Dezembro 2018 – Quercus https://quercus.pt Wed, 03 Mar 2021 17:01:12 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.3 https://quercus.pt/wp-content/uploads/2021/03/cropped-logotipo-quercus-svg-32x32.png Dezembro 2018 – Quercus https://quercus.pt 32 32 Quercus e ICNF libertam no Parque Natural do Tejo Internacional um juvenil de Abutre-preto recuperado no CERAS – Quercus/IPCB https://quercus.pt/2021/03/03/quercus-e-icnf-libertam-no-parque-natural-do-tejo-internacional-um-juvenil-de-abutre-preto-recuperado-no-ceras-quercus-ipcb/ Wed, 03 Mar 2021 17:01:12 +0000 https://quercus.pt/?p=9901 Dia 19 de Dezembro, pelas 15.00h, a Quercus e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas vão, numa ação conjunta, proceder à libertação no Parque Natural do Tejo Internacional, de um juvenil de Abutre-preto recuperado no Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens, estrutura do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) gerida pela Quercus.

 

A ação de libertação deste juvenil de Abutre-preto(Aegypius monachus), está integrada no Projeto de Restauro e Prevenção Estrutural do Parque Natural do Tejo Internacional, e será realizada na área da Cubeira, Freguesia de Rosmaninhal, Concelho de Idanha-a-Nova.

 

O Abutre-preto que agora vai ser devolvido à liberdade foi encontrado este Verão nas ruas da aldeia da Orca. Foi entregue no CERAS – Quercus/IPCB pela equipa do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana do Fundão. Na altura, encontrava-se magro, desidratado e com uma infeção fúngica oportunista, que se desenvolve com alguma frequência em juvenis debilitados. Com um maneio nutricional adequado e tratamento especializado, rapidamente recuperou a condição corporal. Mais tarde juntou-se ao Abutre-preto irrecuperável residente no CERAS – Quercus/IPCB e às outras duas crias de Abutre-preto, provenientes de ninhos do Parque Natural do Tejo Internacional, que também cresceram durante os primeiros meses de vida neste centro de recuperação e que já foram entretanto libertadas.

 

A ave será libertada numa zona do Parque Natural do Tejo Internacional onde têm sido avistados juvenis e adultos desta espécie. Além de uma anilha metálica e de marcas alares, conta também com transmissor GPS que permitirá o seguimento da ave.

 

O Abutre-preto, ave de rapina de grandes dimensões e a maior ave voadora da Europa, é uma ave gregária que esteve extinta como reprodutor em Portugal durante 40 anos, até alguns casais voltarem a nidificar na região do Tejo Internacional em 2010. Apesar da importância ecológica desta espécie necrófaga são várias as ameaças que enfrenta, como o envenenamento, a colisão e eletrocussão em linhas elétricas, a redução da disponibilidade alimentar, a alteração do habitat e a ingestão de carcaças com resíduos de medicamentos, entre outras. O seu estatuto de conservação no nosso país é de Criticamente em Perigo, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.

 

O ponto de encontro e partida para a ação de libertação deste Abutre-preto será na Escola de Rosmaninhal, convidando-se todos os interessados a estarem presentes, sendo necessária inscrição através do e-mail secretariado.cd@icnf.pt

 

 

Lisboa, 18 de dezembro de 2018

A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

A Direção do Núcleo Regional de Castelo Branco da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

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Climate Change Performance Index 2019 Portugal sobe uma posição no ranking climático e passa a desempenho elevado https://quercus.pt/2021/03/03/climate-change-performance-index-2019-portugal-sobe-uma-posicao-no-ranking-climatico-e-passa-a-desempenho-elevado/ Wed, 03 Mar 2021 17:01:01 +0000 https://quercus.pt/?p=9902 Portugal sobe uma posição no ranking climático e passa a desempenho elevado

 

 

Katowice, Polónia, 10 dezembro 2018 – O Climate Change Performance Index (CCPI) divulgado no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP24), pela associação de defesa do ambiente alemã Germanwatch, pelo NewClimate Institute e pela Rede Europeia para a Ação Climática (CAN Europe), da qual a Quercus faz parte, alerta para o facto de que poucos países demonstram vontade política para prevenir alterações climáticas perigosas.

