Pesticidas – Quercus https://quercus.pt Tue, 20 Sep 2022 12:14:38 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.2 https://quercus.pt/wp-content/uploads/2021/03/cropped-logotipo-quercus-svg-32x32.png Pesticidas – Quercus https://quercus.pt 32 32 Alternativas não químicas para controlo de plantas infestantes https://quercus.pt/2022/04/18/alternativas-nao-quimicas-para-controlo-de-plantas-infestantes/ Mon, 18 Apr 2022 11:08:24 +0000 https://quercus.pt/?p=17216 A mera substituição dos herbicidas por meios alternativos é dispendiosa e ineficaz. No documento “Linhas Orientadoras – Controlo de Plantas Infestantes em Espaços Públicos” e no website do projeto europeu Pesticide Free Towns – Localidades sem Pesticidas, com versão portuguesa disponível: http://www.localidades-sem-pesticidas.info/ poderá encontrar informação sobre a abordagem e métodos de controlo das ervas espontâneas.

A primeira lição a reter é uma maior tolerância perante este recurso, pelo que a paisagem tem necessariamente de ser mais verde e florida; implementar medidas preventivas de modo a limitar a necessidade de controlo, como a reparação de juntas, adaptação de tipos e áreas dos pavimentos e áreas ajardinadas mais naturais de baixa manutenção (que irão também libertar mão-de-obra para as áreas onde o controlo é inevitável); usar equipamentos alternativos sempre que necessário.

  • Métodos biológicos: O abafamento através de empalhamento/mulching (casca de pinho ou estilha de materiais florestais), plantação de plantas abafantes ou simplesmente plantação densa, de preferência com espécies autóctones, para uma boa cobertura do solo; a instalação de prados em vez de relvados, são alguns exemplos que se podem aplicar em taludes e/ou espaços ajardinados. O pastoreio é particularmente interessante pelo aproveitamento do recurso natural que são as ervas espontâneas, e em áreas de acesso mais difícil aos equipamentos de monda mecânica, por exemplo. Mesmo em áreas urbanas é uma opção a considerar tal como o fez Gent, uma cidade com cerca de 250.000 habitantes na Bélgica: ver vídeos em  http://www.localidades-sem-pesticidas.info/videos-inspiradores  e https://www.youtube.com/watch?v=Qx05TN3e8Jo
  • Monda manual: Uma das lições a reter de autarquias europeias, algumas das quais abandonaram o uso de herbicidas há décadas, é o retorno deste método pelo facto de se permitir que algumas espécies de ervas espontâneas colonizem áreas ajardinadas, pelo que apenas são removidas as espécies com características indesejadas.
  • Monda moto-manual e mecânica: Motorroçadora e destroçadores são já amplamente conhecidos, e aplicáveis em bermas e taludes de estradas, e têm surgido novos equipamentos que permitem a monda mecânica também em pavimentos (de cerâmica, asfalto ou pedra)
  • Monda térmica: queimadores a gás de calor direto ou indireto, jacto de água quente, vapor de água ou de espuma. Estes métodos são especialmente desenhados para pavimentos.

 

 

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Gestão de espaços públicos sem herbicidas https://quercus.pt/2021/03/12/gestao-de-espacos-publicos-sem-herbicidas/ Fri, 12 Mar 2021 15:30:59 +0000 https://quercus.pt/?p=15313 Programa de formação

 

A Quercus – ANCN no âmbito da Campanha Autarquias sem Glifosato/Herbicidas apresenta um programa de formação destinado a técnicos e operacionais das autarquias e das empresas prestadoras de serviços em higiene pública e espaços verdes e convida à colaboração de potenciais formadores.

 

Se tem qualificações e está interessado(a) em participar contacte-nos!

Alexandra Azevedo

Coordenadora da Campanha Autarquias sem Glifosato / Herbicidas
Telf 927986193
E-mail: alexandraazevedo@quercus.pt

1. Enquadramento

No período pós 2ª guerra mundial iniciou-se a utilização de pesticidas de síntese com o advento da agricultura industrial ou química, que rapidamente se expandiu a outras áreas, nomeadamente as áreas urbanas, mas o crescente alerta público e as evidências dos impactos destas substâncias no ambiente e na saúde pública o quadro legal tem evoluído no sentido de impor sucessivas restrições em particular na União Europeia.

 

Os herbicidas são o grupo de pesticidas mais utilizado e a Campanha Autarquias sem Glifosato/Herbicidas, lançado pela Quercus em 2014, desafia e apoia as autarquias a abandonarem o seu uso.

Quanto às soluções técnicas alternativas aos herbicidas não basta muitas vezes substituir por métodos ou equipamentos alternativos. Para se obterem melhores resultados, é necessário uma abordagem abrangente que passa pela maior aceitação pública da presença de algumas ervas e uma progressiva adaptação dos espaços para que o uso de meios alternativos para controlo das plantas espontâneas seja reservado ao mínimo indispensável; e isso permite também aliviar o orçamento das autarquias.

 

Esta abordagem configura uma mudança de paradigma na gestão dos espaços públicos, em que o controlo generalizado e não ponderado da vegetação dá lugar a uma maior cooperação com a natureza. Dar mais espaço à natureza e renaturalizar as mais diversas tipologias do território, como linhas de água, bermas e taludes de estradas e caminhos, jardins e parques urbanos e redimensionar áreas pavimentadas, é o elemento-chave.

 

Uma conceção mais natural dos espaços não implica necessariamente um aspeto mais descuidado ou inestético, pelo contrário conduzirá a uma paisagem (urbana e não urbana) mais verde e mais florida, e irá gerar e acrescentar valor ao território!

