{"id":10860,"date":"2021-03-03T18:55:27","date_gmt":"2021-03-03T18:55:27","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=10860"},"modified":"2021-03-03T18:55:27","modified_gmt":"2021-03-03T18:55:27","slug":"sines-na-lista-das-refinarias-europeias-capazes-de-processar-crude-a-partir-de-areias-betuminosas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/sines-na-lista-das-refinarias-europeias-capazes-de-processar-crude-a-partir-de-areias-betuminosas\/","title":{"rendered":"Sines na lista das refinarias europeias capazes de processar crude a partir de areias betuminosas"},"content":{"rendered":"

Um estudo divulgado pela Federa\u00e7\u00e3o Europeia para os Transportes e Ambiente (T&E) e Amigos da Terra \u2013 Europa (FoEE) [1] mostra que a refinaria de Sines \u00e9 uma das 71 refinarias europeias com capacidade para processar crude obtido a partir de areias betuminosas.<\/strong><\/p>\n

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Mais de metade das\u00a0refinarias da Europa est\u00e3o preparadas para processar crude pesado e\/ou pr\u00e9-processado (leve) obtido a partir de areias betuminosas, uma forma de petr\u00f3leo n\u00e3o convencional cuja extra\u00e7\u00e3o implica impactos ambientais muito significativos, sobretudo clim\u00e1ticos.<\/p>\n

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As refinarias de Sines e de Leix\u00f5es, ambas geridas pela empresa Galp Energia, s\u00e3o referenciadas neste estudo<\/strong>, elaborado pela consultora da \u00e1rea petrol\u00edfera MathPro Inc.\u00a0Sines apresenta capacidade para processar crude pr\u00e9-processado (leve) obtido a partir de areias betuminosas e um elevado risco de receber carregamentos por via mar\u00edtima<\/strong>, dada a sua posi\u00e7\u00e3o estrat\u00e9gica. J\u00e1 Leix\u00f5es n\u00e3o apresenta capacidade para processar crudes desta natureza e a capacidade de receber carregamentos por via mar\u00edtima n\u00e3o foi poss\u00edvel confirmar.<\/p>\n

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Um mapa interativo [2] identifica e localiza geograficamente as refinarias por toda a Europa, incluindo as nacionais:<\/p>\n

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\u200b\"mapa<\/p>\n

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A extra\u00e7\u00e3o e refina\u00e7\u00e3o de areias betuminosas emite entre 3 a 4 vezes\u00a0mais gases com efeito de estufa respons\u00e1veis pelo aquecimento global do que o petr\u00f3leo bruto convencional [3].<\/p>\n

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O mapa interativo e o estudo agora divulgados demonstram a<\/strong>\u00a0necessidade de intensificar os esfor\u00e7os para manter as areias betuminosas fora da Europa, a fim de cumprir o objetivo assumido internacionalmente de limitar o aquecimento global abaixo de 2\u00b0C e assegurar a transi\u00e7\u00e3o para um sistema energ\u00e9tico baseado na efici\u00eancia energ\u00e9tica e energias renov\u00e1veis.<\/strong><\/p>\n

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J\u00e1 no in\u00edcio do m\u00eas de novembro, a rejei\u00e7\u00e3o\u00a0do oleoduto Keystone XL nos Estados Unidos da Am\u00e9rica, pelo Presidente Barack Obama, enviou um sinal claro de que as areias betuminosas n\u00e3o devem fazer parte da matriz energ\u00e9tica [4].<\/p>\n

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No entanto, \u00e9 evidente, por este estudo, que a Europa tem capacidade de processar estes combust\u00edveis f\u00f3sseis de grande impacto clim\u00e1tico, continuando a Uni\u00e3o Europeia a n\u00e3o fazer nada para impedi-los de entrar no espa\u00e7o europeu. J\u00e1 em 2014, um estudo elaborado pelo\u00a0Natural Resources Defence Council<\/i>\u00a0mostrava que a importa\u00e7\u00e3o sem restri\u00e7\u00f5es de areias betuminosas para a Europa teria um impacto clim\u00e1tico equivalente \u00e0s emiss\u00f5es de 6 milh\u00f5es de ve\u00edculos adicionais na estrada [5].<\/p>\n

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Relembre-se ainda que o primeiro carregamento de\u00a0crude obtido a partir de areias betuminosas do Canad\u00e1 para a Europa chegou a Bilbao, em Espanha, em junho de 2014 [6]. As propostas iniciais da Comiss\u00e3o Europeia para implementar a Diretiva sobre a Qualidade dos Combust\u00edveis teriam desencorajado o uso de combust\u00edveis f\u00f3sseis com alto teor de carbono no setor dos transportes. Contudo, os textos finais n\u00e3o conseguiram alcan\u00e7ar este objetivo.<\/p>\n

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As refinarias europeias t\u00eam ignorado esta verdade inconveniente e continuam a investir em tecnologias de refina\u00e7\u00e3o de combust\u00edveis de grande impacto clim\u00e1tico, com a agravante dos consumidores n\u00e3o serem informados da sua carga poluente.<\/p>\n

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Para a Quercus e outras associa\u00e7\u00f5es de defesa do ambiente, as areias betuminosas e outros combust\u00edveis f\u00f3sseis n\u00e3o convencionais, muito poluentes, devem permanecer no subsolo, por forma a evitar as consequ\u00eancias das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, e os investimentos dever\u00e3o sim ser redirecionados para fontes de energia limpas e renov\u00e1veis.<\/p>\n

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Lisboa, 23 de Dezembro de 2015<\/p>\n

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A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n

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\nNotas:<\/strong><\/p>\n

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[1] Estudo completo: \u201cAssessment of the European refining sector\u2019s capability to process unconventional, heavy crude oils\u201d, MathPro Inc:\u00a0http:\/\/www.transportenvironment.org\/sites\/te\/files\/FoEE_TE_03_Final_Project_Report_091015.pdf<\/a><\/p>\n

[2] Mapa das refinarias europeias produzido pela Federa\u00e7\u00e3o Europeia para os Transportes e Ambiente e pela Amigos da Terra \u2013 Europa:\u00a0http:\/\/www.transportenvironment.org\/refineriesmap<\/a><\/p>\n

[3]\u00a0http:\/\/www.nrdc.org\/energy\/files\/keystonexlmyths.pdf<\/a><\/p>\n

[4] Not\u00edcia sobre a rejei\u00e7\u00e3o do oleoduto Keystone XL por Barack Obama:\u00a0http:\/\/www.foeeurope.org\/US-President-rejects-KeystoneXL-061115<\/a><\/p>\n

[5]\u00a0Estudo NRDC (2014):\u00a0http:\/\/www.transportenvironment.org\/publications\/nrdc-report-increased-tar-sands-imports-europe<\/a><\/p>\n

[6] Not\u00edcia sobre a chegada de um carregamento de crude obtido a partir de areias betuminosas a Bilbao:\u00a0http:\/\/www.theguardian.com\/environment\/2014\/jun\/06\/first-tar-sands-oil-shipment-arrives-in-europe-amid-protests<\/a><\/p>\n

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