Dezembro 2005 – Quercus https://quercus.pt Tue, 09 Mar 2021 16:48:17 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.2 https://quercus.pt/wp-content/uploads/2021/03/cropped-logotipo-quercus-svg-32x32.png Dezembro 2005 – Quercus https://quercus.pt 32 32 Relatório mostra falha de 50 anos da indústria da aviação em aumentar a eficiência no consumo de combustível https://quercus.pt/2021/03/05/relatorio-mostra-falha-de-50-anos-da-industria-da-aviacao-em-aumentar-a-eficiencia-no-consumo-de-combustivel/ Fri, 05 Mar 2021 15:45:24 +0000 https://quercus.pt/?p=13231 Bruxelas / Lisboa – Os aviões comerciais de hoje não são mais eficientes em termos de consumo de combustível que os seus equivalentes de há cinquenta anos atrás e os argumentos da indústria da aviação que menciona uma melhoria de 70% na eficiência do consumo de combustível são falsos. Estas são as conclusões de um relatório do Laboratório Nacional Aeroespacial Holandês (Dutch National Aerospace Laboratory (NLR) ) publicado hoje pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) de que a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza é membro e divulgado no Dia Internacional da Aviação Civil cujo tema é precisamente o ambiente.

 

O novo relatório foi solicitado para investigar o anúncio por parte de grupos chaves da indústria aeronáutica como a Associação Internacional de Transporte Aéreo (International Air Transport Association (IATA)) que afirmam “Os aviões que são hoje introduzidos na frota são 70% mais eficientes em termos de consumo de combustível que os de há 40 anos atrás”. (1)

 

O NLR, instituto líder mundial de investigação aeroespacial identificou que a fonte original do valor de 70%, o Relatório Especial sobre Aviação e a Atmosfera Golbal do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) de 1999 (2), apenas examinou as melhorias durante a era a jacto e ignorou os aviões a hélice dos anos 50. O relatório mostra que o foco na velocidade que conduziu à introdução de reactores a jacto nos 1960s causou uma redução inicial enorme na eficiência do consumo de combustível e só agora está a ser recuperada. Por exemplo, o Lockheed Super Constellation de meio dos anos 1950s era pelo menos duas vezes mais eficiente que os primeiros jactos e tão eficiente como os aviões de hoje.

 

O estudo mostra que até os ganhos de eficiência ocorridos durante a era dos jactos têm sido exagerados. O primeiro ponto de referência do estudo do IPCC foi o jacto de passageiros de maior gasto de combustível alguma vez produzido, o De Havilland Comet 4 que consumia muito mais fuel que outros aviões a jacto anteriores. O segundo ponto de referência, no entanto, foi o avião de passageiros mais fuel-eficiente produzido até à data.

 

De forma significativa o relatório também levanta dúvidas sobre as previsões da indústria sobre as melhorias futuras em termos de eficiência no consumo de combustível afirmando “muitos estudos sobre ganhos previstos no futuro tendem a ser demasiado optimistas.”

 

Jos Dings, Director do T&E disse, “A indústria tem deliberadamente enganado o público para encobrir o seu falhanço em termos de melhoria de eficiência. Não há rezação para acreditar que eles venham a dar prioridade à eficiência no futuro a não ser que os governos avancem com incentivos sérios para reduzir as emissões.”

 

O T&E publicou os resultados encontrados no estudo feito no âmbito do Dia Internacional da Aviação Civil, este ano dedicado ao ambiente, onde foi sublinhado a falha da Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO), os organizadores do evento, em tomar medidas com vista a reduzir as emissões – uma responsabilidade que lhes foi dada quando o Protocolo de Quioto foi assinado em 1997. (3) A última assembleia geral da ICAO em Outubro de 2004 proibiu efectivamente aos estados a introdução de taxas relativas ás emissões, numa resolução que “aconselha os estados membros a não implementarem unilateralmente taxas de emissão (antes) da próxima sessão ordinária da assembleia em 2007”.

 

O T&E recomenda com alguma precaução a proposta recente da UE em incluir as emissões da aviação no Sistema de Comércio de Emissão da União Europeia (EU-ETS) após 2009 mas chama à atenção que o comércio só por si não irá dar o incentivo suficiente para reduzir as emissões no montante necessário (4). A acrescentar ao comércio de emissões, o T&E apela a um pacote de medidas adicionais incluindo taxas sobre o fuel e taxas de emissão associadas às rotas.

 

“Sem IVA a ser pago nos bilhetes internacionais, sem taxas no fuel e milhares de milhões de Euros em ajuda dadas à Airbus e Boeing, o sector da aviação continua a operar num universo paralelo onde subsídios directos e indirectos são oferecidos. Na ausência de acção internacional, a UE deve prosseguir a sua proposta de introduzir o comércio de emissões tão rapidamente quanto possível e também avançar com um pacote de medidas adicionais para conseguir cortes significativos nas emissões” diz Dings.

 

– FIM –

7 Dezembro 2005

(Dia Internacional da Aviação Civil – Tema: The Greening of Flight)

 

Mais informação:

Francisco Ferreira, Quercus, +1 (514) 578 6251

Jos Dings, Director, T&E +32 498 515 319

Dudley Curtis, Communications Officer, T&E +32 2 289 1042

 

(1) Ver IATA Environmental Review 2004 (link) (2) Texto complete do relatório IPCC 1999 (link). (3) O sector da aviação internacional (bem como o da navegação internacional) foi excluído do Protocolo de Quioto sobre Alterações Climáticas. No quadro do acordo de Quioto, a responsabilidade em reduzir as emissões foi transferida para a Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO) http://www.icao.int/, uma organização das Nações Unidas. Até agora não houve qualquer acção apesar do facto das emissões de CO2 do sector estarem a aumentar 4% ao ano – mais rapidamente que qualquer outro modo de transporte. (4) A Comissão Europeia propôs em Setembro que o sector da aviação passe a incluir o Sistema de Comércio de Emissão da União Europeia (EU-ETS). Tal é pouco provável que aconteça antes de 2009 e irá requerer a provação dos governos nacionais e do Parlamento Europeu antes que tais medidas possam ser introduzidas (link). O impacte real do comércio de emissões depende de como o sistema for desenhado. O T&E e a Quercus apelam a medidas que resultem no máximo de redução de emissões: – Todos os vôos partindo ou chegando a aeroportos europeus deverão ser abrangidos. Não apenas vôos intra-europeus. – O sistema deve contabilizar para o impacte complete da aviação no clima. O CO2 está associado apenas a 25-50% dos gases de efeito de estufa dos aviões. – Os limites de redução de emissões devem estar em linha com os actuais objectivos de Quioto para outros sectores. – As licenças de emissão devem ser vendidas em leilão e não oferecidas aos actuais operadores. Nota: O relatório completo NLR / Peeters Advies incluindo o sumário e conclusões pode ser retirado da internet aqui.

