{"id":10177,"date":"2021-03-03T17:38:53","date_gmt":"2021-03-03T17:38:53","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=10177"},"modified":"2021-03-03T17:38:53","modified_gmt":"2021-03-03T17:38:53","slug":"coligacao-europeia-save-the-bees","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/coligacao-europeia-save-the-bees\/","title":{"rendered":"Coliga\u00e7\u00e3o Europeia \u201cSave the Bees\u201d"},"content":{"rendered":"

80 ONGs da Uni\u00e3o Europeia, entre as quais a Quercus, juntam-se num movimento para salvar as abelhas e exigir a aboli\u00e7\u00e3o total dos neonicotin\u00f3ides<\/h2>\n

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\"beeEm dezembro de 2013, a Comiss\u00e3o Europeia restringiu o uso de 3 inseticidas neonicotin\u00f3ides altamente t\u00f3xicos para as abelhas, nomeadamente o imidaclopride, o clotianidina e o tiametoxame. No 4.\u00ba anivers\u00e1rio da aboli\u00e7\u00e3o parcial destas subst\u00e2ncias, os novos conhecimentos cient\u00edficos confirmam que estas restri\u00e7\u00f5es n\u00e3o s\u00e3o suficientes. Por isso, mais de 80 ONGs, entre elas a Quercus, juntaram-se para exigir aos decisores da UE que pro\u00edbam totalmente, e sem demora, os neonicotin\u00f3ides.<\/p>\n

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A 12 e 13 de dezembro \u00e9 discutida uma proposta da Comiss\u00e3o Europeia no sentido de alargar a proibi\u00e7\u00e3o a todas as culturas ao ar livre. Os Estados Membros ser\u00e3o chamados a votar esta proposta. O Reino Unido, a Irlanda e a Fran\u00e7a deram j\u00e1 a conhecer que apoiam uma proibi\u00e7\u00e3o, mas a posi\u00e7\u00e3o dos restantes Estados Membros n\u00e3o \u00e9 conhecida.<\/p>\n

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Abelhas afetadas mesmo com culturas das quais n\u00e3o se alimentam<\/strong><\/p>\n

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A proposta da Comiss\u00e3o baseia-se nas conclus\u00f5es da Autoridade Europeia para a Seguran\u00e7a Alimentar, segundo as quais as abelhas est\u00e3o em risco devido ao uso de neonicotin\u00f3ides em todas as culturas ao ar livre e n\u00e3o apenas pelo seu uso nas culturas com flora\u00e7\u00e3o de que elas se alimentam diretamente. V\u00e1rios estudos recentes mostram tamb\u00e9m que os neonicotin\u00f3ides contaminam o ambiente e podem ser encontrados na \u00e1gua e nas flores silvestres, pondo em risco a vida selvagem.<\/p>\n

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Martin Dermine, especialista em polinizadores da PAN-Europe da qual a Quercus \u00e9 membro, afirmou: \u201cEm 2013, houve provas suficientes para se proibirem totalmente os neonicotin\u00f3ides. A sua toxicidade n\u00e3o \u00e9 compat\u00edvel com a produ\u00e7\u00e3o sustent\u00e1vel de alimentos. As popula\u00e7\u00f5es de abelhas e de insetos em geral precisam de uma aten\u00e7\u00e3o especial, pois o seu decl\u00ednio \u00e9 enorme. As provas mostram que apesar das informa\u00e7\u00f5es alarmistas difundidas pela ind\u00fastria de pesticidas, as restri\u00e7\u00f5es de 2013 n\u00e3o conduziram a nenhuma redu\u00e7\u00e3o da produtividade das culturas. Assim, n\u00e3o existe nenhum motivo que justifique o seu uso e o colapso ambiental que implica.\u201d<\/p>\n

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Em 1994, quando foi autorizada pela primeira vez em Fran\u00e7a a utiliza\u00e7\u00e3o do imidaclopride nos girass\u00f3is, os apicultores franceses repararam imediatamente nos enormes impactos negativos desta subst\u00e2ncia ativa na sa\u00fade das abelhas e na vitalidade das suas colmeias. Os campos de girass\u00f3is deixaram de ser uma das principais fontes de produ\u00e7\u00e3o de mel em Fran\u00e7a e transformaram-se numa causa do decl\u00ednio da apicultura francesa. O caso franc\u00eas alastrou para a UE e para todo o mundo, juntamente com a difus\u00e3o do uso de neonicotin\u00f3ides.<\/p>\n

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Dezanove anos depois da mobiliza\u00e7\u00e3o de apicultores e ambientalistas, a Comiss\u00e3o Europeia decidiu, em 2013, proibir o uso de neonicotin\u00f3ides nas culturas atrativas para as abelhas. O executivo da UE tamb\u00e9m pediu aos produtores destas subst\u00e2ncias, a Bayer e a Syngenta, que fornecessem os denominados \u201cdados comprovativos\u201d para avaliar melhor a toxicidade destas subst\u00e2ncias. A Autoridade Europeia para a Seguran\u00e7a Alimentar (EFSA) analisou estes dados e publicou a sua avalia\u00e7\u00e3o em novembro de 2016[1]. A EFSA confirmou que estas subst\u00e2ncias s\u00e3o altamente t\u00f3xicas para abelhas, indiv\u00edduos do g\u00e9nero Bombus spp e abelhas solit\u00e1rias. A Autoridade tamb\u00e9m confirmou a exist\u00eancia de lacunas nos dados que impedem uma avalia\u00e7\u00e3o correta dos riscos, em particular para as abelhas selvagens. A EFSA advertiu ainda para o facto de as abelhas poderem ser expostas a neonicotin\u00f3ides fora das culturas, uma vez que estes inseticidas contaminam tamb\u00e9m as flores silvestres.<\/p>\n