2. Entidade formadora

QUERCUS – Associação Nacional de Conservação da Natureza e seus parceiros.

3. Objetivos

O objetivo geral da presente proposta formativa é apoiar as autarquias no processo de transição para uma abordagem sem herbicidas e contribuir para uma melhoria contínua no desempenho das autarquias na gestão dos espaços numa abordagem sem herbicidas, e outros pesticidas, de acordo com as melhores práticas.

 

Objetivos específicos que abrangem todos os formatos formativos são:

Sensibilizar para os riscos dos herbicidas e dos pressupostos de uma abordagem sem herbicidas;

Conhecer e identificar meios alternativos à utilização de herbicidas;

Conhecer a flora autóctone, algumas técnicas de propagação, potencialidades do seu uso na renaturalização de espaços de diversas tipologias e para uma gestão de baixa manutençã

4. Destinatários

Técnicos e operacionais das autarquias e das empresas prestadoras de serviços em higiene pública e espaços verdes.

5. Propostas formativas

Desenhou-se um programa formativo subdividido em vários módulos de modo a melhor se ajustarem às necessidades e meios disponíveis. Estes módulos são um ponto de partida podendo por sua vez ajustarem-se os conteúdos de acordo com as necessidades sentidas e a avaliação ao longo do processo.

Módulo 1 – Abordagem sem herbicidas na gestão dos espaços públicos – Noções gerais

Duração Conteúdo Tipo de formação
1.30h Impactos dos herbicidas

Pressupostos da abordagem sem herbicidas

Meios alternativos não químicos

Teórica

 

Módulo 2 – Flora autóctone

Duração Conteúdo Tipo de formação
1.30h Região bioclimática

Etapas da sucessão biológica

Espécies mais representativas

Teórica e prática
3 h Plantas herbáceas espontâneas: Identificação e usos alimentares e medicinais Teórica e prática
3 h Árvores e arbustos autóctones:

Identificação, usos alimentares, e técnicas de propagação

Teórica e prática

 

Módulo 3 – Jardins ecológicos e jardins alimentares

Duração Conteúdo Tipo de formação
2h Solo, compostagem, tudo o que se produz no jardim, fica no jardim Teórica e prática
3h Biodiversidade em jardim, cintura aromática, sebes, plantações (escolher o melhor momento: fases da lua, calendário de culturas) Teórica e prática
3h Práticas culturais: rotações e consociações, podas, rega e métodos fáceis de recolha de água, doenças e pragas Teórica e prática

 

6. Custos e condições sob consulta

Contacto:

Alexandra Azevedo

Coordenadora da Campanha Autarquias sem Glifosato / Herbicidas

QUERCUS – Associação Nacional de Conservação da Natureza

Centro Associativo do Calhau, Bairro do Calhau
Parque Florestal de Monsanto, 1500-045 Lisboa
Telemóvel: 927986193
Email alexandraazevedo@quercus.pt
Website:https://www.quercus.pt/campanha-autarquias-sem-glifosato-herbicidas

 

Campanha europeia: Localidades sem Pesticidas (Pesticide free Towns)
http://www.localidades-sem-pesticidas.info/

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Agricultura e Pesticidas https://quercus.pt/2021/03/12/agricultura-e-pesticidas/ Fri, 12 Mar 2021 15:30:53 +0000 https://quercus.pt/?p=15312 AGRICULTURA E PESTICIDAS 

 

A Quercus defende a redução do uso de pesticidas e promove a divulgação de alternativas viáveis. Apresenta-se um relatório com informação abrangente sobre este tema, em particular sobre as alternativas ao uso de herbicidas, produzido pela PAN-Europe, associação europeia da qual a Quercus é membro ativo.

 

 

Métodos Alternativos ao Uso de Herbicidas

 

Embora o uso de pesticidas sintéticos na agricultura possa ter ajudado a aumentar a produção de alimentos, isso não ocorreu sem grandes custos para a saúde humana, o meio ambiente e os recursos naturais. O relatório da ONU 2017 do Relator Especial sobre o direito à alimentação destaca o impacto negativo da utilização de pesticidas sobre os direitos humanos, a saúde humana (trabalhadores, suas famílias, residentes e consumidores) e do ambiente. O relatório também revela que a agricultura intensiva baseada no uso de pesticidas não contribuiu para reduzir a fome no mundo, mas sim ajudou a aumentar o consumo de alimentos e o desperdicio alimentar, especialmente nos países industrializados[1].

 

Os herbicidas têm sido introduzidos na agricultura (e horticultura) principalmente para combater as ervas daninhas que competem com as culturas no consumo de nutrientes e luz solar, resultando numa redução no rendimento das colheitas.

 

Existe a percepção errada e geral de que os herbicidas são seguros para a saúde humana e têm pouco impacto no meio ambiente. Com base neste equívoco, os humanos desenvolveram práticas agrícolas e investiram em desenvolvimento tecnológico que depende completamente do uso de pesticidas e herbicidas.

 

De forma semelhante a outros pesticidas, os ingredientes ativos dos herbicidas são compostos biologicamente ativos projetados para passar através das membranas e se difundir para dentro das células vivas de forma a exercer a ação tóxica desejável. Devido às suas propriedades, quando essas substâncias são usadas em campos abertos, elas também afetam outras espécies de plantas não-alvo na área e nos arredores, e através de uma cascata de interações ecológicas acabam afetando a biodiversidade. Além disso, essas mesmas propriedades possibilitam a interação com células vivas de espécies animais, incluindo seres humanos, e provocando toxicidade.

