Novembro 2023 – Quercus https://quercus.pt Sat, 06 Apr 2024 21:39:36 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.3 https://quercus.pt/wp-content/uploads/2021/03/cropped-logotipo-quercus-svg-32x32.png Novembro 2023 – Quercus https://quercus.pt 32 32 COP 28: Quercus alerta para incumprimento de metas das COP – 28 anos, uma mão cheia de nada https://quercus.pt/2023/12/27/cop-28-quercus-alerta-para-incumprimento-de-metas-das-cop-28-anos-uma-mao-cheia-de-nada-2/ Wed, 27 Dec 2023 22:59:14 +0000 https://quercus.pt/?p=18820 Passados 28 anos de COP, estes são os factos que comprovam os resultados que as cimeiras das partes representam:

  1. As emissões de gases com efeito de estufa (GEE) continuam a aumentar;
  2. Aumento médio de temperatura do planeta calculado em cerca de 1,2°C em comparação com as eras pré-industriais;
  3. Este ano, 2023, foram batidos recordes de temperatura e temporariamente os 2°C chegaram a ser ultrapassados, pelo que este ano vai ser o ano mais quente desde que há registos;
  4. Subida do nível médio da água do mar entre 21 e 24 centímetros de 1880 a 2020.

Desde a primeira vez que as nações reuniram para debater as questões do clima, em 1972 com a Convenção de Estocolmo as nações, destacam-se a negociação de metas, que ou não foram compridas ou estão em vias de incumprimento.

Na COP 3, realizada em Kyoto, no Japão, em 1997, foi estabelecido o Protocolo de Quioto que só veio a ser ratificado em 2004, com a adesão de 192 países. Pela primeira vez, foram estabelecidos objetivos e compromissos juridicamente vinculativos e os principais agentes económicos, como o Japão, os EUA e a União Europeia, comprometeram-se a reduzir as suas emissões em 7%, 8% e 9%, respetivamente. Mas em 2012, o ano que se seguiu ao primeiro período de compromisso, as emissões globais aumentaram 44% em relação aos níveis de 1997, impulsionadas predominantemente pelo crescimento das emissões nos países em desenvolvimento. O Protocolo de Kyoto não conseguiu travar o fluxo de emissões globais.

Na COP21, realizada em Paris, França, em 2015, em que o principal resultado foi o Acordo de Paris, no qual foi estabelecida a principal meta de manter o aumento da temperatura média mundial bem abaixo dos 2°C em relação aos níveis pré-industriais e prosseguir os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais (Artigo 2º, alínea a). Contudo, apesar de se reconhecer que tal reduziria significativamente os riscos e o impacto das alterações climáticas, não estamos a conseguir esta meta.

Na COP 28, para a qual a Conferência das Partes escolheu o Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, uma das 10 maiores nações produtoras de petróleo do mundo, e em que foi nomeado presidente das negociações o presidente-executivo da empresa petrolífera estatal Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc), Sultan Al Jaber, empresa que segundo Mark Poynting da BBC News, planeia expandir a capacidade de produção (1), para a Quercus é como colocar “o lobo a guardar o rebanho”.

Que respostas para inverter a tendência dos últimos anos?

A Quercus defende que perante as alterações climáticas que já se fazem sentir na vida dos oceanos, devido à sua edificação pelo aumento dos teores de dióxido de carbono na atmosfera, e na vida terrestre, como o aumento das pragas e doenças, o aumento da severidades dos fenómenos climáticos extremos, com todas a consequências em cadeia de impactos sociais económicos e ambientais, requerem uma ação política mais determinada para que se cumpram as metas propostas em 2015 e se consiga mitigar os efeitos dos erros do passado.

A interdependência das consequências é reveladora da abrangência das medidas de mitigação, em que muito mais do que a sustentabilidade é importante a construção de uma cultura regenerativa. A Quercus defende uma transição energética que privilegie o auto-consumo assente em comunicardes energéticas e implementação de hábitos de redução de consumos. É ainda essencial mudanças de modos de produção e padrões de consumo em geral, integrando todos os setores: transportes, indústria, agricultura, floresta, ordenamento do território e desenho urbano, que promovam a integração e recuperação de valores naturais para efeitos imediatos e eficazes de efetiva redução de gases com efeito de estufa (GEE).

A título de exemplo, importa destacar o relatório “The global tree restoration potential” (O potencial global de restauração pelas árvores), publicado na revista Science, revelou é possível uma redução dióxido de carbono atmosférico em 25%, aumentando a cobertura florestal mundial em um terço (o equivalente a uma área do tamanho dos Estados Unidos da América), sem afetar cidades ou agricultura. Para os autores esta é a melhor solução disponível atualmente para um sequestro de carbono tão significativo (2).