 

 

Portugal sobe na classificação e chega ao nível de desempenho elevado

 

Este ano, Portugal subiu uma posição e ocupa o 17º lugar, entre os 56 países industrializados abrangidos pelo CCPI, o que na verdade corresponde ao 14º lugar, pois nenhum país está ainda a seguir um caminho compatível com o Acordo de Paris e os três primeiros lugares do pódio permanecem vazios. Pertence agora ao grupo de países com desempenho “elevado”. No entanto, a melhor classificação foi conseguida no CCPI 2017 (elaborada em 2016), quando Portugal chegou ao 11º lugar (o qual, descontando os três primeiros lugares não atribuídos, pode ser considerado um 8º).

 

Os aspetos positivos destacados são a representatividade das energias renováveis, as metas ambiciosas para as renováveis para 2030 e a política climática ligada ao objetivo de se tornar neutro em carbono até 2050 e eliminar o uso de carvão até 2030. Por outro lado, o setor dos transportes, em especial os transportes públicos e a mobilidade elétrica, são apontados como os principais aspetos negativos. De salientar que Portugal é um dos países que apoia o objetivo da UE de alcançar zero emissões líquidas em 2050.

 

 

Principais resultados do CCPI 2019

 

Após um período de estabilidade, as emissões globais de CO2 estão novamente a subir. Os resultados do CCPI indicam que apenas um número reduzido de países começou a implementar estratégias para limitar o aquecimento global abaixo de 2ºC ou até 1,5ºC. De facto, e embora haja uma corrida às energias renováveis, há falta de ambição política para eliminar rapidamente os combustíveis fósseis e, com as medidas já implementadas a temperatura global aumentará mais de 3ºC. Em 40 dos 56 países analisados, as emissões diminuíram entre 2011 e 2016, porém, os investimentos em infraestruturas a combustíveis fósseis comprometem os esforços já feitos e aumentam o fosso entre os objetivos definidos no Acordo de Paris e a realidade.

 

A classificação é novamente liderada pela Suécia, que ocupa o 4º lugar (que corresponde ao 1º lugar dado que os primeiros três lugares se encontram vazios). Segue-se Marrocos, pelo seu significativo aumento no peso das renováveis e pela sua ambição climática. A Alemanha volta a descer na classificação para a 33ª posição por culpa da falta de implementação das políticas nacionais como a eliminação do carvão ou a descarbonização do setor dos transportes. Por outro lado, a regulação das emissões da indústria e edifícios e um regime de apoio às energias renováveis valeram uma subida considerável da China, que se encontra agora no grupo dos países com desempenho “médio”.

 

O grupo de desempenho “muito baixo” é ocupado por quase metade dos países do G20: Japão (49º), Turquia (50º), Rússia (52º), Canadá (54º), Austrália (55º), Coreia (57º) e na cauda da classificação, os Estados Unidos da América (59º) e a Arábia Saudita (60º). No caso dos EUA, a política climática é classificada como muito fraca, mas a ação climática a nível de diversos estados e cidades e a promessa dos Democratas, com nova maioria na Câmara dos Representantes, em impulsionar a política climática são sinais positivos.

 

A União Europeia (UE) – única entidade supranacional avaliada -, que representa 9% das emissões globais de GEE, subiu para o 16º lugar graças à ambição crescente da sua política climática, importante quer a nível dos Estados-Membros, quer a nível internacional, especialmente face à retirada dos EUA.

 

 

Sobre o CCPI

 

Este índice desenvolvido pela Germanwatch, pelo NewClimate Institute e pela CAN, classifica 56 países e a UE, responsáveis por cerca de 90% das emissões globais de GEE. As quatro categorias examinadas são: emissões de GEE (40%), energias renováveis (20%), uso de energia (20%) e política climática (20%), sendo este último baseado em avaliações de especialistas por ONGs e grupos de reflexão dos respetivos países. O CCPI também avalia em que medida os respetivos países estão a tomar as medidas adequadas no âmbito das categorias de emissão, energias renováveis e uso de energia em direção ao objetivo global de Paris, de limitar o aquecimento global muito abaixo dos 2ºC. Desta forma, o CCPI é uma importante ferramenta que contribui para uma maior compreensão das políticas nacionais e internacionais.

 

 

Quercus apela a Portugal para que ponha rapidamente em prática a sua ambição

 

Apesar da ambição do Governo manifestada pelo Ministro do Ambiente e da Transição Energética, durante a apresentação do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050, apontando como setores prioritários de ação a produção de eletricidade e da mobilidade, agora é necessário demonstrar coragem para implementar medidas que cumpram os objetivos definidos e o tempo urge.