 

 

A imagem pode ser usada pela comunicação social europeia entre 7 e 14 de Dezembro de 2005: Título: A Lockheed Super Constellation (circa 1955), tão fuel-eficiente como os aviões de passageiros actuais Crédito: Hulton Archive / Getty Images Imagem em alta resolução possível de ser retirada daqui.

 

Acerca do T&E / Quercus T&E é a principal organização ambiental europeia que efectua campanhas sobre transportes. is Europe’s principal environmental organisation campaigning specifically on transport. Os membros são ONGs de praticamente todos os países Europeus, todas elas promovendo uma visão ambiental sobre transportes. A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza é membro do T&E. www.t-e.nu / www.quercus.pt

 

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É realmente um título muito semelhante ao do diário de ontem https://quercus.pt/2021/03/05/e-realmente-um-titulo-muito-semelhante-ao-do-diario-de-ontem-mas-para-alem-de-reunioes-reunioes-reunioes-nao-ha-mais-novidades-o-tempo-agora-comeca-a-escassear-e-a-ameaca-de-frustracao-comeca-a-i/ Fri, 05 Mar 2021 15:45:19 +0000 https://quercus.pt/?p=13230 Afinal, que decisões vão sair de Montreal? De momento tudo está parado, talvez à espera dos Ministros que já começaram a chegar e que hoje (quarta-feira) vão dar início ao designado segmento de alto-nível. Há uma proposta do Presidente da Conferência, o Ministro do Ambiente do Canadá, que hoje pela 11 da manhã foi discutida com os principais países ou grupos de países (União Europeia, G77+China, Estados Unidos da América, Pequenas Ilhas, entre outros).

 

Trata-se de uma proposta muito fraca para ser aprovada pela COP (ou seja, que terá de ter a aprovação dos EUA), e que remete para uns workshops as decisões relativas ao período pós-2012 – isto é, algo extremamente enfraquecido do ponto de vista político e de compromisso.

 

Palavras como diálogo ou negociação, formal ou informal são decisivas para os burocratas e para os políticos que aqui ficam acordados até tarde e que muitas vezes não resultam em nada. Muitos dos assuntos avançaram porém ao fim de uma semana e quase meia e estão praticamente prontos para decisão pelos Ministros – mudança de uso do solo e floresta, fundos para a adaptação, transferência de tecnologia, entre outros.

 

Como curiosidade, é interessante verificar a enorme diferença de posições entre os Ministros e as delegações que têm estado a negociar – os Ministros muito mais progressistas, nomeadamente os ministros do ambiente alemão e inglesa (sendo que o Reino Unido detém a Presidência Europeia de momento), e a prática das delegações dos respectivos países.

 

Os artigos 3.9 e 9 do Protocolo de Quioto!

 

A grande discussão continua a ser a mesma – como iniciar as negociações pós-2012 e que abrangência terão? De momento há um texto para aprovação na COP/MOP (que engloba apenas os países que ratificaram o Protocolo de Quioto) mas que está todo cheio de parêntesis, o que na prática significa que não há qualquer consenso sobre o mesmo. A necessidade de decidir esta questão resulta do artigo 3.9 do Protocolo de Quioto, talvez o mais citado por aqui desde que a Conferência se iniciou. A União Europeia neste quadro tem vários elementos negativos, nomeadamente o não concordar com um data limite para terminar os trabalhos de preparação do pós-2012.

 

Um outro artigo relevante é o artigo 9. Este artigo do Protocolo de Quioto requer que a COP/MOP2 deve efectuar a primeira revisão do Protocolo e que a COP/MOP deve tomar as acções apropriadas neste sentido. Uma das possibilidades é precisamente começar esse trabalho desde já, incluindo muitas das questões em aberto no quadro do próximo período de vigência do Protocolo e levantadas pelos países em desenvolvimento tais como a adaptação e o seu financiamento, transferência de tecnologia e ainda o progresso em termos de desenvolvimento sustentável de uma forma mais genérica. A revisão do Protocolo pode assim ser uma ponte para uma melhor ligação em termos de cooperação e objectivos entre o Norte e Sul do planeta, conduzindo inclusive a objectivos que não a redução de emissões de gases de estufa, pelo menos numa primeira fase por parte dos países em desenvolvimento.

 

Daí que estes são os números mais ouvidos e falados na Conferência – poderão ou não estar ligados, mas toda a negociação passa por eles…

 

Diário da Quercus sobre a COP-11/MOP-1

Montreal, 7 de Dezembro de 2005

 

 

A foto do dia

 

(são algumas centenas os representantes das organizações não governamentais de ambiente presentes; todos os dias há uma reunião entre as 14 e as 15h, sendo que as ONGAs europeias reúnem mais vezes durante o dia; ontem, terça-feira, a Quercus participou numa reunião com a Comissão Europeia e os chefes de delegação – alguns ministros – da União Europeia onde foi exposta a nossa posição em termos de objectivos e condução da Conferência)

 

O cartoon do dia

 

 

 

Diário da Quercus sobre a COP-11/MOP-1 6 de Dezembro de 2005 5 de Dezembro de 2005 4 de Dezembro de 2005 3 de Dezembro de 2005

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Alterações climáticas: Tudo continua parado em Montreal https://quercus.pt/2021/03/05/alteracoes-climaticas-tudo-continua-parado-em-montreal/ Fri, 05 Mar 2021 15:45:15 +0000 https://quercus.pt/?p=13229 É realmente um título muito semelhante ao do diário de ontem. Mas para além de reuniões, reuniões, reuniões, não há mais novidades. O tempo agora começa a escassear e a ameaça de frustração começa a intensificar-se.