 

O presente relatório pretende destacar que já temos todas as ferramentas necessárias para começar gradualmente a construir um modelo agrícola livre de pesticidas e mostrar que o controle de ervas daninhas é possível usando outros meios além de herbicidas.

 

Ao integrar as diferentes práticas agrícolas disponíveis (por exemplo, métodos preventivos, agronómicos e mecânicos) com o amplo conhecimento que adquirimos sobre as características biológicas e ecológicas das ervas e culturas de plantas, hoje os agricultores são capazes de superar os principais desafios agrícolas e gerir o crescimento das ervas daninhas com sucesso, mantendo um alto rendimento agrícola, evitando espécies resistentes, protegendo a biodiversidade e a erosão do solo e reduzindo as emissões, entre outros. Este relatório apresenta e discute as diferentes práticas agrícolas alternativas ao uso de herbicidas no controle de ervas daninhas na agricultura que, quando combinadas, resultam num maneio sustentável de toda a cultura.

 

Este relatório mostra que, ao combinar e integrar os diferentes métodos de cultivo disponíveis (por exemplo, métodos preventivos, agronómicos e mecânicos) com o amplo conhecimento adquirido sobre as características biológicas e ecológicas das ervas e culturas vegetais, hoje certos agricultores são capazes de superar grandes desafios agrícolas e gerir o crescimento das ervas daninhas com sucesso, mantendo um alto rendimento agrícola, evitando espécies resistentes, protegendo a biodiversidade e a erosão do solo e reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa, entre outros.

 

Muitos agricultores já adotaram, com sucesso, métodos alternativos ao uso de herbicidas.

 

Este trabalho foi realizado em paralelo com o projeto “Filming farmers across European Union on alternatives to herbicides (with specific reference to glyphosate)”, ambos apoiados pelos The Greense / EFA da UE.

 

Relatório sobre Alternativas aos Herbicidas

 

 

 

Neste vídeo, cuja produção teve a colaboração da Quercus, agricultores portugueses e de outros países da Europa, falam em primeira mão da sua experiência, porque optaram por alternativas aos e como o fizeram.

 

Vídeo – Testemunhos de agricultores sobre alternativas aos herbicidas

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Ervas Espontâneas: Caminhada, conferência e degustação” – 21 de março de 2019, Alvito https://quercus.pt/2021/03/12/ervas-espontaneas-caminhada-conferencia-e-degustacao-21-de-marco-de-2019-alvito/ Fri, 12 Mar 2021 15:30:46 +0000 https://quercus.pt/?p=15310 Ervas espontâneas: Caminhada, conferência e degustação, Alvito, 21 de março de 2019

Aceitar mais as ervas nas nossas aldeias, vilas e cidades é uma questão muito simples do ponto de vista técnico, uma vez que automaticamente permite poupar dinheiro em controlos desnecessários, esbarra numa questão complexa… a nossa mentalidade e consciência!

Com o objetivo de sensibilizar a população para a importância das ervas espontâneas e a opção pelo abandono dos herbicidas, o município de Alvito organizou esta sessão convidando a Quercus através da campanha Autarquias em Glifosato/Herbicidas.

Uma conceção mais natural dos espaços não implica necessariamente um aspeto mais descuidado ou inestético. Pelo contrário, conduzirá a uma paisagem mais verde e mais florida. Precisamos todos de conhecer melhor a vegetação espontânea e isso dá-nos um outro olhar! Na caminhada para identificação de ervas espontâneas mal chegámos a uma berma da estrada à saída desta simpática vila alentejana, a surpresa foi geral pela diversidade de ervas… havia um pouco de tudo: espécies comestíveis, medicinais, algumas venenosas, outras que eram absolutamente deslumbrantes pela beleza das suas flores! E apesar do cenário de seca que estamos a viver e ainda mais nesta região do país, a natureza parecia estar na mais perfeita harmonia.

Certo e sabido que a caminhada teve de ser bastante mais curta, porque as paragens eram constantes para admirar tanta diversidade! Depois da sessão no auditório seguiu-se o momento da degustação e como habitualmente todos os participantes gostaram muito do pão de bolota e do queijo degustados no final. Um belo dia para celebrar a Semana sem Pesticidas e o primeiro dia da Primavera!

Foto 1 – Caminhada: Identificando as ervas…

Foto 2 – Conferência

Foto 3 – Degustação: Pão de bolota, queijo com urtigas, queijo com ervas aromáticas, tisanas

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Passeio pela Nossa Terra: Pedrógão Grande Território Comestível – 9 de setembro de 2018, Pedrógão Grande https://quercus.pt/2021/03/12/passeio-pela-nossa-terra-pedrogao-grande-territorio-comestivel-9-de-setembro-de-2018-pedrogao-grande/ Fri, 12 Mar 2021 15:30:44 +0000 https://quercus.pt/?p=15309 Esta atividade realizou-se no dia 9 de Setembro de 2018 organizada pelo CIT – Centro de Interpretação Turística do município de Pedrógão Grande com o apoio da Quercus e reuniu um grupo de cerca de 33 pessoas.

Sob a orientação de Alexandra Azevedo, voluntária da Quercus e autora de guias práticos sobre ervas e frutos silvestres comestíveis, este passeio teve como objetivos promover a atividade física, identificar ervas e frutos silvestres, refletir coletivamente sobre a paisagem urbana e rural e estimular ações futuras.

 

Para o bem e para o mal, os incêndios do ano passado colocaram Pedrógão Grande e outros concelhos do centro do país no mapa e agora o grande objetivo deve ser tornar este território comestível, ou seja, um território que dê as condições adequadas não só à vida da espécie humana, mas também a todos os seres que coabitam connosco, e os alimentos silvestres entram na equação!

