{"id":10180,"date":"2021-03-03T17:39:34","date_gmt":"2021-03-03T17:39:34","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=10180"},"modified":"2021-03-03T17:39:34","modified_gmt":"2021-03-03T17:39:34","slug":"os-portugueses-vivem-com-frio-dentro-de-suas-casas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/os-portugueses-vivem-com-frio-dentro-de-suas-casas\/","title":{"rendered":"Os portugueses vivem com frio dentro de suas casas"},"content":{"rendered":"

Cerca de 74% dos portugueses consideram as suas casas frias no inverno, 25% consideram as suas casas quentes no ver\u00e3o e apenas 1% dos portugueses considera a sua casa t\u00e9rmicamente confort\u00e1vel e por isso os gastos de energia para colmatar as necessidades de aquecimento s\u00e3o elevados.<\/p>\n

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Os resultados s\u00e3o de um inqu\u00e9rito lan\u00e7ado em colabora\u00e7\u00e3o com a Quercus, pelo Portal da Constru\u00e7\u00e3o Sustent\u00e1vel, realizado entre fevereiro e agosto de 2017, para averiguar se os portugueses consideravam a sua casa Fria, Quente ou Confort\u00e1vel.<\/p>\n

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Dos cerca de quase mil inquiridos em Portugal continental, 74% consideram a sua casa fria no inverno. Destes, 35% recorrem a mais roupa e mais equipamentos para se aquecerem, sendo que 21% recorrem a mais equipamentos e 20% s\u00f3 fazem uso de mais roupa. Nos 74% que consideram a sua casa fria, s\u00e3o 21% os que tamb\u00e9m consideram haver um aumento significativo de energia \u2013 de quase o dobro – para manter o conforto.<\/p>\n

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J\u00e1 em 2003 foram publicados os resultados de uma investiga\u00e7\u00e3o realizada pela Universidade de Dublin que concluiu que Portugal \u00e9 um dos pa\u00edses da Uni\u00e3o Europeia onde mais se morre por falta de condi\u00e7\u00f5es de isolamento e aquecimento nas casas. Durante 10 anos analisou-se os \u00edndices de mortalidade de 14 pa\u00edses, cruzando os dados com informa\u00e7\u00e3o sobre v\u00e1rios fatores como o estilo de vida, presta\u00e7\u00e3o de cuidados de sa\u00fade, desigualdades sociais e efici\u00eancia energ\u00e9tica\/isolamento das habita\u00e7\u00f5es<\/p>\n

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Neste inqu\u00e9rito tamb\u00e9m se verificou que, no universo de inquiridos que tem frio em casa, 24% diz ter em casa pessoas com problemas de sa\u00fade devido ao (des)conforto t\u00e9rmico, e 6% n\u00e3o quis responder. De entre estas respostas salientam-se os problemas respirat\u00f3rios e alergias. \u00c9 nos edif\u00edcios que passamos cerca de 90% dos nossos dias. Sendo que a nossa casa deveria ser um espa\u00e7o confort\u00e1vel uma vez que os espa\u00e7os que habitamos tem uma grande influ\u00eancia na nossa sa\u00fade.<\/p>\n

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\u201dConv\u00e9m que os decisores governamentais e os munic\u00edpios estudem mais detalhadamente estas influ\u00eancias, para perceber o que se pode fazer para evitar problemas graves de desconforto t\u00e9rmico, j\u00e1 que de acordo com a classifica\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica de K\u00f6ppen, Portugal \u00e9 um dos pa\u00edses europeus mais amenos: a temperatura m\u00e9dia anual em Portugal continental varia dos 4 \u00b0C no interior norte montanhoso at\u00e9 18 \u00b0C no sul, na bacia do Guadiana \u201d- diz Aline Guerreiro, respons\u00e1vel do Grupo de Trabalho sobre Constru\u00e7\u00e3o Sustent\u00e1vel da Quercus.<\/p>\n

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\u201cOra, se n\u00e3o h\u00e1 frio excessivo na rua, onde morrem os portugueses de frio? Em casa, na sua cama, vestidos e enrolados em cobertores. De facto uma fatia de apenas 1% dos inquiridos considera habitar numa casa confort\u00e1vel. E a sua maioria recorre a mais roupa e mais equipamentos para colmatar as necessidades de aquecimento \u201c acrescenta ainda.<\/p>\n