A este propósito é importante alertar para a recuperação da biodiversidade nas áreas arborizadas, havendo ainda uma grande potencial a explorar, nomeadamente em áreas urbanas em espaços verdes mais naturais, como as miniflorestas, nomeadamente pelo método Myawaki, respeitando os princípios da sucessão ecológica com espécies autóctones.

Estamos, pois, perante uma situação em que, ou estamos dispostos a fazer as mudanças necessárias, ou os acontecimentos encarregar-se-ão de nos conduzir inevitavelmente a elas pela necessidade.

 

Lisboa, 30 de novembro de 2023

A Direção Nacional da Quercus – ANCN

 

Referências:

 

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Quercus contra a alteração do estatuto de proteção do lobo https://quercus.pt/2023/12/20/quercus-contra-a-alteracao-do-estatuto-de-protecao-do-lobo/ Wed, 20 Dec 2023 22:04:08 +0000 https://quercus.pt/?p=18828  

A Quercus e mais 300 organizações ambientais e de proteção animal escreveram à Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a respeito do compromisso da Comissão Europeia de “decidir sobre uma proposta para modificar, quando apropriado, o status de proteção do lobo na UE e atualizar o quadro jurídico , introduzir, sempre que necessário, maior flexibilidade” até ao final do ano.

É muito preocupante que uma decisão política sobre uma questão tão crucial esteja a ser preparada de uma forma pouco transparente. Além disso, baseia-se num processo de consulta irregular lançado pelo comunicado de imprensa da Comissão sobre «Lobos na Europa», de 4 de setembro de 2023, que incluía informações enganosas sobre os lobos. Nossas preocupações sobre isso foram descritas em nossa carta datada de 11 de setembro de 2023.

As organizações ambientalistas voltaram a sublinhar que qualquer decisão de alterar o estatuto de protecção dos lobos deve basear-se em dados científicos fiáveis, de acordo com as disposições da legislação relevante, e não em provas anedóticas apresentadas através de um processo de consulta não transparente e irregular.

Além disso, as ONG’s estão preocupadas com o facto de a discussão desta questão ter sido até agora largamente dominada e conduzida pela indústria agrícola e pelos representantes dos interesses da caça, que estão interessados em posicionar-se como representantes das comunidades rurais. No entanto, a realidade é que existe efectivamente um elevado grau de apoio entre as comunidades rurais à protecção rigorosa dos lobos na UE, como mostra um inquérito independente, encomendado por várias organizações de protecção dos animais, realizado em Novembro de 2023 em 10 Estados-Membros. Estados.

A menos que existam novas provas substanciais baseadas na ciência recolhidas pelos serviços da Comissão Europeia, acreditamos que a ciência e a opinião pública são claras: a modificação do estatuto de protecção do lobo – quer ao abrigo da legislação da UE ou da Convenção de Berna – não se justifica.

Em vez disso, a UE precisa de:

  • assegurar que as proteções legais existentes para os lobos, tal como consagradas na Diretiva Habitats da UE, sejam mantidas e aplicadas de forma consistente em todos os Estados-Membros;
  • promover a adoção de medidas de coexistência entre lobos e comunidades locais, uma vez que muitas dessas oportunidades são subutilizadas pelos Estados-Membros;
  • apoiar iniciativas que forneçam ao público informações precisas e baseadas na ciência sobre os lobos.

Proteger os lobos na Europa não é apenas uma questão de importância ecológica, mas também um reflexo do nosso compromisso com a conservação da biodiversidade e dos valores da coexistência e da tolerância. Os lobos são parte integrante do património natural da Europa, desempenhando um papel vital na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas e da biodiversidade, e o regresso do lobo a partes da Europa onde a espécie tinha sido anteriormente extirpada é um sucesso de conservação considerável que não deve ser comprometido.

A Quercus e as outras associações desafiam a Presidente da Comissão Europeia a levar a sério as recomendações da sociedade civil em geral na preparação da decisão da Comissão Europeia.

 

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Quercus lança programa “Aldeias SuberProtegidas”, para proteção de incêndios, com apoio da Corticeira Amorim https://quercus.pt/2023/12/07/quercus-lanca-programa-aldeias-suberprotegidas-para-protecao-de-incendios-com-apoio-da-corticeira-amorim/ Thu, 07 Dec 2023 00:09:31 +0000 https://quercus.pt/?p=18821

Projeto Aldeias Suber Protegidas from Quercus on Vimeo.

A Quercus, Organização Não Governamental de Ambiente (ONGA), e a Corticeira Amorim, líder mundial na transformação de cortiça, anunciam o lançamento do programa “Aldeias SuberProtegidas”.