 

Em curso (ás 19 horas de quarta-feira de Montreal) está uma reunião para conseguir avançar no texto a aprovar pela Conferência, sendo que os Estados Unidos têm conseguido bloquear o processo porque não aceitam a palavra “diálogo” sobre o pós-2012 em termos de Protocolo de Quioto. Numa reunião que irá começar dentro em pouco também a discussão entre os artigos 9.2 e 3.9 irá centrar as atenções porque dela dependerá o avanço no Encontro das Partes (os países que ratificaram Quioto), podendo levar à aprovação de um quadro negocial para os próximos anos do segundo período de aplicação do Protocolo de Quioto entre 2013-2017.

 

Uma das matérias acordadas e que agora será submetida ao painel de alto-nível é sobre o mecanismo de desenvolvimento limpo. Aí há claramente uma novidade – a inclusão da captura e sequestro de carbono – uma tecnologia supostamente promissora mas que os ambientalistas defendem não resolve, pelo menos no curto prazo, o problema das emissões de gases de efeito de estufa.

 

Bem-vindos Senhores Ministros

 

Nestas negociações uma coisa está mais clara que nunca – os países que desejam proteger os seus cidadãos e o seu ambiente das alterações climáticas têm de seguir em frente com o Protocolo de Quioto. Porquê? Porque é o único acordo internacional em vigor que procura resolver a questão. Quer os países industrializados, quer os países desenvolvidos, têm de assegurar que há benefícios para um desenvolvimento sustentável. A adaptação é a primeira prioridade para a maioria dos países em desenvolvimento. Mais financiamento para a adaptação e transferência de tecnologia é necessário num quadro dum regime pós-2012. Os países têm de enviar um forte sinal implementando uma plano com as seguintes características:

 

– PROCESSO: Um processo claro deve ser lançado para negociar o próximo período de compromissos do Protocolo de Quioto pós-2012. Um grupo de trabalho formal “Ad-Hoc” deve ser criado com base no Protocolo de Quioto com a missão de elaborar a segunda fase do Protocolo.

 

– REDUÇÕES: O processo deve ter o objectivo de conduzir a reduções substanciais as emissões dos países industrializados.

 

– RELATÓRIO: O Presidente do grupo de trabalho deve ser mandatado para informar os países que ratificaram Quioto com base numa síntese preparada pelo Secretariado da Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas.

 

– RESPONSABILIDADES DIFERENCIADAS: O processo deve identificar possibilidades para uma acção adicional pelos países mais ricos e que mais rapidamente se estão a industrializar (entre os países em desenvolvimento), tendo em conta o princípio das responsabilidades comuns mas diferenciadas, procurando um equilíbrio entre as necessidades económicas e sociais e o uso da atmosfera.

 

– ADAPTAÇÃO: O processo deve em grande escala desenvolver uma fonte sustentável de recursos financeiros para cobrir os custos de adaptação dos países em desenvolvimento que estejam ligados à operação dos mecanismos flexíveis.

 

– CONTEÚDO: Os assuntos principais e os elementos que têm de ser discutidos deverão ser clarificados nos termos de referência que deverão ser desenvolvidos.

 

– CALENDÁRIO: O ano de 2008 deve ser claramente marcado para final das negociações.

 

É o mercado! É o mercado!

 

Os mecanismos flexíveis do Protocolo de Quioto puseram pela primeira vez um preço nas emissões de carbono. Na Europa, com o comércio de emissões entre grandes unidades industriais, tal também é uma realidade. Mas, todo este negócio com benefícios óbvios para o clima, só tem sentido com o continuar de Quioto e com compromissos que se venham a estender para além de 2012. Por isso, é curiosa a aliança entre as organizações não governamentais de ambiente e diversas áreas de negócio, nomeadamente energias renováveis, conservação de energia, recuperação de metano de aterros sanitários, gestão florestal, entre outras. É preciso tomar decisões o mais rapidamente possível, não apenas por razões ambientais, mas também pelo salutar desenvolvimento económico de países ricos e pobres.

 

Quercus reuniu com eurodeputados

 

Pelas 11h da manhã de quarta-feira (hora do Canadá), um conjunto de organizações não governamentais de ambiente europeias, entre as quais a Quercus, reuniu com praticamente uma dezena de eurodeputados do Comité de Ambiente do Parlamento Europeu. Foram transmitidas as posições de ambas as partes em termos de objectivos e de condução das negociações, nomeadamente as posições da Presidência Britânica da União Europeia, Estados-Membros e Comissão Europeia. A Quercus aproveitou para conversar sobre o tema com a eurodeputada portuguesa Edite Estrela, também aqui presente em Montreal.

 

Agenda para quinta-feira, dia 8

 

A Quercus, o Director da Rede de Acção Climática Europeia, bem como dois membros da Direcção da CAN (Rede de Acção Climática) do Brasil e dos Estados Unidos reunirão com o Secretário de Estado do Ambiente de Portugal, Prof. Humberto Rosa, pelas 10.30h, hora do Canadá (5 horas mais cedo que em Portugal);

 

Às 15h, hora do Canadá, a delegação portuguesa promove no pavilhão da União Europeia um evento de lançamento da Rede Lusófona sobre Alterações Climáticas (RELAC), bem como a assinatura de um Memorando de Entendimento com a Guiné-Bissau em matéria de alterações climáticas.

 

O Prémio “Fóssil do Dia”

 

Prémio atribuído diariamente por votação das organizações não governamentais de ambiente aos países que em termos negociais têm pior comportamento. O primeiro lugar do Fóssil do Dia de quarta-feira foi atribuído à Arábia Saudita e o segundo ao Kuwait, porque após uma semana e meia de discussão, na reunião de terça à noite do órgão subsidiário sobre aconselhamento científico e tecnológico (a Convenção tem dois denominados órgãos subsidiários), tudo o texto que havia sido acordado foi bloqueado por estes dois países (www.fossil-of-the-day.org)

 

Diário da Quercus sobre a COP-11/MOP-1

Montreal, 8 de Dezembro de 2005

 

A foto do dia

 

(painéis fotovoltaicos numa carrinha da Greenpeace junto ao Palácio de Congressos que alimentam a electricidade de uma tenda anexa)

 

O cartoon do dia

 

 

 

Diário da Quercus sobre a COP-11/MOP-1 7 de Dezembro de 2005 6 de Dezembro de 2005 5 de Dezembro de 2005 4 de Dezembro de 2005 3 de Dezembro de 2005

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Alterações climáticas: Só faltam 24 horas… algum avanço, mas se calhar vamos ter que ficar até sábado https://quercus.pt/2021/03/05/alteracoes-climaticas-so-faltam-24-horas-algum-avanco-mas-se-calhar-vamos-ter-que-ficar-ate-sabado/ Fri, 05 Mar 2021 15:45:09 +0000 https://quercus.pt/?p=13228 À hora em que este penúltimo diário é escrito há um conjunto de negoicações a decorrerem.