Não precisamos apenas de um novo paradigma florestal, mas também de um novo paradigma alimentar, e a bolota (assim como outros alimentos silvestres) é fundamental para nos voltarmos a ligar ao nosso território. Consumimos quase exclusivamente pão de trigo o que é insustentável no nosso país, pois nunca tivemos solos com boa aptidão agrícola para a produção necessária (importamos cerca de 98% deste cereal atualmente!). Como alternativa temos o pão de bolota obtido não só deste fruto, mas também de mistura de cereais menos exigentes, como o centeio ou variedades de trigo antigas, como é o caso do trigo barbela utilizado no pão que viria a ser degustado no final da atividade.

Foram bastantes as espécies encontradas ao longo do percurso, debateram-se algumas ideias para melhorar a gestão dos espaços públicos num modelo de baixa manutenção e sem herbicidas e outros pesticidas, como a plantação densa de arbustos de espécies autóctones, e todos puderam ainda degustar o anunciado pão de bolota!

A apreciação global foi muito positiva e muitos também os elogios ao pão de bolota e à forma como toda a atividade foi conduzida.

De coração aberto procurou-se dinamizar e dar esperança a esta região. É precisamente isso que a população que persiste e resiste no território anseia.

Ilustração 1 – Introdução no ponto de encontro – junto ao CIT

Ilustração 2 – Observando o almeirão silvestre

Ilustração 3 – Identificando arbustos autóctones e refletindo sobre estratégias para reduzir necessidade de controlo de plantas espontâneas

Ilustração 4 – Identificando mais ervas comestíveis no jardim de aromáticas

Ilustração 5 – Num ervado há sempre curiosidades a descobrir!

Ilustração 6 – Impossível resistir às suculentas amoras que surgiram no percurso!

Ilustração 7 – E descobrindo mais ervas … que sempre cobrem as bermas de estradas e caminhos sem herbicidas!

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Passeio da Terra: Torres Vedras Cidade Comestível https://quercus.pt/2021/03/12/passeio-da-terra-torres-vedras-cidade-comestivel/ Fri, 12 Mar 2021 15:30:42 +0000 https://quercus.pt/?p=15308 Para assinalar a Semana Sem Pesticidas desenhou-se esta atividade inovadora, que se realizou no dia 25 de março de 2018, interligando a campanha Autarquias sem Glifosato / Herbicidas, o projeto Natureza Comestível, os Passeios da Terra aproveitando assim as sinergias de vários parceiros que a co-organizaram: a Quercus, a Associação de Marchas e Passeios e o município de Torres Vedras.

 

Das cerca de 120 pessoas inscritas compareceram 73, a que se juntam mais 8 pessoas da equipa organizadora. A chuva ameaçou o início da atividade, mas felizmente não passou disso mesmo e apenas um leve aguaceiro a meio do percurso obrigou a uma súbita procura de abrigo.

 

Taludes, canteiros, relvados, ervados, zonas ribeirinhas, parques urbanos, calçada à portuguesa e matagal mediterrânico foram os tipos de locais observados ao longo do percurso e esta diversidade permitiu abordar inúmeros aspetos na interpretação da paisagem destacando as mudanças entre a abordagem com e sem herbicidas, e ainda a identificação de muitas ervas espontâneas comestíveis e algumas venenosas.

 

No final os participantes tinham à sua espera uma degustação de pão de bolota e requeijão com urtigas!

 

passeio t vedras1

Ervado próximo do Parque da Várzea – Assim que se saiu deste parque urbano, a vegetação espontânea tem algum espaço para se manifestar… qualquer recanto é interessante para observar plantas. Nalguns ervados a diversidade revelou-se considerável, uma autêntica benesse quando se tem em mente outros pressupostos!

 

 

passeio t vedras2

A tradicional foto de grupo e a alegria espelhada em todos os rostos!

 

 

passeio t vedras3

Deste local avistava-se um magnífico bosque mediterrânico biodiverso, ainda que dominado por carrascos, e muitas destas espécies não só podiam como deviam estar em jardins e parques urbanos. O conceito de cidades comestíveis não se restringe à espécie humana, mas a todos os seres que vivos que co-habitam o território!

 

 

passeio t vedras4

De regresso a Torres Vedras

 

 

 

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Mesa da degustação: pão de bolota e requeijão com urtigas.

 

 

 

 

Convite

 

· Data: Domingo, 25 de março de 2018

 

· Local de Encontro: Centro de Educação Ambiental | 9H00

 

· Chegada prevista ao mesmo local entre as 12H30 E AS 13H00

 

· Sinopse/descrição

A Quercus, a Associação de Marchas e Passeios e a Câmara Municipal de Torres Vedras prepararam um evento muito especial integrado no evento internacional, a Semana Europeia Sem Pesticidas e nos Passeios da Terra, em descoberta das ervas espontâneas e para um olhar atento sobre a paisagem urbana livre de herbicidas.

Alexandra Azevedo, voluntária da Quercus e autora de guias práticos, fala-nos sobre ervas e frutos silvestres comestíveis, guiando-nos na identificação de ervas selvagens que são vida e que crescem um pouco por todo o lado, património natural que precisa de ser mais reconhecido e valorizado.

No dia 25 de março, venha descobrir os manjares que se “escondem” na cidade de Torres Vedras!

Deixe às próximas gerações um ambiente limpo sem herbicidas, elas irão agradecer!

 

 

· Destinatários: Público em geral, estudantes, entidades públicas e privadas. Recomendado a crianças a partir dos 6 anos.

