{"id":10545,"date":"2021-03-03T18:28:27","date_gmt":"2021-03-03T18:28:27","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=10545"},"modified":"2021-03-03T18:28:27","modified_gmt":"2021-03-03T18:28:27","slug":"quercus-pede-investigacao-seria-aos-dados-declarados-pela-industria","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/quercus-pede-investigacao-seria-aos-dados-declarados-pela-industria\/","title":{"rendered":"Quercus pede investiga\u00e7\u00e3o s\u00e9ria aos dados declarados pela ind\u00fastria"},"content":{"rendered":"
<\/p>\n
Bruxelas e Lisboa, 20 Dezembro 2016 \u2013\u00a0De acordo com o<\/strong>\u00a0estudo \u201cMind The Gap 2016\u201d, divulgado hoje, 20 de dezembro, pela Federa\u00e7\u00e3o Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E), v\u00e1rios fabricantes autom\u00f3veis est\u00e3o a manipular os dados relativos \u00e0 efici\u00eancia no consumo de combust\u00edvel da sua frota, que pesa afinal 549\u20ac\/ano a mais no bolso dos condutores face ao publicitado pelas marcas. A Mercedes encabe\u00e7a a lista de fabricantes com a maior diferen\u00e7a entre o consumo de combust\u00edvel na estrada e o consumo medido em testes de laborat\u00f3rio [1].<\/strong><\/p>\n \u00a0<\/strong><\/p>\n Principais conclus\u00f5es do estudo \u201cMind the Gap 2016\u201d: \u00a0<\/strong><\/p>\n \u00a0<\/i><\/strong><\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Mercedes e Audi entre os fabricantes com maiores diferen\u00e7as de consumo<\/strong><\/p>\n <\/p>\n O Mercedes Classe C, um ve\u00edculo de segmento m\u00e9dio, apresenta um consumo de combust\u00edvel 54% superior face ao anunciado pela marca, uma diferen\u00e7a significativa face ao modelo mais vendido neste segmento, o Volkswagen Passat, cuja disparidade entre laborat\u00f3rio e estrada se situa nos 46%.<\/p>\n <\/p>\n Os testes de efici\u00eancia de combust\u00edvel s\u00e3o conduzidos em laborat\u00f3rio e apresentam bastantes lacunas e flexibilidades, sendo propensos a manipula\u00e7\u00e3o. Contudo, mesmo tendo isto em conta e o fato de algumas tecnologias mais eficientes terem melhores desempenhos em condi\u00e7\u00f5es de laborat\u00f3rio do que na estrada,\u00a0\u00e9 imposs\u00edvel explicar disparidades no consumo de combust\u00edvel entre laborat\u00f3rio e estrada superiores a 50% (ver infografia).<\/p>\n <\/p>\n Tais resultados t\u00e3o inexplic\u00e1veis levantam suspeitas sobre se os fabricantes como a Mercedes e a Audi est\u00e3o ou n\u00e3o a avaliar o consumo de combust\u00edvel de forma rigorosa quando o ve\u00edculo est\u00e1 a ser testado e a produzir artificialmente valores de consumo mais reduzidos durante esse mesmo teste.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Disparidades crescentes entre consumo declarado e real nos \u00faltimos anos<\/strong><\/p>\n \u00a0<\/strong><\/p>\n O cen\u00e1rio global da ind\u00fastria autom\u00f3vel a n\u00edvel europeu n\u00e3o \u00e9 muito mais animador. Considerando todos os fabricantes na Europa, a diferen\u00e7a m\u00e9dia entre valores de consumo em laborat\u00f3rio e em estrada tem vindo a crescer rapidamente, passando de 28% em 2012 para 42% em 2015. H\u00e1 uma d\u00e9cada, a diferen\u00e7a era de apenas 14%. A Audi \u00e9 a segunda pior classificada com uma diferen\u00e7a m\u00e9dia de 49%. Em geral, a maioria dos fabricantes autom\u00f3veis tem uma diferen\u00e7a m\u00e9dia superior a 40%: Peugeot (45%), Toyota (43%) e Volkswagen (40%), com a not\u00e1vel exce\u00e7\u00e3o da Fiat (35%).