 

Basicamente há três grupos separados:

 

– um sobre o texto final da Conferência a aprovar na Conferência das Partes (por todos os países, incluindo os EUA) e cujo título mais provável é “Decisão para melhorar a implementação da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas”; espera-se assim algo muito genérico e sem grande peso político mas ainda faltam umas horas;

 

– segundo grupo está a trabalhar sobre o célebre artigo 3.9 sobre as negociações pós-2012 no quadro do Encontro das Partes (os países que ratificaram Quioto); aí a situação evoluiu ligeiramente apesar de estar aquém do desejável; aponta-se neste momento para a criação de um grupo “ad-hoc” que terá o mandato para estabelecer as negociações nos próximos anos, havendo o compromisso de tal ter de estar resolvido de modo a não haver nenhum intervalo pós-2012, mas sem uma data limite que no entender das associações deveria ser 2008; aproveita-se para lembrar que as linhas do Protocolo de Quioto foram na altura delineadas por um grupo chefiado pelo Embaixador da Argentina, Raul Estrada, no quadro do denominado Mandato de Berlim, resultante da primeira Conferência das Partes da Convenção.

 

– um terceiro grupo dedica-se a fazer a definir o procedimento de revisão do Protocolo de Quioto que terá lugar no próximo ano.

 

Assim, alguns avanços mas ainda aquém do desejável foram feitos, sendo que as negociações apontam para decisões lá bem para a noite de sexta-feira.

 

Entretanto o ex-Presidente dos EUA, Bill Clinton, estará presente no último dia na Conferência e talvez traga algumas notícias sobre o que a esposa fará em matéria de alterações climáticas se vier a ser Presidente a partir de Janeiro 2009…

 

Estamos aqui para proteger o planeta

 

O Primeiro-Ministro Canadiano Paul Martin abriu na quarta-feira o segmento de alto-nível da Conferência com um claro pedido para acção em matéria de alterações climáticas e recebeu no final uma longa ovação. O Primeiro-Ministro tocou também uma das grandes tensões nesta Conferência – a falha dos países mais desenvolvidos em assumirem a sua quota-parte de responsabilidade em resolver o problema. Ele disse: “As alterações climáticas são um desafio mundial que exige uma resposta global; porém, há nações que continuam a resistir, vozes que tentam diminuir a urgência ou esquecer a ciência – e declarar, por palavras ou indiferença, que não é um problema nosso para resolver.” A resposta dos Estados Unidos da América não se fez esperar

 

Portugal discursou no segmento de alto-nível na quinta-feira à tarde

 

Os discursos neste segmento são sempre muito formais mas servem para identificar as preocupações principais de cada um dos Governos. Curioso o destaque para o Plano Tecnológico que assim chega a um Fórum internacional e para a central solar de Moura, investimento que não deixa de ser questionável à escala nacional. Virtude acima de tudo na garantia de cumprimento do Protocolo e no enfrentar de metas mais rigorosas a que a própria União Europeia se comprometeu.

 

Aqui está o seu conteúdo:

 

STATEMENT BY H.E MR. HUMBERTO ROSA

PORTUGUESE SECRETARY OF STATE FOR ENVIRONMENT

 

AT COP 11 OF THE UNFCCC AND COP/MOP 1 OF THE KYOTO PROTOCOL

 

Mr. Chair / President, Ladies and Gentlemen

 

We are gathered in Montreal to both celebrate the historical entry into force of the Kyoto Protocol, but also to look beyond the horizon and begin charting a course for further climate change action.

 

Indeed, continuing rising temperatures and extreme weather events, such as this summer devastating hurricane season in the Americas, forest fires in Portugal and one of the worst drought in Southern Europe, attest a changing climate that, pure and simply, requires concerted global action.

 

Portugal shares its responsibilities under the global climate change regime, in the framework of the European Community.

 

We are fully committed to complying with the Kyoto Protocol.

 

Granted, our emissions have been rising at a rate which certainly raises concerns due to it being one of the most challenging reductions amongst developed countries.

 

But this challenge also raises our determination to put in place policies and measures to reduce emissions, increase energy efficiency, and improve public transportation.

 

Technology plays a key role in our policy. The government’s Technology Plan is aimed at transforming Portugal’s technological profile through, for instance, over 4 billion euros investment in green, state of the art, projects in renewable energy.

 

Among these, wind power, is a key priority. In 2004 Portugal was the second country in the world in terms of wind power capacity growth.

 

In the first semester of 2005 the wind power generation more than doubled reaching more than 1000 MW by years end.

 

The Portuguese government has recently decided to set a more ambitious target for wind power capacity by 2010 – up to 5100 MW.

 

This increases our renewable electricity production target from 39% to 44%.

 

Also in 2005, the Government approved what will be the world´s largest solar generation plant with a 60 MW electric production capacity.

 

But because meeting our target will require additional action, we are updating the National Climate Change Program to define which further measures Portugal will need to put in place.

 

With that in mind, Portugal will make full use of all the policy instruments available, including the Kyoto Mechanisms.

 

We are cooperating with a number of developing country partners, in particular the Portuguese Speaking Countries in Africa and Latin America, to identify opportunities and to promote and facilitate investment in the Clean Development Mechanism.

 

Government is in the process of establishing the Portuguese Carbon Fund, which will invest in the Kyoto mechanisms.

 

But Portugal is also deeply committed to enhancing and streamlining our climate development cooperation with developing countries.

 

In this regard, Portugal is active in two innovative networks: the Portuguese Speaking Countries Network on Climate Change and the Ibero-American Network of Climate Change Offices.

 

These initiatives deal with a broad range of issues, focusing particularly on capacity building and on adaptation to climate change.

 

[Mr. Chair / President]

 

President Dion has presented us three challenges in our coming to Montreal, of which I will highlight your third “i”: be innovative with regard to the future.

 

Portugal believes the time has arrived for the world to engage in open dialogue on how to tackle climate change, taking into account our common but differentiated responsibilities and respective capabilities.

 

Scientific knowledge leaves no room for doubt that the World needs to act.

 

Developed countries will take the lead and further reduce their aggregate emissions. In Europe, our heads of state and government have steered our societies on such a path.