 

· Inscrições, preços e contactos:

Inscrições Gratuitas mas necessárias

Enviar email com data de nascimento e nome para cea@cm-tvedras.pt | 261
314 163

Inscrições limitadas até 22/3/2018

 

· Outras informações que considerem relevantes para os destinatários das atividades

Roupa e calçado confortável, água e reforço alimentar.

 

Sobre a Alexandra Azevedo: Médica veterinária e ativista, sócia-fundadora, e atualmente presidente da direção, do MPI – Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente, sócia da QUERCUS – Associação Nacional de Conservação da Natureza, coordenadora da Campanha Autarquias sem Glifosato/Herbicidas [1]. Membro da comissão dinamizadora do CREIAS Oeste. Autora dos guias práticos “Ervas Silvestres Comestíveis” e “Frutos Silvestres Comestíveis” editados pela Quercus em 2015 e autora e apresentadora da série de vídeos “Natureza Comestível
[2]”. É ainda sócia da Colher para Semear – Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais e do Movimento _Slow Food_.

 

Links:
——
[1] http://www.quercus.pt/campanha-autarquias-sem-glifosato-herbicidas
[2] https://www.youtube.com/user/mpicambiente

 

Passeio Torres Vedras 25 marco cartaz

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Encontro Nacional “Alternativas aos Herbicidas: exemplos e testemunhos” – Lisboa, 30 de Março de 2017 https://quercus.pt/2021/03/12/encontro-nacional-alternativas-aos-herbicidas-exemplos-e-testemunhos-lisboa-30-de-marco-de-2017/ Fri, 12 Mar 2021 15:30:37 +0000 https://quercus.pt/?p=15307 O Encontro realizou-se no Centro Cultural de Carnide, em Lisboa, no dia 30 de março, último dia da “Semana sem Pesticidas” promovida dinamizada por dezenas de organizações ambientalistas em toda a Europa.

No total inscreveram-se 205 pessoas, e dada a lotação de 172 lugares do auditório do Centro Cultural de Carnide, considerou-se prudente condicionar novas inscrições, mas compareceram 146 correspondentes a 1 associação de municípios (de S. Miguel – Açores), 31 freguesias e 29 municípios, principalmente quadros técnicos, mas também responsáveis políticos, e representantes de 12 empresas, 1 ONG, 1 IPSS e 1 clube desportivo e ainda 10 cidadãos.

O apoio institucional da ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias e da ANMP – Associação Nacional de Municípios Portugueses, que a Quercus agradece publicamente, terá sido importante para a boa adesão das autarquias.

Com um programa diversificado que incluiu demonstração pela Freguesia da Estrela dos equipamentos que está atualmente a utilizar, apresenta-se uma síntese:

 

Sessão de abertura:

Paula Nunes Silva – Vice-Presidente da direção nacional da QUERCUS – ANCN

 

Jorge Veloso – Vice-Presidente do Conselho Diretivo da ANAFRE

 

Testemunhos

– Fábio Sousa – presidente da Junta de Freguesia de Carnide – Dinâmicas sociais na gestão do espaço público

Na freguesia existe o maior bairro municipal da península ibérica e o 2º maior da Europa, o bairro Padre Cruz, o que representa um desafio para a autarquia. Têm um programa de educação para a cidadania com uma mascote, o SOU que “vive” na Junta de Freguesia e visita regularmente os Jardins de Infância e Escolas de 1º ciclo da freguesia; acolheu em maio de 2016 um Festival de Arte Urbana, o primeiro do género em Lisboa, e o mais importante foram os meses de preparação que antecederam este evento, para se evitar os vandalismos das obras após o evento foi implementada uma estratégia que envolveu a comunidade, com o apoio de outros voluntários, na requalificação do bairro através da plantação de árvores, restauro de muros, etc. A freguesia de Carnide é líder de participação no orçamento participativo e uma das autarquias com menor taxa de abstenção do país.

Descarregue aqui a apresentação. 

 

– Daniel Termont – Presidente da Câmara de Gent (cidade belga com 250.000 habitantes)

Num curto discurso pretende inspirar outras localidades. Realça as motivações para o abandono dos pesticidas, o processo de transição e os resultados alcançados. Algumas plantas espontâneas foram permitidas, a cidade tornou-se mais verde, mais florida, com mais aves, a reação dos residentes foi muito positiva, os jardineiros aprenderam muito sobre plantas e passou a ter apicultores. Gent tornou-se uma cidade aprazível para todos!

– Demonstração de equipamentos de monda não química – Junta de Freguesia da Estrela (Lisboa)

Os pavimentos de calçada à portuguesa abundam na freguesia situada no centro da capital o que representa um duplo desafio para a sua gestão adequada sem recurso a herbicidas. O protocolo habitual é primeiro a passagem da máquina a valor de água a 180ºC que simultaneamente faz a deservagem (por morte das ervas visível pela sua secagem ao fim de cerca de 3 dias) e a limpeza das ruas na mesma operação, e 1 semana depois a passagem da roçadora mecânica que retira os resíduos das ervas, com risco muito reduzido de projeção de outros lixos, pequenas pedras, etc., e consequentes danos em viaturas, por exemplo, que por sua vez são arrastados por sopradores e posteriormente recolhidos.