 

 

Lisboa, 10 de Dezembro de 2018

A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

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Balanço Ambiental 2018 https://quercus.pt/2021/03/03/balanco-ambiental-2018/ Wed, 03 Mar 2021 17:00:36 +0000 https://quercus.pt/?p=9900 Derrocada em pedreira de Borba; Portugal não atinge os objetivos do PERSU2020; Processo de decisão do Novo Aeroporto de Lisboa no Montijo; Corte de azinheiras no Alto Alentejo

 

[+]Mensagem política de proteção às espécies florestais autóctones; Abandono da prospeção de petróleo em Aljezur; Encerramento da Central Nuclear de Almaraz até Junho de 2024; Suspensão das licenças para exploração de gás na zona centro

 

 

O ano de 2018 foi marcado pela continuação da retoma económica em Portugal, depois da crise financeira e económica que atingiu o país durante vários anos. Num contexto cada vez mais premente de alteração de comportamentos, de modo a garantir a sustentabilidade do nosso Planeta, o grande desafio passa por conseguir conciliar futuramente o crescimento económico de Portugal, em todas as vertentes que o mesmo implica, com atitudes individuais e coletivas mais respeitadoras do Ambiente.

 

Como tem acontecido desde há vários anos por esta altura, a Quercus faz o balanço ambiental relativo ao ano que agora termina, selecionando aqueles que foram, na sua opinião, os piores e os melhores factos deste ano, sobretudo ao nível nacional.

 

 

Os piores factos ambientais de 2018

 

Derrocada em pedreira de Borba

 

A derrocada do talude de uma pedreira em Borba, no Alentejo, potenciada pela exploração exaustiva dos recursos naturais, onde os valores económicos se sobrepuseram aos critérios ambientais e de segurança, não é apenas um exemplo da falta de uma política de prevenção, que infelizmente tem vindo a ser cada vez mais comum em Portugal, com consequências a lamentar pela perda de vidas humanas, mas uma imagem do que se passa a nível mundial com a exploração desenfreada dos recursos naturais.

 

Portugal não atinge os objetivos do PERSU2020

 

De acordo com os dados publicados no último Relatório do Estado do Ambiente, Portugal não vai atingir os objetivos preconizados pelo Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU2020), que passavam por uma redução 7,6% da produção de resíduos em peso, face aos valores de 2012. Portugal está a piorar o seu desempenho ambiental a este nível, e isso traduz-se também numa sobrecarga de perto de 10 milhões de euros/ano adicionais para fazer face aos custos de não fazer esta redução e num acréscimo de emissões de CO2 a nível nacional.

 

Processo de decisão do Novo Aeroporto de Lisboa no Montijo

 

O atual executivo decidiu avançar com a hipótese da reconversão da Base Aérea Militar do Montijo e garantiu que a obra ia avançar, isto sem a necessária e obrigatória prévia Avaliação de Impacte Ambiental estar ainda concluída. Não é possível, antes da opção Montijo ser devidamente avaliada, que esta seja apresentada como a solução final e definitiva, e um Estudo de Impacte Ambiental completo e exaustivo é uma necessidade que deverá fundamentar as decisões do executivo e as opções a tomar. O discurso político de opção tomada a todo custo coloca uma pressão inadmissível nos processos em curso, e é algo que certamente não deveria acontecer num Portugal do século XXI.

 

Corte de azinheiras no Alto Alentejo

 

Centenas de azinheiras de grande porte foram arrancadas e cortadas no Alto Alentejo, numa operação que não teve a necessária autorização do ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. O objetivo desta operação foi instalar um olival intensivo nos terrenos onde existia o povoamento de montado de azinho, um habitat fortemente protegido pela legislação nacional. Este ato representa um crime ambiental de extrema gravidade, uma vez que implica a destruição de montado de azinho, um ecossistema único e um verdadeiro símbolo nacional.

 

Contínuo crescimento da Vespa asiática em Portugal

 

A Vespa velutina, mais conhecida como Vespa asiática, é uma das espécies invasoras com mais crescimento em termos de população nos últimos anos e em termos de expansão no território nacional, apresentando elevados impactos, tanto ao nível da biodiversidade como da agricultura. Segundo os últimos dados, no ano de 2017 foram detetados aproximadamente 4500 ninhos em território nacional, mais do dobro do ano anterior, sendo que nos últimos 3 anos, em soma, foram detetados mais de 10 mil ninhos por todo o país. E estes valores referem-se apenas aos ninhos detetados, sendo que a realidade pode ser bem mais preocupante, com valores três a quatro vezes superiores.