<\/p>\n \u00a0<\/strong><\/p>\n Condutores gastam mais 549\u20ac\/ano em combust\u00edvel face ao publicitado por fabricantes<\/strong><\/p>\n <\/p>\n A manipula\u00e7\u00e3o dos dados de efici\u00eancia no consumo de combust\u00edvel por parte dos fabricantes de autom\u00f3veis \u00e9 motivo de desilus\u00e3o para os condutores europeus, cujos ve\u00edculos consomem mais combust\u00edvel do que o anunciado em meios de publicidade. Isto significa que um condutor t\u00edpico gasta, em m\u00e9dia, cerca de 549\u20ac a mais por ano em combust\u00edvel, comparando com os\u00a0 valores de consumo publicitados pelos fabricantes de autom\u00f3veis.<\/p>\n <\/p>\n \u00a0<\/strong><\/p>\n Autom\u00f3veis s\u00e3o os mais poluentes no setor dos transportes<\/strong><\/p>\n <\/p>\n Os autom\u00f3veis s\u00e3o respons\u00e1veis por 15% das emiss\u00f5es totais de CO2<\/sub>\u00a0na Europa, representando a maior fonte de emiss\u00f5es no setor dos transportes. A legisla\u00e7\u00e3o europeia em vigor, que regula os limites de emiss\u00e3o de CO2<\/sub>, exige que os fabricantes de autom\u00f3veis limitem as emiss\u00f5es m\u00e9dias de CO2<\/sub>\u00a0da sua frota de ve\u00edculos a um m\u00e1ximo de 130 gCO2<\/sub>\/km at\u00e9 2015, e 95 gCO2<\/sub>\/km at\u00e9 2021. A Comiss\u00e3o Europeia pretende propor limites mais ambiciosos para 2025 no in\u00edcio do pr\u00f3ximo ano.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Quercus defende investiga\u00e7\u00e3o sobre dados de consumo e emiss\u00f5es anunciados pelos fabricantes<\/strong><\/p>\n <\/p>\n Enquanto membro da T&E,\u00a0a Quercus lamenta que, uma vez mais, os fabricantes de autom\u00f3veis estejam a enganar os condutores e em total incumprimento das regras ambientais, quando os seus ve\u00edculos apresentam, em alguns casos, um consumo real de combust\u00edvel superior em 50% face ao declarado.<\/p>\n <\/p>\n A Quercus defende que a Comiss\u00e3o Europeia e as autoridades nacionais de homologa\u00e7\u00e3o de ve\u00edculos devem investigar de forma s\u00e9ria e alargada todos os fabricantes de autom\u00f3veis, e avaliar se est\u00e3o a usar dispositivos para manipular os dados de consumo de combust\u00edvel em ambiente de laborat\u00f3rio.\u00a0Decorrido mais de um ano ap\u00f3s o esc\u00e2ndalo das emiss\u00f5es nos Estados Unidos que envolveu a Volkswagen (o chamado \u201cDieselgate\u201d), a Quercus, em linha com a T&E, espera uma r\u00e1pida atua\u00e7\u00e3o para clarificar com a maior transpar\u00eancia poss\u00edvel este novo caso de manipula\u00e7\u00e3o que j\u00e1 foi apelidado de\u00a0\u201cAutogate\u201d.<\/p>\n <\/p>\n Nos \u00faltimos quatro anos, n\u00e3o tem sido registadas melhorias na efici\u00eancia dos novos ve\u00edculos a circular nas estradas europeias, precisamente porque os fabricantes est\u00e3o a manipular os testes em laborat\u00f3rio para atingir os seus objetivos de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es de CO2<\/sub>, em vez de redesenharem os seus ve\u00edculos para torn\u00e1-los mais eficientes.<\/p>\n <\/p>\n Como resultado, os condutores est\u00e3o a ser enganados e for\u00e7ados a pagar mais combust\u00edvel, enquanto os governos s\u00e3o defraudados em receitas fiscais e o cumprimento das\u00a0metas clim\u00e1ticas enfraquecido.<\/p>\n <\/p>\n Lisboa, 20 de dezembro de 2016<\/p>\n <\/p>\n A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n <\/p>\n ____________________________________________________________________________________<\/p>\n\n