 

Testemunho de Freguesias

Estêvão Gomes – Presidente da Junta de Freguesia da Praia do Norte (Horta – Açores)

O novo executivo que tomou posse em 2009 decidiu abandonar os herbicidas o que veio a acontecer a partir de 2011, assim que esgotaram o stock existente (nota: é a primeira autarquia que se conheça em Portugal a abandonar os herbicidas). Com um clima ameno e húmido que favorece o desenvolvimento das ervas espontâneas e um orçamento muito limitado, a freguesia tem apenas 250 habitantes, o controlo das ervas espontâneas sem herbicidas é um desafio. Usam unicamente meios moto-manuais (motorroçadora) e manuais (enxada) e o controlo é feito quase todos os meses, exceto em janeiro, março e novembro. Têm também realizado ações de sensibilização para práticas agrícolas em modo biológico e alternativas aos herbicidas.

 

 

Luís Newton – Presidente da Junta de Freguesia da Estrela (Lisboa)

Sensível à interpelação da campanha da Quercus foi a primeira autarquia de Lisboa a abandonar os herbicidas, tendo aderido no ano do seu lançamento, ou seja em 2014. O facto de não terem feito qualquer transição colocou uma pressão enorme na procura de soluções viáveis. O executivo tem-se mantido firme na convicção de continuar os progressos na gestão dos espaços públicos zelando pela saúde pública e ambiente da cidade, já que esperam que pelo seu exemplo outras autarquias, em especial o próprio município de Lisboa, também optem pelo abandono dos herbicidas.

 

Testemunho de Município

Controlo de infestantes no espaço público do município de Lisboa

Fernando Santos – Eng.º, Chefe de Divisão de Planeamento, Gestão e Manutenção da Estrutura Verde do município de Lisboa

O município de Lisboa tem vindo a estudar várias técnicas e equipamentos para controlo de vegetação espontânea e neste momento apenas está a utilizar herbicidas em situações pontuais muito específicos, como em cemitérios (nas zonas sem espaço para a operação de meios alternativos) e no controlo de algumas espécies invasoras.

Descarregue aqui a apresentação.

 

 

Testemunho

Controlo de vegetação espontânea sem herbicidas em áreas florestais

Nuno Lourenço – QUEIRÓ – Associação para a Floresta, Caça e Pesca

A Queiró é uma OPF – Organização de Produtores Florestais da área da Covilhã, e em reunião de direção, em 5/9/2016, deliberou adaptar o Manifesto “Autarquias sem Glifosato” para “OPF sem Glifosato”, nesse mesmo dia os operacionais também concluíram a formação de aplicadores de pesticidas, com o objetivo dos seus serviços poderem ser solicitados por quem pretenda que os pesticidas pudessem ser aplicados para assim terem a oportunidade de apresentarem a alternativa não química que invariavelmente tem sido a opção dos clientes.

(Nota: Muito honra a Quercus por esta iniciativa pioneira no sentido de alargar a abordagem sem de herbicidas a outras entidades que operam no nosso território, em espaços públicos e privados.)

Descarregue aqui a apresentação.

 

Comunicação

Abordagem sem herbicidas nos espaços públicos: comunicação, medidas preventivas e alternativas

Alexandra Azevedo – QUERCUS – ANCN – Campanha Autarquias sem Glifosato/Herbicidas

Após uma introdução com alguns dados que importa conhecer sobre os herbicidas em geral, e o glifosato em particular, como impactos no ambiente e na saúde, contaminação na urina e no leite materno, interpela-se a observar vários espaços e diferentes soluções aplicadas, com base também nos exemplos de autarquias europeias: pavimentos, linhas de água, rotundas e separadores centrais, bermas e taludes, jardins públicos e cemitérios. Na abordagem sem herbicidas, e para melhorar a eficiência, é necessário boa comunicação, formação dos técnicos e operacionais, envolver a população e organizações. As autarquias têm de assumir o seu papel na liderança deste processo.

Descarregue aqui a apresentação.

 

Comunicação

Tendências e potencialidades produtivas dos espaços urbanos

Cecília Delgado – Arquiteta, Urbanista e Investigadora em Planeamento Territorial e Agricultura Urbana e Desenvolvimento local na Universidade Nova de Lisboa – CICS.NOVA Lisboa.

As tendências produtivas dos espaços públicos: Multi-funções, Multi-atores e Multi-territórios. Apresentação de exemplos internacionais: Singapura (Singapura) e.g. verde hi-tech e estético; Malmo (Suécia) e.g. verde como política de sustentabilidade e parte de um sistema de mitigação das alterações climáticas; Ghent (Bélgica) e.g. verde como produção e desenvolvimento da economia local; Paris (França) e.g. verde como política pública de incentivo à produção local e redução da pegada ecológica; e Berlim (Alemanha) e.g. verde numa perspetiva de saúde pública e mitigação de crises pós-guerra. Mas será que conhecemos as potencialidades dos nossos próprios espaços públicos? Lisboa, a cidade global, ilustra a necessidade de refletir sobre outros usos possíveis destes espaços bastante mais produtivos do que uma visão superficial parece indiciar.

Descarregue aqui a apresentação.

 

Conclusões e análise de outras experiências e lições de autarquias europeias com mais experiência

Desde o início da campanha da Quercus, regista-se uma evolução no panorama nacional no que diz respeito ao controlo das plantas espontâneas por parte das autarquias. Um pouco por todo o país há autarquias a adquirir equipamentos alternativos à monda química e a testarem soluções. Verifica-se também que a oferta no mercado quer de empresas que produzem e comercializam equipamentos quer nas empresas prestadoras de serviços está a acompanhar esta tendência, oferecendo soluções alternativas aos herbicidas.

A crescente preocupação pelos impactos dos herbicidas, e consequente alerta público, a motivação dos decisores políticos e o trabalho dos técnicos na procura das melhores soluções têm contribuído para esta mudança.

