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Lisboa, 26 de Abril de 2017<\/strong>\u00a0– Queiramos ou n\u00e3o, os pesticidas tornaram-se um ingrediente comum na alimenta\u00e7\u00e3o na Europa. Segundo um estudo recentemente publicado pela Autoridade Europeia para a Seguran\u00e7a Alimentar (EFSA) (1) mais de 97% de produtos alimentares europeus cont\u00e9m res\u00edduos de pesticidas, de acordo com as an\u00e1lises levadas a cabo pelas autoridades nacionais da UE. Das 84,341 amostras de produtos analisados, provenientes de agricultura convencional, 97.2% continham vest\u00edgios de um ou mais entre 774 pesticidas diferentes.<\/p>\n<\/p>\n
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Os cocktails de pesticidas<\/strong><\/p>\n <\/p>\n No entanto, este ano, e uma vez mais, a EFSA anunciou com orgulho que 97,2% da comida europeia testada se encontrava dentro dos limites permitidos pela legisla\u00e7\u00e3o europeia e concluiu \u2013 precipitadamente a nosso ver – que o risco para a sa\u00fade dos consumidores permanece baixo. A Quercus e a PAN-Europe consideram que esta conclus\u00e3o, baseada em modelos te\u00f3ricos, \u00e9 um engano para os europeus, sobretudo porque 28% dos alimentos apresentaram, de facto, resultados positivos para res\u00edduos m\u00faltiplos de pesticidas\u2013 os famosos cocktails de pesticidas – cuja seguran\u00e7a nunca foi avaliada.<\/p>\n <\/p>\n Al\u00e9m disso, as pe\u00e7as de frutas ou vegetais podem conter n\u00edveis muito mais elevados, como \u00e9 o caso das uvas (p. 37), onde foram detectados pesticidas em 77,3% das amostras, sendo que 58,3% continham res\u00edduos m\u00faltiplos. Detectaram-se at\u00e9 19 pesticidas numa simples amostra vinda da Turquia, um n\u00famero que tamb\u00e9m \u00e9 comum na alimenta\u00e7\u00e3o produzida na Europa.<\/p>\n <\/p>\n A PAN Europe tem salientado diversas vezes a necessidade de as entidades reguladoras considerarem, nos seus estudos sobre seguran\u00e7a alimentar, o facto de os pesticidas geralmente n\u00e3o ocorrerem isolados nos alimentos, mas em combina\u00e7\u00f5es \u2013 cujos efeitos podem ser cumulativos ou potenciados, quando comparados com os efeitos observados ap\u00f3s a exposi\u00e7\u00e3o a cada pesticida isolado (2).<\/p>\n <\/p>\n Se os cocktails de pesticidas forem tidos em considera\u00e7\u00e3o, provar-se-\u00e1 que os limites permitidos n\u00e3o s\u00e3o nada seguros, o que revelar\u00e1 que o risco para a sa\u00fade humana n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o \u201cbaixo\u201d como a EFSA gosta de declarar. Isto ir\u00e1 confirmar que o atual modelo de agricultura baseada em venenos \u00e9, de facto, extremamente problem\u00e1tico.<\/p>\n <\/p>\n H\u00e1 10 anos atr\u00e1s, foi pedido \u00e0 EFSA que analisasse o risco de exposi\u00e7\u00e3o a res\u00edduos m\u00faltiplos de pesticidas. Nada foi implementado at\u00e9 hoje, apesar das evid\u00eancias de que o m\u00e9todo atual n\u00e3o \u00e9 seguro.\u201d<\/p>\n <\/p>\n Em 2015, a percentagem de vegetais e frutas sem res\u00edduos de pesticidas detect\u00e1veis, em lojas Europeias, voltou a descer consideravelmente at\u00e9 53,3%, tal como tinha acontecido em 2013, pr\u00f3ximo do recorde mais baixo, de 2007.<\/p>\n <\/p>\n Em 2015, a percentagem de res\u00edduos m\u00faltiplos nos vegetais e frutos Europeus voltou a aumentar, para o n\u00edvel bastante elevado de 28%. Infelizmente, a EFSA cessou a publica\u00e7\u00e3o de dados sobre os n\u00fameros relatados mais elevados de pesticidas numa s\u00f3 amostra, que chegavam frequentemente aos 30 num s\u00f3 alimento (uvas, passas).<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Bananas e passas, campe\u00f5es multi-res\u00edduo<\/strong><\/p>\n <\/p>\n Em 2015, o carrinho de compras dos analistas inclu\u00eda bananas, beringelas, br\u00f3colos, azeite virgem, sumo de laranja, ervilhas, pimentos, passas, trigo, manteiga e ovos. Enquanto algumas amostras de cada produto apresentavam res\u00edduos de m\u00faltiplos pesticidas, os resultados das bananas (58,4%) e passas (58,3%) eram os mais impressionantes, seguidos pelos pimentos (24,5%). (4)<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Pesticidas n\u00e3o autorizados<\/strong><\/p>\n <\/p>\n Tr\u00eas quartos das amostras analisadas vieram de pa\u00edses europeus (incluindo a Noruega e a Isl\u00e2ndia), vindo o outro quarto de pa\u00edses terceiros n\u00e3o especificados. Estas importa\u00e7\u00f5es representam o maior risco para os consumidores, com 5,6% a apresentarem res\u00edduos de pesticidas acima dos limites europeus. Entre os produtos oriundos da UE, 1,7% das amostras estavam acima dos limites legais. Um ter\u00e7o de todos os pesticidas detetados \u00e9 ilegal na Uni\u00e3o Europeia.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n <\/p>\n Fontes:<\/strong><\/p>\n <\/p>\n 1)\u00a0http:\/\/www.efsa.europa.eu\/en\/press\/news\/170411<\/a><\/p>\n <\/p>\n 2)\u00a0http:\/\/www.pan-europe.info\/what-we-do\/presentations\/2017\/04\/exposure-chemical-mixtures-publicconcern<\/a><\/p>\n <\/p>\n