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Abelhas selvagens, solit\u00e1rias e todos os insetos em geral s\u00e3o tamb\u00e9m atingidos<\/strong><\/p>\n

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Dados cient\u00edficos independentes demonstraram que a toxicidade dos neonicotin\u00f3ides vai muito mais longe: atinge indiv\u00edduos do g\u00e9nero Bombus spp, abelhas selvagens e todos os insetos em geral. Recentemente, ficou demonstrado um decl\u00ednio extraordin\u00e1rio (uma queda de 75% da biomassa de insetos nas \u00e1reas naturais da Alemanha ao longo de 27 anos [2]) que os autores atribuem \u00e0s pr\u00e1ticas de agricultura intensiva, incluindo o uso de pesticidas. Uma atualiza\u00e7\u00e3o recente da \u2018Avalia\u00e7\u00e3o Mundial Integrada do impacto dos pesticidas sist\u00e9micos sobre a biodiversidade e os ecossistemas\u2019 analisou 500 evid\u00eancias cient\u00edficas publicadas desde 2014 e confirmou o elevado risco destas subst\u00e2ncias, n\u00e3o apenas para os insetos, mas tamb\u00e9m para os vertebrados e vida selvagem em geral [3].<\/p>\n

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Seguindo as recomenda\u00e7\u00f5es da EFSA de novembro de 2016, a Comiss\u00e3o Europeia enviou aos Estados Membros da UE, em fevereiro de 2017, um projeto de regulamenta\u00e7\u00e3o para proibir estes 3 neonicotin\u00f3ides na agricultura da UE, com uma exce\u00e7\u00e3o para o seu uso em estufas permanentes. Os Estados Membros da UE ir\u00e3o discutir e possivelmente votar esta proposta no Comit\u00e9 Permanente de 12 e 13 dezembro sobre os pesticidas.<\/p>\n

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Coliga\u00e7\u00e3o Save the Bees pede a proibi\u00e7\u00e3o de todos os usos de neonicotin\u00f3ides<\/strong><\/p>\n

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Mais de 80 ONGs da UE, abrangendo a maioria da Uni\u00e3o Europeia e incluindo apicultores, ambientalistas e cientistas, lan\u00e7aram oficialmente, na passada semana, o Movimento Save The Bees Coalition[4] para conseguir a proibi\u00e7\u00e3o de que o ambiente precisa. O Movimento ir\u00e1 pedir a todos os Estados Membros da UE que votem a favor da proposta da Comiss\u00e3o Europeia no sentido de proibir todos os usos destes neonicotin\u00f3ides, incluindo nas estufas, para proteger as abelhas, uma vez que existem provas que demonstram que as estufas n\u00e3o s\u00e3o sistemas fechados e n\u00e3o evitam as fugas e a contamina\u00e7\u00e3o do ambiente. O Movimento ir\u00e1 tamb\u00e9m exigir que o impacto de todos os outros pesticidas qu\u00edmicos sobre as abelhas seja devidamente testado, para que todos os pesticidas nocivos para as abelhas sejam proibidos na UE. Assim, os Estados Membros t\u00eam de aprovar sem demora o documento de orienta\u00e7\u00e3o da EFSA sobre as abelhas [5].<\/p>\n

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[1]\u00a0https:\/\/www.efsa.europa.eu\/en\/efsajournal\/pub\/4606<\/a><\/p>\n

https:\/\/www.efsa.europa.eu\/en\/efsajournal\/pub\/4607<\/p>\n

[2] Hallman et al. 2017<\/p>\n

[3] \u00a0https:\/\/www.iucn.org\/news\/secretariat\/201709\/severe-threats-biodiversity-neonicotinoid-pesticides-revealed-latest-scientific-review<\/a><\/p>\n

[4] www.beecoalition.eu<\/p>\n

[5]\u00a0https:\/\/www.efsa.europa.eu\/en\/efsajournal\/pub\/3295<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

80 ONGs da Uni\u00e3o Europeia, entre as quais a Quercus, juntam-se num movimento para salvar as abelhas e exigir a aboli\u00e7\u00e3o total dos neonicotin\u00f3ides   Em dezembro de 2013, a Comiss\u00e3o Europeia restringiu o uso de 3 inseticidas neonicotin\u00f3ides altamente t\u00f3xicos para as abelhas, nomeadamente o imidaclopride, o clotianidina e o tiametoxame. No 4.\u00ba anivers\u00e1rio […]<\/p>\n","protected":false},"author":5,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"inline_featured_image":false,"footnotes":""},"categories":[109,198],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10177"}],"collection":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/5"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=10177"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10177\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":10207,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10177\/revisions\/10207"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=10177"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=10177"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=10177"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}