No entanto ainda há um longo caminho a percorrer na sensibilização de toda a sociedade: autarquias, técnicos e população. A abordagem sem herbicidas é muito mais do que simplesmente substituir a aplicação de herbicidas por métodos alternativos. É preciso aceitarmos mais as plantas espontâneas e aprendermos mais sobre elas e formas de cooperação com a Natureza, adaptar a conceção dos espaços públicos à nova abordagem sem herbicidas (área e tipos de pavimentos, jardins e espaços verdes).

As autarquias que já abandonaram os herbicidas têm de lidar muitas vezes com as queixas da população que ainda não está consciente das implicações desta abordagem, o que acarreta uma sobrecarga de serviço para atender aos pedidos para maior controlo das plantas espontâneas, muitas vezes desnecessário. Ora, ao que sabemos não se conhece nenhuma estratégia de comunicação e de sensibilização da população devidamente estruturada realizada por uma autarquia, com uma comunicação sistemática nos respetivos websites oficiais, folhetos, sinalética e outros meios de comunicação para os seus munícipes/fregueses e/ou público em geral, sendo por isso fundamental dar-lhe prioridade.

Uma grande condicionante são os meios financeiros para operacionalizar as mudanças no terreno, e de facto neste momento as autarquias que abandonaram os herbicidas têm custos acrescidos, mas assumem esta opção como prioritária em detrimento de outros gastos e investimentos. Conhecer mais dados sobre os custos afigura-se importante para prosseguir o debate público e só as autarquias os poderão fornecer, pois são as produtoras desses mesmos dados.

Pela experiência de outras autarquias europeias a médio e longo prazo os custos passam a ser idênticos ou mesmos inferiores comparativamente ao uso dos herbicidas, pelo que as autarquias portuguesas têm ainda um percurso pela frente para atingir esses resultados, nomeadamente na implementação de medidas preventivas e em estratégias de comunicação. Por exemplo, no nosso país abundam os espaços verdes com uma conceção “antiquada”, ou seja, com demasiados relvados em vez de prados, e com poucas espécies autóctones.

Para se melhorar o desempenho e potenciar esta abordagem é necessária uma visão alargada sobre a gestão do espaço público que se interliga e abrange muitas outras questões como participação pública e educação para a cidadania, agricultura urbana, inclusão social, etc. Portanto, percebe-se que há muitas aprendizagens que todos temos de fazer, e se as fizermos JUNTOS tanto melhor! A nova legislação que entrará em vigor a partir de 22 de junho, o decreto-lei n.º 35/2017 de 24 de maio, que proíbe a aplicação de pesticidas em alguns espaços públicos, como jardins e parques urbanos de proximidade, escolas e hospitais, poderá dar mais um forte impulso à implementação de meios alternativos, e ao processo de transição para espaços públicos totalmente livres não só de herbicidas, mas também de outros pesticidas.

 

Em resumo podemos destacar que é necessário mais comunicação, investimento na formação de técnicos e operacionais, e integração de políticas.

 

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Alternativas aos Herbicidas em Espaços Públicos – Torres Vedras, 3/6/ 2017 https://quercus.pt/2021/03/12/alternativas-aos-herbicidas-em-espacos-publicos-torres-vedras-3-6-2017-2/ Fri, 12 Mar 2021 15:30:34 +0000 https://quercus.pt/?p=15306 Aceda à apresentação de diapositivos aqui

Realizada no dia 3 de junho no Centro de Educação Ambiental de Torres Vedras nesta sessão houve uma dinâmica muito interativa de partilha e debate, factos reveladores do interesse pelo assunto, que evidenciou vários constrangimentos no município de Torres Vedras (e respetivas freguesias), que espelha também a situação em muito outros no país, para a abordagem sem herbicidas na gestão de espaços públicos, nomeadamente:

– Falta de conhecimento dos impactos dos herbicidas e consequente insensibilidade perante o problema por parte de autarcas o que gera por sua vez respostas inapropriadas perante queixas pelo uso de herbicidas.

– Pouca mobilização dos munícipes /fregueses, fruto também do seu desconhecimento da real dimensão dos impactos dos herbicidas.

– Conceção dos espaços públicos, nomeadamente das áreas pavimentadas, dos espaços verdes, rotundas e separadores centrais desadequadas à abordagem sem herbicidas.

O que tem de mudar em Torres Vedras e como consegui-lo?
Como se depreende do atrás exposto muito há a mudar em Torres Vedras. A mudança que permite resultados mais rápidos será a motivação dos responsáveis políticos em colocar como prioridade a proteção da saúde pública e o ambiente. De facto, as autarquias que já abandonaram os herbicidas fizeram-no graças ao seu empenho e motivação, uma vez que numa fase inicial de transição é necessário aumentar o orçamento para a higiene pública e espaços verdes à custa da transferência de outras rubricas, como investimento em equipamentos e eventos, por exemplo.

Perante insuficiente motivação dos responsáveis políticos torna-se mais relevante a consciência e mobilização da população, pelo que é necessário atuar aos dois níveis, ou seja, a sensibilização dos autarcas e da população. A implementação de estratégias de comunicação é prioritária.