Este programa pioneiro tem como objetivo principal melhorar a resiliência dos espaços florestais e elevar a segurança e a qualidade de vida nas aldeias localizadas em áreas de elevado risco de incêndio rural ou florestal. Centra-se na prevenção de incêndios, implementando medidas proativas para reforçar a resiliência das florestas nas proximidades destas aldeias. Visa, também, a proteção e valorização das aldeias, criando faixas de proteção com sobreiros e outras espécies folhosas autóctones, uma estratégia que simultaneamente promove a biodiversidade e facilita a adaptação às mudanças climáticas. O programa fomentará ainda o envolvimento comunitário e a cidadania ativa, o desenvolvimento social e o progresso nas áreas abrangidas, bem como a promoção das florestas e do montado, através do aumento do conhecimento sobre os ecossistemas locais e da adoção de medidas sustentáveis para a sua conservação.

“Aldeias SuberProtegidas” arrancou no dia 23 de novembro, com um projeto-piloto em Unhais da Serra. Nesta localidade, afetada por um grande incêndio em 2018, será efetuada a plantação e sementeira de 500 sobreiros e 50 azinheiras, com a colaboração de 30 voluntários da escola EB 2/3 de Paul (Covilhã).

Alexandra Azevedo, Presidente da Direção Nacional da Quercus, destaca “este projeto-piloto é de extrema importância para alavancar a mudança no sentido de uma visão ecológica, em que uma cobertura vegetal adequada, em particular por plantas folhosas autóctones, constitui por um lado barreira à propagação de fogos rurais, e por outro lado permite, a prazo, poupança de recursos na gestão das áreas e novas oportunidades de rendimento, como o caso da exploração da cortiça e valorização de outros produtos, como a bolota.”

Cristina Rios de Amorim, Administradora da Corticeira Amorim responsável pela Sustentabilidade, reforça o “tal como todos os portugueses, vemos com enorme preocupação a sucessão de incêndios, de consequências gravíssimas a todos os níveis – social, ambiental e económico. Por isso, valorizamos todas as ações que possam prevenir a sua ocorrência e que fomentem a segurança e a proteção das comunidades locais. Este programa “Aldeias SuberProtegidas” está profundamente alinhado com a nossa estratégia de responsabilidade e de sustentabilidade, refletindo o nosso empenho em harmonizar o negócio com o máximo respeito e cuidado pelo meio ambiente e pelas comunidades. Esperamos que esta iniciativa sirva de referência e estímulo para que outras entidades se juntem a nós neste esforço crucial de preservação e gestão das florestas, contribuindo ativamente para a proteção das regiões mais vulneráveis aos desafios ambientais atuais e futuros. “

De olhos postos no futuro, o programa prevê expandir-se a outras zonas geográficas, abrindo candidaturas para que mais aldeias se possam juntar ao projeto no ciclo de plantação de 2024/25. Com a ambição de plantar, pelo menos, 20 000 árvores, estima-se que o programa se torne um referencial na conservação ambiental e no fomento de práticas sustentáveis em Portugal.

 

 

 

Sobre a Corticeira Amorim:

A Corticeira Amorim é o maior grupo de transformação de cortiça do mundo. Fundada em 1870, a empresa detém hoje dezenas de unidades de negócio espalhadas pelos cinco continentes, exporta inúmeros produtos para mais de 100 países e conta com uma rede diversificada de 30 mil clientes. Assentando a sua atuação em fortes credenciais de sustentabilidade, e desenvolvendo uma atividade com impacto positivo na regulação do clima, a Corticeira Amorim disponibiliza um conjunto de soluções para algumas das atividades mais tecnológicas, disruptivas e exigentes do globo, como são exemplos as indústrias aeroespaciais, automóvel, construção, desporto, energia, arquitetura e design de interiores, e vinhos, espumantes e espirituosas. Atualmente sob a liderança da quarta geração da família, que cultiva os valores da sobriedade, ambição, iniciativa, orgulho e atitude, os mesmos de sempre destes 153 anos de bem-sucedida história, a empresa investe milhões de euros anualmente em I&D+I, realiza 93% das vendas fora de Portugal e emprega cerca de 5000 colaboradores/as. Acrescentar valor à cortiça, de forma ética, competitiva, diferenciada e inovadora, em perfeita harmonia com a Natureza, é, então, a missão da Corticeira Amorim que em 2022 registou 1021,4 milhões de euros em vendas consolidadas.