 

But, Mr. [Chair / President] and Ladies and gentlemen,

 

the challenge ahead of us is of such magnitude, and the action required so widespread that all countries – developed and developing alike – must increasingly take part in combating global climate change.

 

The future clearly looks multifaceted and challenging. It requires innovative and concerted actions by the world community. It requires an inclusive dialogue and fair outcomes.

 

Portugal will continue taking its share of the global responsibility.

 

Thank you very much

 

Rede de Acção Climática reuniu com Secretário de Estado do Ambiente

 

A Quercus através de Francisco Ferreira, o Director da Rede de Acção Climática Europeia, Matthias Duwe, bem como três membros da CAN Internacional: Alden Meyer dos EUA e Mark Lutes e Rubens Born do Brasil reuniram com o Secretário de Estado do Ambiente de Portugal, Prof. Humberto Rosa, entre as 10.30h e as 11h, hora do Canadá (5 horas mais cedo que em Portugal); foi discutida a posição de Portugal e da União Europeia nas negociações a decorrer, tendo sido igualmente expostas as preocupações das organizações não governamentais.

 

Às 15h, hora do Canadá, a delegação portuguesa promoveu no pavilhão da União Europeia um evento de lançamento da Rede de Organismos de Alterações Climáticas da CPLP (RELAC), bem como a assinatura de um Memorando de Entendimento com a Guiné-Bissau em matéria de alterações climáticas.

 

O Prémio “Fóssil do Dia”

 

Prémio atribuído diariamente por votação das organizações não governamentais de ambiente aos países que em termos negociais têm pior comportamento. O primeiro lugar do Fóssil do Dia de quinta-feira foi atribuído à União Europeia por se opor constantemente ao fixar de uma data limite para as negociações pós-2012, os Estados Unidos da América recebeu o segundo lugar por não se encontrar, nem sequer para discutir, com parceiros como as ONGAs, e o terceiro à Rússia, por bloquear as negociações em relação ao artigo 3.9 do Protocolo de Quioto que estabelece o quadro negocial para os próximos anos em relação ao pós-2012 (www.fossil-of-the-day.org/)

 

Diário da Quercus sobre a COP-11/MOP-1

Montreal, 9 de Dezembro de 2005

 

A foto do dia

 

(a quantidade de informação em jogo nesta conferência é tanta, e muita dela sem ser em formato electrónico, o que resulta em verdadeiros corredores de papelada, alguma dela já bem misturada) Fotos de eventos

 

 

 

Hoje, para além da foto do dia, duas fotos extra: o lançamento da RELAC (mencionada anteriormente), e o discurso do Secretário de Estado do Ambiente de Portugal no Plenário.

 

O cartoon do dia

 

 

 

Diário da Quercus sobre a COP-11/MOP-1 8 de Dezembro de 2005 7 de Dezembro de 2005 6 de Dezembro de 2005 5 de Dezembro de 2005 4 de Dezembro de 2005 3 de Dezembro de 2005

 

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Alterações climáticas: Os frutos de Montreal https://quercus.pt/2021/03/05/alteracoes-climaticas-os-frutos-de-montreal/ Fri, 05 Mar 2021 15:45:04 +0000 https://quercus.pt/?p=13227 Estamos à beira da aprovação das linhas principais de duas semanas de negociação sobre alterações climáticas. E, se tudo concorrer do ponto de vista formal como programado, as organizações não governamentais de ambiente, estão satisfeitas com o esforço feito.

 

O Protocolo de Quioto, que poderia estar em risco após 2012, tem o seu futuro garantido. Foi preparada a sua revisão desde já, com reuniões a ter lugar em Maio de 2006, sendo que tais modificações, que poderão vir a introduzir restrições em relação aos países em desenvolvimento – não necessariamente às emissões de gases de efeito de estufa mas indirectamente evitando a desflorestação – deverão ter lugar dentro de um ano (artigo 9.2 do Protocolo de Quioto).

 

Em relação ao pós-2012, haverá um grupo “ad-hoc”, com a primeira reunião marcada para Maio de 2006, com um mandato claro para negociar os compromissos de redução futuros para os países desenvolvidos. Para as associações de ambiente, seria desejável assegurar desde já uma data limite para o final das negociações – 2008, sendo que a esta hora tal item está ainda em aberto.

 

Também a conferência aprovou um plano de acção referente à adaptação, financiando os países em desenvolvimento durante os próximos cinco anos no sentido de lidarem com as alterações climáticas que já afectam muitos países com menores recursos para lidarem com as suas consequências.

 

Todas estas decisões foram decididas no quadro da COP/MOP1, Encontro das Partes que envolve os países que já ratificaram o Protocolo de Quioto.

 

No que respeita à COP11, Conferência das Partes, que envolve todos os países, tem ainda a decisão suspensa. Os Estados Unidos da América recusaram ontem qualquer consenso. Nas próximas horas deverá ser aprovada ou uma declaração ou uma decisão, sempre com a oposição dos EUA, facto que está a criar alguma complicação negocial, na medida em que nunca foi aprovada nenhuma decisão nas anteriores conferências sem ser por consenso total dos países. A proposta do Presidente da Conferência fala apenas da necessidade de continuar o diálogo entre os países, através de seminários e de relatórios, sobre a continuação da luta contra as alterações climáticas.

 

Assim, muito trabalho vai ter que ser feito até e na próxima Conferência das Nações Unidas a realizar num país africano, provavelmente em Nairobi, no Quénia.

 

“Só a existência de metas de redução nos países desenvolvidos é que assegura um mercado do carbono mundial”, Bill Clinton, Montreal, 9 de Dezembro de 2005

 

Se a delegação americana já se sentia incomodada com as criticas, directas ou indirectas, que recebeu nos últimos dias, nomeadamente do Primeiro-Ministro do Canadá, Bill Clinton deu hoje a machadada final num discurso a convite do Presidente da Câmara de Montreal e do Sierra Club. Numa sala a abarrotar e com todos os que não conseguiram entrar a assistir via televisão, o ex-Presidente dos Estados Unidos começou por afirmar que das suas últimas visitas pelo mundo, do Pacífico ao Árctico, não havia dúvidas que a alterações climática era real.