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Com a eletricidade mais cara da Europa \u2013 tendo em conta o poder de compra dos portugueses, \u00e9 natural que tendam a recorrer a apenas mais roupa. As nossas casas s\u00e3o desconfort\u00e1veis e geladas. Lembramos que a \u00e9poca 2014\/2015 (h\u00e1 apenas 2 anos), foi a que teve o maior registo de mortes al\u00e9m do esperado desde a \u00e9poca gripal 1998\/1999.<\/p>\n

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Apesar dos instrumentos adotados por Portugal para a reabilita\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica de edif\u00edcios, Portugal registou entre 2012 e 2015, segundo o relat\u00f3rio \u201cEnergy Efficiency Watch Survey\u201d, a segunda maior descida na evolu\u00e7\u00e3o das pol\u00edticas de efici\u00eancia energ\u00e9tica, na UE.
\nMas, de onde v\u00eam estas perdas de calor em casa?<\/p>\n

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Segundo os resultados do inqu\u00e9rito, dos 74% de portugueses que consideram a s suas casas frias, 37% diz n\u00e3o possuir qualquer isolamento em casa e 35% diz que n\u00e3o sabe se a sua casa possui isolamento. Desta fatia, a sua maioria habita casas constru\u00eddas entre 1980 e abril de 2004, na sua maioria com vidros duplos nas janelas, mas n\u00e3o possuem caixilharias com rutura t\u00e9rmica, o que de nada adianta a efici\u00eancia do vidro.<\/p>\n

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Conv\u00e9m lembrar que em abril de 2004 surge a FTH, documento que \u00e9 exigido para os pr\u00e9dios que tenham sido edificados ou que tenham sido submetidos a obras de reconstru\u00e7\u00e3o ap\u00f3s aquela data e que informa o consumidor, ou deveria informar, sobre as principais caracter\u00edsticas t\u00e9cnicas e funcionais do pr\u00e9dio urbano para fim habitacional. Documento sobre o qual os portugueses que habitam em casas posteriores a 2004, 79% dizem n\u00e3o saber sequer do que se trata.<\/p>\n

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A energia mais barata \u00e9 a energia que n\u00e3o necessitamos de gastar. Por isso \u00e9 pertinente pensar em pol\u00edticas locais que beneficiem a reabilita\u00e7\u00e3o sustent\u00e1vel dos edif\u00edcios (habita\u00e7\u00f5es existentes) de forma a isola-las convenientemente, para que o calor gerado dentro de casa se mantenha. Isolamento t\u00e9rmico insuficiente nos elementos opacos da envolvente, pode representar entre 30% a 60% (no caso de n\u00e3o haver qualquer isolamento) das perdas. O baixo desempenho de v\u00e3os envidra\u00e7ados e portas, com caixilharias desadequadas, representam entre 25% a 30% dessas mesmas perdas t\u00e9rmicas.<\/p>\n

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\u00c9 preciso criar instrumentos efetivamente eficazes, que informem convenientemente os portugueses e que sejam uma obrigatoriedade. O atual incentivo o IFRRU, que ainda n\u00e3o obteve resultados, de nada serve se n\u00e3o acreditarmos os documentos obrigat\u00f3rios ao im\u00f3vel, como a FTH e o CE.<\/p>\n

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A Quercus lembra que a efici\u00eancia energ\u00e9tica, al\u00e9m de uma necessidade evidente, \u00e9 uma obrigatoriedade. A Diretiva Europeia sobre o Desempenho Energ\u00e9tico dos Edif\u00edcios (EPBD) obriga a que a partir de 1 de janeiro de 2019 em novos edif\u00edcios p\u00fablicos, e de 1 de janeiro de 2021 em novos edif\u00edcios particulares, seja implementado o NZEB, acr\u00f3nimo para Nearly Zero Energy Building, ou seja, edif\u00edcios com necessidades quase nulas de energia.<\/p>\n

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Tendo em conta que aproximadamente 40% do consumo total de energia na Uni\u00e3o Europeia corresponde aos edif\u00edcios, o aumento da efici\u00eancia energ\u00e9tica destes constitui uma das medidas necess\u00e1rias para reduzir a depend\u00eancia energ\u00e9tica da Uni\u00e3o por um lado, e diminuir as emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa por outro lado. Todos os edif\u00edcios deveriam ser desenhados, constru\u00eddos e reabilitados, de forma a pouparem energia, reduzindo as emiss\u00f5es de CO2 associadas.<\/p>\n

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Lisboa, 14 de dezembro de 2017<\/p>\n

Grupo de Trabalho sobre Constru\u00e7\u00e3o Sustent\u00e1vel da Quercus<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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