Saiba mais sobre o nosso projeto Florestal em: https://www.amorim.com/pt/inovacao/id-inovacao/inovacao-na-floresta/4084/

www.amorim.comhttps://www.linkedin.com/company/amorim/

 

Sobre a Quercus:

A Quercus é uma Organização Não Governamental de Ambiente (ONGA) portuguesa de utilidade pública fundada a 31 de outubro de 1985. É uma associação independente, apartidária, de âmbito nacional, sem fins lucrativos e constituída por cidadãos que se juntaram em torno do mesmo interesse pela Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais e na Defesa do Ambiente em geral, numa perspetiva de desenvolvimento sustentado. A Associação designa-se Quercus por ser essa a designação comum em latim atribuída aos Carvalhos, às Azinheiras e aos Sobreiros, árvores características dos ecossistemas florestais mais evoluídos que cobriam o nosso país e de que restam, atualmente, apenas relíquias muito degradadas. Ao longo dos anos, a Quercus tem vindo a ocupar na sociedade portuguesa um lugar simultaneamente irreverente e construtivo na defesa das múltiplas causas da natureza e do ambiente. O seu âmbito de ação abrange hoje diversas áreas temáticas da atualidade ambiental, onde se incluem, além da conservação da natureza e da biodiversidade, a energia, a água, os resíduos, as alterações climáticas, as florestas, o consumo sustentável, a responsabilidade ambiental, entre outras. Este acompanhamento especializado é, em grande parte, suportado pelo trabalho desenvolvido por vários grupos de trabalho e projetos permanentes.

 

 

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COP 28: Quercus alerta para incumprimento de metas das COP – 28 anos, uma mão cheia de nada https://quercus.pt/2023/11/30/cop-28-quercus-alerta-para-incumprimento-de-metas-das-cop-28-anos-uma-mao-cheia-de-nada/ Thu, 30 Nov 2023 10:31:34 +0000 https://quercus.pt/?p=18813 Passados 28 anos de COP, estes são os factos que comprovam os resultados que as cimeiras das partes representam:

  1. As emissões de gases com efeito de estufa (GEE) continuam a aumentar;
  2. Aumento médio de temperatura do planeta calculado em cerca de 1,2°C em comparação com as eras pré-industriais;
  3. Este ano, 2023, foram batidos recordes de temperatura e temporariamente os 2°C chegaram a ser ultrapassados, pelo que este ano vai ser o ano mais quente desde que há registos;
  4. Subida do nível médio da água do mar entre 21 e 24 centímetros de 1880 a 2020.

Desde a primeira vez que as nações reuniram para debater as questões do clima, em 1972 com a Convenção de Estocolmo as nações, destacam-se a negociação de metas, que ou não foram compridas ou estão em vias de incumprimento.

Na COP 3, realizada em Kyoto, no Japão, em 1997, foi estabelecido o Protocolo de Quioto que só veio a ser ratificado em 2004, com a adesão de 192 países. Pela primeira vez, foram estabelecidos objetivos e compromissos juridicamente vinculativos e os principais agentes económicos, como o Japão, os EUA e a União Europeia, comprometeram-se a reduzir as suas emissões em 7%, 8% e 9%, respetivamente. Mas em 2012, o ano que se seguiu ao primeiro período de compromisso, as emissões globais aumentaram 44% em relação aos níveis de 1997, impulsionadas predominantemente pelo crescimento das emissões nos países em desenvolvimento. O Protocolo de Kyoto não conseguiu travar o fluxo de emissões globais.

Na COP21, realizada em Paris, França, em 2015, em que o principal resultado foi o Acordo de Paris, no qual foi estabelecida a principal meta de manter o aumento da temperatura média mundial bem abaixo dos 2°C em relação aos níveis pré-industriais e prosseguir os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais (Artigo 2º, alínea a). Contudo, apesar de se reconhecer que tal reduziria significativamente os riscos e o impacto das alterações climáticas, não estamos a conseguir esta meta.

Na COP 28, para a qual a Conferência das Partes escolheu o Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, uma das 10 maiores nações produtoras de petróleo do mundo, e em que foi nomeado presidente das negociações o presidente-executivo da empresa petrolífera estatal Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc), Sultan Al Jaber, empresa que segundo Mark Poynting da BBC News, planeia expandir a capacidade de produção (1), para a Quercus é como colocar “o lobo a guardar o rebanho”.

Que respostas para inverter a tendência dos últimos anos?

A Quercus defende que perante as alterações climáticas que já se fazem sentir na vida dos oceanos, devido à sua edificação pelo aumento dos teores de dióxido de carbono na atmosfera, e na vida terrestre, como o aumento das pragas e doenças, o aumento da severidades dos fenómenos climáticos extremos, com todas a consequências em cadeia de impactos sociais económicos e ambientais, requerem uma ação política mais determinada para que se cumpram as metas propostas em 2015 e se consiga mitigar os efeitos dos erros do passado.