 

Afirmou depois, sob intenso aplauso, que apostava no Protocolo de Quioto e por isso o assinou, nomeadamente porque ele é determinante para o mercado mundial de carbono e também um estímulo à sustentabilidade dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Disse aliás estar convencido que o acordo com cria problemas económicos para os países desenvolvidos, muito pelo contrário estimulando a criação de emprego e investimento numa nova economia baseada nas energias renováveis, na conservação de energia e eficiência energética. Afirmou igualmente que é importante um acordo multilateral, sem no entanto ser claramente hostil em relação ao unilateralismo da posição americana para não ferir demasiadas susceptibilidades.

 

Porém, foi claro ao afirmar que ao haver quase duzentos municípios nos EUA que já confirmaram acordos de redução das emissões de gases de efeito de estufa, bem como alguns Estados, não compreende porque é que tal lógica não se pode estender ao país. Como um dos líderes associados à recuperação de New Orleans, defende que a mesma venha a ser uma cidade verde e exemplar em termos ambientais.

 

Bill Clinton afirmou que a aposta está na inovação, na criatividade de uma nova economia que já não aposta nem poderá depender dos combustíveis fósseis, em particular do petróleo e do carvão, com paradigmas que não se compadecem com a protecção do ambiente. Que melhor lição para um país como Portugal que aposta numa nova refinaria que irá agravar em 4,2% o nosso deficit de cumprimento de Quioto e que é o melhor símbolo de um investimento ultrapassado…

 

O Prémio “Fóssil do Dia”

 

 

 

 

Prémio atribuído diariamente por votação das organizações não governamentais de ambiente aos países que em termos negociais têm pior comportamento. O primeiro, segundo e terceiro lugar do último Fóssil do Dia desta Conferência foi atribuído ao Estados Unidos da América, em particular à administração Bush, pelo seu comportamento nas negociações, nomeadamente abandonando a sala e refutando chegar a qualquer consenso no que respeita à aprovação de uma decisão na Convenção das Partes sobre a manutenção de um diálogo entre os países no sentido de estudarem medidas relativas às alterações climáticas (http://www.fossil-of-the-day.org/)

 

Diário da Quercus sobre a COP-11/MOP-1

Montreal, 10 de Dezembro de 2005 – Versão 00 horas

 

Fotos de eventos

 

 

Bill Clinton merece uma foto pelo seu discurso (mesmo que na televisão porque a sala em que ele estava a falar estava super-lotada); também o “colar” pró-Quioto que segura a identificação merece hoje um último destaque A foto do dia

 

Hoje é a neve que cai em abundância que ganha protagonismo lá fora; quem terá mesmo assim coragem de andar de bicicleta em Montreal? Só quem assume a poupança de combustíveis fósseis muito sério com 8 graus negativos…

 

O cartoon do dia

 

 

 

Diário da Quercus sobre a COP-11/MOP-1 9 de Dezembro de 2005 8 de Dezembro de 2005 7 de Dezembro de 2005 6 de Dezembro de 2005 5 de Dezembro de 2005 4 de Dezembro de 2005 3 de Dezembro de 2005

 

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Alterações climáticas: Quioto continua pós-2012 https://quercus.pt/2021/03/05/alteracoes-climaticas-quioto-continua-pos-2012/ Fri, 05 Mar 2021 15:44:59 +0000 https://quercus.pt/?p=13226 Finalmente foram aprovadas as linhas principais de duas semanas de negociação sobre alterações climáticas. Foi preciso entrar pela madrugada dentro depois do bloqueio dos Estados Unidos em relação à decisão da Conferência das Partes (que não queriam qualquer sinal que pudesse significar um envolvimento mais directo do país) e da Rússia em relação à decisão do Encontro das Partes (os que ratificaram Quioto), por causa do estudo de compromissos voluntários no pós-2012, assunto que acabaria por ficar adiado para mais tarde.

 

Só cerca das 6 da manhã de Montreal terminou o plenário onde foram aprovadas as últimas decisões, e, de uma forma geral, as organizações não governamentais de ambiente, estão satisfeitas com o esforço feito.

 

O Protocolo de Quioto, que poderia estar em risco após 2012, tem o seu futuro garantido. Foi preparada a sua revisão desde já, com reuniões a ter lugar em Maio de 2006, sendo que tais modificações, que poderão vir a introduzir restrições em relação aos países em desenvolvimento – não necessariamente às emissões de gases de efeito de estufa mas indirectamente evitando a desflorestação – deverão ter lugar dentro de um ano (artigo 9.2 do Protocolo de Quioto).

 

Em relação ao pós-2012, haverá um grupo “ad-hoc” de países com um mandato claro para negociar os compromissos de redução futuros para os países desenvolvidos. Para as associações de ambiente, seria desejável assegurar desde já uma data limite para o final das negociações – 2008, mas o texto final afirma apenas que será garantido que não haverá interrupções do Protocolo de Quioto após o ano de 2012.

 

Também a conferência aprovou um plano de acção referente à adaptação, financiando os países em desenvolvimento durante os próximos cinco anos no sentido de lidarem com as alterações climáticas que já afectam muitos países com menores recursos para lidarem com as suas consequências.

 

Todas estas decisões foram decididas no quadro da COP/MOP1, Encontro das Partes que envolve os países que já ratificaram o Protocolo de Quioto.

 

No que respeita à COP11, Conferência das Partes, acabou por conseguir uma decisão para uma acção de cooperação no longo prazo no combate as alterações climáticas que envolverá todos os países num conjunto de seminários sobre o tema, reportando às Conferências anuais das Partes. Os Estados Unidos da América tinham na quinta-feira à noite recusado qualquer consenso, mas acabariam por aceitar a proposta final, ao ser retirado o texto onde se mencionava a ideia de que estes trabalhos seriam o guia para o futuro em termos de acções para as negociações sobre alterações climáticas. A decisão fala apenas da necessidade de continuar o diálogo entre os países, através de seminários e de relatórios, na continuação da luta contra as alterações climáticas.

 

Assim, muito trabalho vai ter que ser feito até e na próxima Conferência das Nações Unidas a realizar num país africano, provavelmente em Nairobi, no Quénia, em 2006.