 

Autorização para colocar em marcha o funcionamento do Armazém Temporário Individualizado em Almaraz

 

A Central Nuclear de Almaraz recebeu a última autorização de que necessitava para colocar em marcha o funcionamento do Armazém Temporário Individualizado, em que irão ser depositados os resíduos nucleares provenientes desta Central Nuclear, até ser possível transferi-los para um Armazém Temporário Centralizado, ainda sem local definitivo nem prazo definido para a sua implantação. Esta decisão demonstra uma incoerência perante aquelas que são as posições assumidas pelo atual Governo Espanhol, uma vez que a Central Nuclear de Almaraz possui capacidade para armazenar os seus resíduos nucleares até o final do seu ciclo de vida.

 

 

Os melhores factos ambientais de 2018

 

Mensagem política de proteção às espécies florestais autóctones

 

Depois de décadas de alertas e de muitas campanhas de sensibilização por parte de Associações de Defesa do Ambiente, investigadores e cidadãos, finalmente a mensagem de proteção às espécies florestais autóctones parece ter chegado aos nossos decisores políticos. A ação de arranque de eucaliptos para dar lugar à plantação de espécies autóctones, em que participou o Presidente da República, o Ministro do Planeamento e das Infraestruturas e o Presidente da Câmara Municipal de Vouzela, é um bom exemplo de uma ação, que apesar de simbólica, pode ter um efeito positivo multiplicador.

 

Abandono da prospeção de petróleo em Aljezur

 

A Galp e a Eni tomaram a decisão de abandonar o projeto de exploração de hidrocarbonetos na bacia do Alentejo. Se tal decisão se confirmar por completo, prevê-se a caducidade dos três contratos detidos por esta concessionária, sendo esta uma vitória importante para os cidadãos, Autarquias e organizações que desde o início lutam para que o Algarve e o território nacional estejam livres desta atividade exploratória que ameaça o Ambiente, o tecido social, as atividades económicas e o futuro do Planeta.

 

Proibição do uso de garrafas, sacos e louça de plástico na Administração Pública

 

São positivas as medidas aprovadas no Conselho de Ministros para a proibição do uso de garrafas, sacos e louça em plástico na Administração Pública. E apesar de estes passos parecerem pequenos, são claramente dados no caminho certo. Relativamente à redução do consumo de papel e consumíveis em 25%, a medida poderia ter sido mais ambiciosa e sustentável, com a proibição do uso de papel em fibras virgens na Administração Pública, em utilizações de higiene e limpeza (papel higiénico e toalhetes de papel para limpar as mãos).

 

Central Nuclear de Almaraz encerra até Junho de 2024

 

Depois de muitos anos de contestação por parte da sociedade espanhola e portuguesa, é bastante positiva a intenção manifestada pelo atual Governo Espanhol de encerrar a Central Nuclear de Almaraz até Junho de 2024, integrada numa intenção global de encerramento faseado das Centrais Nucleares Espanholas à medida que vão completando 40 anos de idade. Contudo, é necessário ir mais longe e tornar esta intenção numa decisão, aprovando e colocando desde já em marcha um plano para o encerramento e desmantelamento desta Central, de forma a vincular futuros Governos espanhóis.

 

Licenças para exploração de gás na zona centro suspensas

 

As licenças de fraturamento hidráulico anteriormente concedidas para uma zona que abrange os concelhos de Pombal, Soure, Leiria, Marinha Grande, Batalha, Nazaré, Alcobaça, Porto de Mós, Caldas da Rainha, Ourém e Rio Maior foram canceladas após um grupo de ONGs ter feito campanhas contra o projeto. A área do projeto inclui o Maciço Calcário Estremenho e o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. A Agência Portuguesa do Ambiente considerou que o processo, ao abrigo de duas licenças de exploração de gás natural que foram concedidas em 2015, não está devidamente instruído pelo que não poderá ocorrer qualquer ação no terreno até que o Impacto Ambiental seja devidamente avaliado.

 

Proibição de pesticidas neonicotinóides na U. E. e com o voto de Portugal

 

A maioria dos Estados-Membros apoiou a proposta da Comissão Europeia de proibir todas as utilizações ao ar livre de 3 neonicotinóides causadores da mortalidade de abelhas. Até ao final do ano, os insecticidas com as substâncias imidaclopride, clotianidina e tiametoxame irão, finalmente, desaparecer do nosso ambiente para segurança das abelhas, da saúde pública dos cidadãos e da biodiversidade.

 

 

 

Lisboa, 27 de Dezembro de 2018

A Direção Nacional da Quercus- Associação Nacional de Conservação da Natureza

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