A interdependência das consequências é reveladora da abrangência das medidas de mitigação, em que muito mais do que a sustentabilidade é importante a construção de uma cultura regenerativa. A Quercus defende uma transição energética que privilegie o auto-consumo assente em comunicardes energéticas e implementação de hábitos de redução de consumos. É ainda essencial mudanças de modos de produção e padrões de consumo em geral, integrando todos os setores: transportes, indústria, agricultura, floresta, ordenamento do território e desenho urbano, que promovam a integração e recuperação de valores naturais para efeitos imediatos e eficazes de efetiva redução de gases com efeito de estufa (GEE).

A título de exemplo, importa destacar o relatório “The global tree restoration potential” (O potencial global de restauração pelas árvores), publicado na revista Science, revelou é possível uma redução dióxido de carbono atmosférico em 25%, aumentando a cobertura florestal mundial em um terço (o equivalente a uma área do tamanho dos Estados Unidos da América), sem afetar cidades ou agricultura. Para os autores esta é a melhor solução disponível atualmente para um sequestro de carbono tão significativo (2).

A este propósito é importante alertar para a recuperação da biodiversidade nas áreas arborizadas, havendo ainda uma grande potencial a explorar, nomeadamente em áreas urbanas em espaços verdes mais naturais, como as miniflorestas, nomeadamente pelo método Myawaki, respeitando os princípios da sucessão ecológica com espécies autóctones.

Estamos, pois, perante uma situação em que, ou estamos dispostos a fazer as mudanças necessárias, ou os acontecimentos encarregar-se-ão de nos conduzir inevitavelmente a elas pela necessidade.

 

Lisboa, 30 de novembro de 2023

A Direção Nacional da Quercus – ANCN

 

Referências:

 

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Projeto ‘O Minuto Verde Volta à Escola’: vídeos escritos e apresentados por alunos abordam os desafios ambientais da atualidade https://quercus.pt/2023/11/28/projeto-o-minuto-verde-volta-a-escola-videos-escritos-e-apresentados-por-alunos-abordam-os-desafios-ambientais-da-atualidade/ Tue, 28 Nov 2023 15:29:26 +0000 https://quercus.pt/?p=18811 Estão já disponíveis os 21 vídeos finais produzidos pelo projeto “O Minuto Verde Volta à Escola”, que desafiou estudantes do 3º Ciclo do Ensino Básico a escrever e protagonizar o seu próprio “Minuto Verde”, um formato de educação ambiental que a Quercus produz e apresenta desde 2006 aos dias úteis no programa “Bom Dia Portugal” e, desde finais de 2017, também no programa “Portugal em Direto”, ambos na RTP1.

Promovido pela Quercus entre Janeiro de Novembro de 2023, o projeto “O Minuto Verde Volta à Escola”, apoiado pelo Fundo Ambiental, deu continuidade à iniciativa-piloto “O Minuto Verde Vai à Escola”, desenvolvida em 2017.

Nesta segunda edição, as atividades do projeto foram desenvolvidas no âmbito das disciplinas de Ciências Físicas e Naturais e de Português, envolvendo docentes e alunos de 31 instituições de ensino, distribuídas por 23 concelhos de Portugal Continental, com predominância da região Centro. Entre as 72 candidaturas recebidas, destacaram-se os temas enquadrados nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável 2030 nº 12 “Produção e consumo sustentáveis” e nº 15 “Proteger a vida terrestre”. Com base na pertinência dos temas, na qualidade dos textos desenvolvidos e na apresentação realizada, foram escolhidos os 21 candidatos a gravar presencialmente o vídeo final com a equipa que produz o formato original.

Entre os vídeos finalistas, destaca-se a diversidade de áreas temáticas, tais como a escassez hídrica; a poluição atmosférica; a agricultura sustentável; a proteção dos ecossistemas terrestres; a economia circular; a prevenção da produção de resíduos; o lixo marinho; o consumo responsável ou o incentivo à reutilização. Parte dos vídeos produzidos focaram-se em campanhas e iniciativas desenvolvidas pelas próprias instituições de ensino.

Na página https://minutoverdevaiaescola.quercus.pt/videos-finalistas/ podem ser visualizados os 21 vídeos finais do projeto, que já chegaram a centenas de milhares de pessoas através das redes sociais da Quercus e que serão propostos para transmissão televisiva na RTP.

Para Alexandra Azevedo, presidente da Quercus, “é de destacar adesão da comunidade escolar a este projeto, bem como a utilidade do produto final enquanto ferramenta pedagógica para construir e multiplicar o necessário esforço de educação para a sustentabilidade e cidadania”.