 

“Só a existência de metas de redução nos países desenvolvidos é que assegura um mercado do carbono mundial”, Bill Clinton, Montreal, 9 de Dezembro de 2005

 

Discurso completo em vídeo em

http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/4512696.stm#

 

Se a delegação americana já se sentia incomodada com as criticas, directas ou indirectas, que recebeu nos últimos dias, nomeadamente do Primeiro-Ministro do Canadá, Bill Clinton deu hoje a machadada final num discurso a convite do Presidente da Câmara de Montreal e do Sierra Club. Numa sala a abarrotar e com todos os que não conseguiram entrar a assistir via televisão, o ex-Presidente dos Estados Unidos começou por afirmar que das suas últimas visitas pelo mundo, do Pacífico ao Árctico, não havia dúvidas que a alterações climática era real.

 

Afirmou depois, sob intenso aplauso, que apostava no Protocolo de Quioto e por isso o assinou, nomeadamente porque ele é determinante para o mercado mundial de carbono e também um estímulo à sustentabilidade dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Disse aliás estar convencido que o acordo com cria problemas económicos para os países desenvolvidos, muito pelo contrário estimulando a criação de emprego e investimento numa nova economia baseada nas energias renováveis, na conservação de energia e eficiência energética.

 

Afirmou igualmente que é importante um acordo multilateral, sem no entanto ser claramente hostil em relação ao unilateralismo da posição americana para não ferir demasiadas susceptibilidades. Porém, foi claro ao afirmar que ao haver quase duzentos municípios nos EUA que já confirmaram acordos de redução das emissões de gases de efeito de estufa, bem como alguns Estados, não compreende porque é que tal lógica não se pode estender ao país. Como um dos líderes associados à recuperação de New Orleans, defende que a mesma venha a ser uma cidade verde e exemplar em termos ambientais.

 

Bill Clinton afirmou que a aposta está na inovação, na criatividade de uma nova economia que já não aposta nem poderá depender dos combustíveis fósseis, em particular do petróleo e do carvão, com paradigmas que não se compadecem com a protecção do ambiente. Que melhor lição para um país como Portugal que aposta numa nova refinaria que irá agravar em 4,2% o nosso deficit de cumprimento de Quioto e que é o melhor símbolo de um investimento ultrapassado…

 

Diário da Quercus sobre a COP-11/MOP-1

Montreal, 10 de Dezembro de 2005 – Versão 07 horas

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NATAL AMBIENTAL: Quercus apresenta alguns conselhos para um Natal mais sustentável https://quercus.pt/2021/03/05/natal-ambiental-quercus-apresenta-alguns-conselhos-para-um-natal-mais-sustentavel/ Fri, 05 Mar 2021 15:44:55 +0000 https://quercus.pt/?p=13225 Nesta época festiva, a Quercus aproveita para apresentar alguns conselhos que lhe permitirão ter um Natal ambientalmente mais correcto.

 

Nos últimos anos a época do Natal tem-se tornado na época do consumo por excelência. Mais do que em qualquer outro período do ano, somos estimulados, influenciados, instigados, empurrados a comprar, comprar, comprar. Este consumo imediato e pouco reflectido provoca impactos ambientais graves, mas, pode também estar na origem de problemas económicos (endividamento excessivo).

 

Para o ajudar a contribuir para um Natal ecológico, aqui ficam alguns conselhos simples que pode levar em conta.

 

Vem aí o Natal…

 

– Para a ceia de Natal comece a habituar-se a substituir o bacalhau por outra iguaria; se não consegue mesmo resistir, adquira bacalhau de média/grande dimensão; faça o mesmo em relação ao polvo (deverá ter sempre mais de 800 ou 900 gr.).

– Adquira uma árvore de Natal artificial ou então recorra apenas a árvores vendidas com autorização (bombeiros, serviços municipais), como garantia da sustentabilidade do corte.

– Não vá em modas e tenha cuidado na aquisição dos enfeites de Natal, para que os possa reutilizar por muitos e longos anos. Pode optar por criar os seus próprios enfeites a partir da reciclagem e reutilização de materiais.

– Adquira lâmpadas energeticamente eficientes para reduzir a sua factura energética e ambiental.

– Pense naqueles que não têm possibilidade de oferecer prendas e mesmo de ter uma ceia de Natal; seja solidário com as várias campanhas que habitualmente se desenrolam nesta época.

– Esta é uma época tendencialmente fria; isole bem a sua casa de modo a reduzir os gastos com o aquecimento e também, para poupar recursos.

– Lembre-se que certas espécies animais e vegetais estão em vias de extinção. O azevinho é uma dessas espécies. Não compre azevinho verdadeiro. Existem bonitas imitações artificiais de azevinho que podem ser reutilizadas de uns anos para os outros.

 

O Natal e os presentes…

– Reflicta bem sobre as prendas que vai oferecer, a quem vai oferecer e qual a sua utilidade. Privilegie produtos:

a) Duráveis e reparáveis;

b) Educativos, principalmente se estivermos a falar de prendas para os mais pequenos; ofereça produtos que estimulem a inteligência, a criatividade, o respeito entre os povos e pelo ambiente;

c) Inócuos, em termos de substâncias perigosas;

d) Que não estejam embalados em excesso ou em embalagens complexas (são mais caros, misturam vários materiais e dificultam a reciclagem);

e) Úteis: é importante privilegiar a oferta de prendas que não sejam colocadas imediatamente na prateleira ou em qualquer baú esquecido no sótão.

– Gaste apenas na medida das suas possibilidades. Respeitar os seus limites de endividamento irá permitir-lhe ser mais criterioso nas suas escolhas e, logo, mais sustentável.

– Utilize os transportes públicos nas suas deslocações às compras, ou então, junte-se com amigos ou familiares num mesmo veículo e vão às compras conjuntamente; fica mais barato e sempre pode pedir opiniões quando estiver indeciso.

– Procure levar sacos seus para as compras ou tente utilizar o número mínimo de sacos possível (uma sugestão: ofereça sacos de pano para as compras).

– Adquira produtos nacionais, pois promove a economia portuguesa e reduz o impacte ambiental associado ao transporte dos produtos.

– Se pensar em oferecer um animal de estimação tenha em conta se há condições para ele viver bem e não compre animais selvagens ou em vias de extinção (opte pela adopção de um animal).

– Se optar por oferecer produtos de perfumaria, cosmética ou higiene pessoal tenha o cuidado de escolher aqueles que não fazem testes em animais (procure a lista em http://www.lpda.pt/).

– Muitas vezes temos objectos que já não utilizamos, mas que estão em bom estado. Não os deite fora. Seleccione os que pode oferecer a instituições ou a vendas de Natal ou opte por usara a sua criatividade e criar objectos para oferecer.

