quercus faz parte da delega\u00e7\u00e3o oficial de Portugal enquanto representante das organiza\u00e7\u00f5es n\u00e3o governamentais de ambiente, fazendo-se representar em Paris, a partir de 8 de Dezembro, por Jo\u00e3o Branco, Presidente da Dire\u00e7\u00e3o Nacional e Ana Rita Antunes, Coordenadora do Grupo de Energia e Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas, acompanhando os trabalhos at\u00e9 ao fim da Confer\u00eancia e anunciando os resultados conhecidos.<\/p>\n <\/p>\n Toda a informa\u00e7\u00e3o sobre a Confer\u00eancia de Paris e as posi\u00e7\u00f5es das Associa\u00e7\u00f5es de defesa do ambiente est\u00e3o a ser permanentemente atualizadas em:<\/strong><\/p>\n <\/p>\n –\u00a0climaticas.blogs.sapo.pt<\/a><\/strong><\/p>\n