O projeto “O Minuto Verde Volta à Escola” é cofinanciado pelo Fundo Ambiental, no âmbito do Aviso n.º 14199/2022 “ENEA 2022 – Educação Ambiental + Transversal + Aberta + Participada 2022”.

Lisboa, 28 de novembro de 2023

 

A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

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Governo Português enfrenta primeiro processo judicial por inação climática https://quercus.pt/2023/11/27/governo-portugues-enfrenta-primeiro-processo-judicial-por-inacao-climatica/ Mon, 27 Nov 2023 11:06:30 +0000 https://quercus.pt/?p=18806

Lisboa, 27 de novembro de 2023

Após um ano de ondas de calor implacáveis, incêndios florestais e inundações devastadoras em Portugal, os grupos de defesa do clima Último Recurso, Quercus e Sciaena estão a iniciar procedimentos legais contra o Estado português, contestando a alegada falta de empenho do país em lidar com os impactos da crise climática.

As três organizações afirmam que o Estado falhou em cumprir a própria Lei de Bases do Clima. Apesar de a lei estar em vigor há dois anos, pouco progresso foi feito para alcançar os objetivos delineados e os prazos estabelecidos. A negligência do Governo na promulgação de nova regulamentação, incluindo um orçamento de carbono, um portal de ação climática, um plano nacional de energia e clima e planos setoriais de mitigação, é especialmente condenável na sequência de temperaturas extremas e danos sem precedentes vivenciados no país.

Francisca Costa, coordenadora do Departamento de Advocacy da Último Recurso, questiona a falta de resposta do Governo relativamente à Lei de Bases do Clima, afirmando: “De que evidências é que o Governo precisa mais para agir em conformidade com a urgência da crise climática? Cada prazo que falhamos na implementação desta Lei aumenta a probabilidade de eventos climáticos catastróficos e de ultrapassar o limite de 1,5°C estabelecido internacionalmente. Portugal é dos países europeus mais vulneráveis à crise climática e não podemos deixar escapar a meta de 1.5oC”.

A Associação Último Recurso nasceu em 2022 e tem como missão utilizar os meios legais para responsabilizar aqueles considerados os principais contribuidores para a crise climática no país. O seu caso junta-se a mais de 2.300 processos em todo o mundo que contestam as respostas dos Governos à crise climática. Tribunais nos Países Baixos, Irlanda, Alemanha e outras nações decidiram que a ação climática é um dever legal dos governos.

“O Estado está a falhar com a democracia ao não cumprir os prazos estabelecidos para a implementação desta Lei, que, mesmo assim, é pouco ambiciosa nas metas de redução de emissões estabelecidas. A falta de ambição na Lei de Bases do

Clima deve ser corrigida através de planos setoriais abrangentes, estratégias de adaptação e mitigação, e o desenvolvimento de orçamentos de carbono, com que se comprometeu o Governo”, afirma Maria Paixão, Coordenadora do Departamento Jurídico da Último Recurso.

Tendo esgotado todas as vias não judiciais, incluindo pedidos de reunião a partidos políticos e uma carta aberta ao Presidente da República, a Associação Último Recurso, representada pelo Advogado Ricardo Sá Fernandes, decidiu intentar uma ação civil contra o Estado no Tribunal Civil de Lisboa – o primeiro processo de litigância climática em Portugal. As organizações Quercus e Sciaena formalizaram o seu apoio ao assinarem conjuntamente a ação, reafirmando o seu compromisso conjunto pela justiça climática.

A Último Recurso, Quercus e Sciaena apresentam-se no Palácio da Justiça de Lisboa, no dia 27 de novembro, pelas 09h30, para uma conferência de imprensa, que será conduzida pela Presidente e Fundadora da Último Recurso, Mariana Gomes. Convidamos os senhores jornalistas a estarem presentes e a conhecerem o trabalho das associações.

 
Último Recurso
A força legal para lutar contra a crise climática.

Sciaena
Oceano # Conservação # Sensibilização
 
Quercus
Pela Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais

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WasteApp 2.0: Facilita a reciclagem e indica o ecoponto mais próximo https://quercus.pt/2023/11/24/wasteapp-2-0-facilita-a-reciclagem-e-indica-o-ecoponto-mais-proximo/ Fri, 24 Nov 2023 15:29:51 +0000 https://quercus.pt/?p=18790

Nova atualização da aplicação da Quercus, apoiada pela Sociedade Ponto Verde, apresenta funcionalidades focadas na reciclagem de embalagens e no bem-estar dos portugueses, dos turistas e dos estrangeiros residentes.