Outro passo importante é a progressiva adaptação dos espaços à nova abordagem de modo a se alcançar diminuição dos custos. A análise comparativa de vários tipos de espaços de Torres Vedras com o de outros locais conduziu a reflexão e o debate para o modelo de paisagem urbana que necessariamente terá de dar mais espaço à natureza numa lógica de cooperação ao invés de uma lógica de controlo desenfreado em que praticamente toda e qualquer planta espontânea é considerada indesejável. Por exemplo uma consequência da nova abordagem, e que muitos dos cidadãos não estarão cientes, será a evolução dos relvados para prados, pois os relvados só são possíveis à custa de herbicidas seletivos! Ou seja, quase toda a área urbana tem sido sistematicamente pulverizada com herbicidas! Mas uma conceção mais natural dos espaços não implica necessariamente um aspeto mais descuidado ou inestético, pelo contrário conduzirá a uma paisagem urbana mais verde e mais florida! Para se alcançarem melhores resultados a formação dos jardineiros e funcionários autárquicos é fundamental!

Próximos passos:
A Quercus continuará o seu trabalho de sensibilização das autarquias, nomeadamente através das associações que as representam, concretamente a ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias e a ANMP – Associação Nacional de Municípios Portugueses, e da população em geral prevendo-se a realização em Torres Vedras de uma saída de campo para identificação de plantas espontâneas comestíveis e a realização de uma exposição de desenho (ou outras formas de arte) sobre ervas espontâneas.

Para a mobilização dos torreenses seria desejável a criação de um grupo no facebook que se poderia chamar de “Torres Vedras sem Herbicidas” e que permitiria também ser uma plataforma para se colocarem todas as denúncias e queixas, além de estimular uma massa crítica crescente.

Uma oportunidade de encontro e debate deste assunto e também de outros de interesse para a cidade é a “Assembleia da Batata”, uma iniciativa conjunta de ativistas independentes, do Bloco de Esquerda de Torres Vedras e da Universidade Popular que se realiza periodicamente na praça da Batata.

Conclusão:
A transição para espaços públicos sem herbicidas (e outros pesticidas) já está em marcha por toda a Europa. Em Portugal começou-se tarde, mas temos a vantagem de aprender com a experiência de outras autarquias europeias, pelo que a nossa evolução nesse sentido poderá ser mais rápida. Portanto, basicamente a questão que se coloca é: quem quer posicionar-se na linha da frente ou ficar na retaguarda deste processo.

Para saber mais sobre o que se abordou na sessão e complementar a leitura da apresentação de diapositivos leia ainda:

Impactos e contaminação pelos herbicidas:
Os herbicidas são os pesticidas mais utilizados em espaços públicos e o glifosato em particular é também o pesticida mais utilizado em todo o mundo devido ao cultivo de transgénicos resistentes a este herbicida (70% de todo glifosato consumido foi nos últimos 20 anos), por isso tornou-se omnipresente sendo detetado na água (inclusive na água da chuva), na cerveja, … e no nosso organismo, como na urina e no leite materno! Em Portugal as únicas análises realizadas foi à urina de 26 portugueses, graças à Plataforma Transgénicos Fora, que revelou níveis de glifosato cerca de 20 vezes superiores aos encontrados noutros europeus e 260 vezes superior ao permitido na água para consumo humano! Estes dados indiciam que as alegações da indústria de que o glifosato é imobilizado ou rapidamente degradado sem riscos no solo e não é bio-acumulativo são FALSAS!!

Diversos estudos científicos têm revelado inúmeros impactos no ambiente e na saúde, como cancro, como doenças degenerativas (Alzheimer, Parkinson), doenças do desenvolvimento (aborto espontâneo, malformações congénitas, autismo), infertilidade, entre outras. Uma razão para o glifosato estar relacionado com tantas doenças será o facto de ser análogo ao aminoácido glicina sendo por isso incorporado no nosso organismo!

Outros herbicidas são igualmente nefastos ou ainda piores, por isso a única solução eu efetivamente protege a saúde pública e o ambiente é o abandono destas substâncias concebidas para terem efeito tóxico, que como se tem vindo a demonstrar não afeta apenas células vegetais, mas uma diversidade de espécies não alvo, incluindo a espécie humana.

Alternativas aos herbicidas:
A mera substituição dos herbicidas por meios alternativos é dispendiosa e ineficaz. Pela experiência de autarquias europeias, algumas das quais já abandonaram os herbicidas há décadas, é necessário uma abordagem abrangente de gestão dos espaços, sendo fundamental a sensibilização para maior aceitação das ervas espontâneas; implementar medidas preventivas de modo a limitar a necessidade de controlo, como a reparação de juntas, adaptação de tipos e áreas dos pavimentos e áreas ajardinadas mais naturais de baixa manutenção (que irão também libertar mão-de-obra para as áreas onde o controlo é inevitável); usar equipamentos alternativos nas áreas estritamente necessárias. Os equipamentos alternativos mais utilizados pelas autarquias portuguesas que abandonaram os herbicidas são a roçadora mecânica e a vapor para os pavimentos, nomeadamente de calçada à portuguesa, para além das moto-roçadoras e destroçadores mecânicos.

Outras lições importantes são: comunicar antes de agir (sessões públicas, cartazes, sinalética, folhetos, site, …) e elaborar um plano de ação (identificar os vários tipos de espaços de intervenção e pontos críticos e definir estratégias de intervenção)

Custos:
Considerando todos os impactos dos pesticidas os custos superam os alegados benefícios. Pela experiência das autarquias europeias a médio longo prazo os custos da abordagem sem herbicidas serão iguais e mesmo inferiores comparativamente ao uso de herbicidas, mas para isso são necessários vários ajustes na conceção dos espaços e muitas aprendizagens, pelo que a formação dos funcionários é fundamental!

No website do projeto europeu Pesticide Free Towns – Localidades sem Pesticidas, com versão portuguesa disponível: http://www.localidades-sem-pesticidas.info/ pode-se encontrar informação sobre a abordagem e métodos de controlo das ervas espontâneas na secção “Estórias e princípios”.

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