A WasteApp 2.0 chegou para simplificar a vida dos portugueses e dos estrangeiros no que toca à reciclagem. Permite saber o contentor certo para depositar os resíduos e localizar o ecoponto mais próximo através do mapa interativo disponibilizado na App. É o resultado da colaboração entre a Quercus e a Sociedade Ponto Verde com foco na recolha e reciclagem dos resíduos de embalagens, que oferece a todos os cidadãos uma solução simples e prática para a reciclagem dos seus resíduos.

Disponível em Android, IOS e web, esta versão melhorada permite ainda ao cidadão avaliar a sua experiência na reciclagem através de uma nova funcionalidade de reporte sobre a qualidade do serviço prestado pelos operadores.

Com a introdução de novas funcionalidades, como a possibilidade de identificar as zonas abrangidas pelo sistema de recolha porta-a-porta, a WasteApp pretende facilitar cada vez mais informação e mobilizar os cidadãos para a separação das embalagens, contribuindo para uma maior circularidade da economia e das matérias-primas. Através da App, os utilizadores estarão também a contribuir para a melhoria do serviço de recolha seletiva dos ecopontos verde, azul e amarelo, a cargo dos municípios e das empresas plurimunicipais.

De destacar que a versão 2.0 passou a estar disponível em português e inglês, facilitando a utilização desta ferramenta também por turistas e estrangeiros num contexto em que há cada vez mais habitantes de outras nacionalidades e visitantes no nosso país, o que traz desafios na capacidade de gestão dos resíduos dos municípios mais afetados. Ainda, no contexto da inclusão, esta aplicação foi otimizada para proporcionar uma melhor experiência a daltónicos e pessoas com deficiência visual.

A presidente da Quercus refere que “a quantidade de resíduos produzidos e o facto de uma parte significativa do que é reciclável ter ainda como destino final o aterro ou a incineração, vai acelerando a necessidade de expandir estas soluções. Melhores hábitos de reciclagem e um consumo ecointeligente é essencial para reduzir o volume de resíduos produzidos e permitir que os aterros mantenham por mais tempo a sua capacidade, condição fundamental para minimizar os impactes ambientais e os riscos para a saúde pública”.

“Os nossos parceiros são fundamentais para a concretização destes objetivos e esta nova versão é o resultado desse esforço conjunto. Com o apoio da Sociedade Ponto Verde, da Fundação Vodafone, da ERSAR e do nosso parceiro tecnológico, Next Reality, a WasteApp evoluiu para uma ferramenta mais robusta, com novas funcionalidades que acreditamos irão fazer a diferença na melhoria do serviço prestado à população,” destaca ainda Alexandra Azevedo.

O Coordenador de Marketing e Comunicação da Sociedade Ponto Verde, Ricardo Sacoto Lagoa, destaca que “a conveniência é um fator fundamental para se conseguir aumentar as taxas de reciclagem das embalagens. A WasteApp responde a esse desafio, de forma prática e rápida os utilizadores podem ver respondidas as suas dúvidas na separação, saber o ecoponto mais próximo e avaliar a experiência nesse contentor.”

A WasteApp foi lançada em 2019 pela Quercus com a missão de informar os cidadãos sobre os destinos de vários resíduos, locais de colocação dos mesmos para reutilização e reciclagem, como forma de promover as boas práticas e ajudar a criar um futuro mais limpo e sustentável. Agora, com a parceria com a Sociedade Ponto Verde, que investe continuamente na literacia ambiental e Inovação, a aplicação é reforçada com conteúdos e funcionalidades específicas dedicadas à recolha seletiva de embalagens.

A WasteApp está disponível para download nas plataformas iOS e Android.

Lisboa, 23 de novembro de 2023

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Dia da Floresta Autóctone: Quercus e LandraTech apresentam 5 medidas para valorizar a fileira da bolota https://quercus.pt/2023/11/23/dia-da-floresta-autoctone-quercus-e-landratech-apresentam-5-medidas-para-valorizar-a-fileira-da-bolota-como-alimento-e-as-arvores-nativas-do-genero-quercus/ Thu, 23 Nov 2023 14:09:09 +0000 https://quercus.pt/?p=18786 Celebra-se, a 23 de novembro, o Dia da Floresta Autóctone. A Quercus e a LandraTech destacam a importância na valorização da bolota na alimentação himana, para a conservação e regeneração das plantas do género Quercus (onde se incluem as azinheiras, os sobreiros e várias espécies de carvalhos) e bosque autóctones, que são dominados pelo referido género.

A bolota, fruto das espécies do nosso bosque autóctone do género Quercus (como a azinheira, o sobreiro e os carvalhos) foi usada na alimentação humana em todos os territórios em que a presença humana coincidia com a distribuição natural destas espécies, em regiões de clima temperado, sub-tropical e tropical de todo o Hemisfério Norte. Assim, do extremo ocidental da Eurásia à América do Norte e Central, existem referências ao consumo de bolota por inúmeras culturas. Em Portugal, o seu consumo vem referido em fontes escritas desde o período romano, mas os vestígios arqueológicos mostram-nos que o seu papel como recurso alimentar remonta a muitos milénios antes. E são precisamente as espécies do género Quercus que dominam o nosso bosque autóctone. Cerca de 36% da área florestal coberta por quercíneas, tendo a espécie Quercus suber o estatuto de árvore nacional, por ser a espécie com maior distribuição pelo território continental, para além da sua importância a vários níveis, como a nível económico com a fileira da cortiça.

Medidas para valorizar a bolota, para alimentação humana

– Os produtos de bolota deviam ter IVA reduzido (6%). Atualmente, a taxa de IVA que se pode praticar (23%) na farinha e bolota descascada compromete a competição com outros produtos alimentares semelhantes.

– Certificação para uso alimentar da bolota. Apenas a bolota de Quercus rotundifolia (azinheira) está listada na EFSA (Agência Europeia de Segurança Alimentar / European Food Security Agencie) para consumo humano (1). A bolota de Q. robur (carvalho alvarinho) está listada apenas como suplemento alimentar pela EFSA (2). Outras espécies relevantes como Q. coccifera (carrasco) e Q. suber (sobreiro) estão listadas apenas como suplemento alimentar em Itália (3).

– Apoio na identificação de certificações relevantes, e que seja possível implementar, para a valorização dos produtos de bolota de espécies autóctones no mercado, e sensibilização junto dos proprietários florestais para as vantagens da sua implementação. Nomeadamente “produção biológica”, “gluten-free“, “quilómetro zero”. E outras relacionadas com a origem (produto português) ou com a gestão sustentável/regenerativa da floresta.

– Investimento em projetos que visem estudar os ciclos de produção da bolota das espécies de quercíneas endémicas mais representativa da nossa flora (anos de safra e contra-safra) e a sua relação com os ciclos climáticos, a otimização do processo da apanha de bolota, visando a simplicidade e eficácia, bem como tecnologias para conservação da bolota prevendo os anos de abundância e escassez.

– Promover ações de sensibilização e formação, adequadas a cada tipo de povoamento de quercíneas, que permitam aos gestores de áreas florestais que o façam de forma adequada, de forma a gerar bosques mais produtivos, mais resistentes pragas e fogos florestais e mais acessíveis para ações de apanha.

Em contexto de alterações climáticas e perda de biodiversidade, a valorização da bolota é um potenciador da diversificação das fileiras florestais em Portugal, a promoção da rearborização promovendo a biodiversidade autóctone, o restabelecimento do ciclo hidrológico, entre muitos outros serviços ecológicos e atividades económicas associadas.

 

 

Lisboa, 23 de novembro de 2023

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Sobre a Quercus:

Organização Não Governamental de Ambiente de âmbito nacional, fundada a 31 de outubro de 1985, com grande implantação no território, e intervenção em diversas áreas temáticas, como conservação da natureza, resíduos, energia, educação ambiental, pesticidas, eco-turismo, floresta e água, através de grupos de trabalho, projetos e campanhas. Possui 3 centros de recuperação de animais selvagens, uma rede de microreservas e é proprietária de cerca de 600 ha de terreno na área do Tejo Internacional.

 

Sobre a LandraTech:

A LandraTech é uma startup portuguesa fundada em 2020, com o objetivo de valorizar a bolota dos bosques e florestas endémicas portuguesas como uma matéria prima sustentável para diversas indústrias. Através de tecnologia própria, inspirada nos princípios da economia circular. Tem desenvolvido produtos alimentares diferenciadores que exploram a riqueza nutritiva, produção sustentável e conteúdo em fibras, compostos antioxidantes e potássio da bolota para a indústria alimentar, bem como extratos ricos em compostos de alto valor acrescentado para outras verticais industriais. Ajuda atualmente mais de 50 proprietários florestais de Portugal e Espanha a valorizarem a sua produção de bolotas e tem no mercado dois produtos: farinha e infusão de bolota torrada. Está neste momento a levantar uma ronda de investimento para escalar a sua produção através de uma linha industrial a montar no concelho de Barcelos.

 

Referências:

  • Perigo taninos em Quercus sp., EFSA, 31 de maio de 2012

https://www.efsa.europa.eu/en/efsajournal/pub/2663

  • PLANTAS AUTORIZADAS PARA USO EM SUPLEMENTOS ALIMENTARES (França), 01 de janeiro de 2015 – robur,

https://www.legifrance.gouv.fr/loda/article_lc/LEGIARTI000029255052

 

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