 

Depois do Natal…

– Guarde os laços e o papel de embrulho para que os possa utilizar noutras ocasiões; muitas embalagens, caixas de prendas, papéis de embrulho podem ser utilizados pelas crianças para fazer divertidos objectos, como máscaras, porta canetas, etc.

– Separe todas as embalagens – papel/cartão; plástico; metal – e coloque-as no ecoponto mais próximo, evitando assim os amontoados de lixo que marcam o dia de Natal; este é um bom momento para verificar se foi um cidadão ambientalmente consciente nas suas compras.

– Depois das festas, vêm as limpezas. Procure reduzir a quantidade e perigosidade dos produtos de limpeza que utiliza. Prefira os biodegradáveis e/ou em recargas.

– Não deite as pilhas para o lixo, coloque sempre no pilhão. As pilhas recarregáveis são uma alternativa económica e ecológica.

– Reflicta ao longo do ano sobre a utilidade que foi dada às prendas que ofereceu.

– Mantenha-se solidário com as diversas campanhas que se vão desenrolando ao longo do ano.

 

Seguir estes conselhos permitir-lhe-á oferecer uma prenda a si próprio e a todos os cidadãos do mundo – um ambiente mais protegido e equilibrado.

 

A Quercus deseja-lhe um excelente Natal e um Sustentável ano de 2006!!

 

A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

Lisboa, 15 de Dezembro de 2005

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No seguimento da adjudicação da empreitada de construção da via de comunicação rodoviária IC 9 – troço Alburitel-Tomar, sublanço Carregueiros/ Tomar, pelas Estradas de Portugal à OPCA, o CIDAMB, associação da qual a Quercus faz parte, requereu no Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria a suspensão da referida obra por estar em causa a destruição de habitats protegidos e a integridade do Sítio de Importância Comunitária – PTCON 0045 – Sicó-Alvaiázere, da Rede Natura 2000, violando assim a Directiva Habitats (92/43/CEE). A Quercus constatou que não existiu o estudo de alternativas, nem a fase de discussão pública para o projecto de execução, e que o actual Nó de Carregueiros não constava do Estudo Prévio em 1995 pela então Junta Autónoma de Estradas não tendo o mesmo sido submetido a discussão pública. O projecto de aprovação do referido troço não está de acordo com a Directiva Habitats e, apesar disso, o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações e as Estradas de Portugal, insistem em avançar com uma obra em situação claramente ilegal, a qual vai destruir o melhor azinhal da região, assim como uma mata de carvalhal-português e sobreiral, quando existiam alternativas de localização não avaliadas. Secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas e das Comunicações, determina que as Estradas de Portugal prossiga a execução da obra, violando Directiva Dada que o início dos trabalhos preparatórios da obra tiveram origem ilegalmente, a Quercus apresentou uma queixa à Comissão Europeia no passado dia 15 de Novembro para que alertasse o Estado português relativamente à violação da Directiva Habitats. Posteriormente, a 21 de Novembro, dado que os trabalhos continuaram, a Quercus, através do CIDAMB – Associação Nacional para a Cidadania Ambiental, interpôs uma Providência Cautelar para Suspensão de Eficácia, do despacho de aprovação da obra do sublanço do IC9 Carregueiros-Tomar efectuado pelas Estradas de Portugal, E.P.E., assim como a respectiva Acção Administrativa Especial – Acção Popular no Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria. Apesar de o Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria ter marcado a primeira inquirição de testemunhas para o próximo dia 5 de Janeiro e portanto não ter ainda decidido a Providência ou a Acção Judicial, o senhor Secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas e das Comunicações, Paulo Jorge Oliveira Ribeiro de Campos, não obstante reconhecer a falta de observância da autorização para o abate das azinheiras e sobreiros, e de que a intervenção atravessa o Sítio da REDE NATURA Sicó-Alvaiázere, o mencionado senhor Secretário de Estado, a fim viabilizar o mais rapidamente possível a execução da obra e de a tornar num facto consumado e antes de qualquer possibilidade do Tribunal Administrativo intervir, ouvir as testemunhas e decidir, veio declarar, em 07 de Dezembro de 2005 “que o diferimento da execução da providência cautelar seria gravemente prejudicial para o interesse público, determinando em consequência que a EP – Estradas de Portugal, E.P.E. prossiga a execução da obra “IC 9 – Alburitel/Tomar – Sublanço Carregueiros /Tomar (IC 3)”. Ou seja, o representante do Estado-membro ordenou em manifesta violação da Directiva Habitats e da legislação de protecção ao sobreiro e à azinheira, bem como da violação dos mais elementares princípios do Estado de Direito, entre os quais o princípio da legalidade e o princípio de acesso à Justiça, a continuação da obra. Quercus apresenta nova queixa à Comissão Europeia e solicita suspensão de financiamento da União Europeia para obra ilegal Com fundamento nos factos anteriormente descritos, a Quercus apresentou nova queixa à Comissão Europeia para salvaguarda das Directivas comunitárias. O traçado em causa tem cerca de 8 Km e está orçado em 30 milhões de euros (6 milhões de contos), com 85% de financiamento comunitário candidato aos fundos estruturais do FEDER e do Fundo de Coesão. Neste sentido, a Quercus comunicou à Comissão Europeia estes factos o que poderá determinar a suspensão do financiamento comunitário, uma vez que estes fundos a serem concedidos irão possibilitar a destruição de um património protegido pela Directiva Habitats da União Europeia. Dadas as dificuldades económicas que o país atravessa, a Quercus defende que, em nome do interesse público e de um desenvolvimento económico que se quer sustentável, deverão ser encontradas soluções menos dispendiosas para os contribuintes do Estado português e da União Europeia, apostando antes num investimento que permita o desenvolvimento sustentável e não destruindo o nosso melhor património natural. Lisboa, 27 de Dezembro de 2005 A Direcção Nacional da QUERCUS – Associação Nacional de Conservação da Natureza Grupo de Trabalho de Conservação da Natureza https://quercus.pt/2021/03/05/no-seguimento-da-adjudicacao-da-empreitada-de-construcao-da-via-de-comunicacao-rodoviaria-ic-9-troco-alburitel-tomar-sublanco-carregueiros-tomar-pelas-estradas-de-portugal-a-opca-o-cidam/ Fri, 05 Mar 2021 15:44:51 +0000 https://quercus.pt/?p=13224 Quase duas semanas depois do cargueiro “CP Valour” ter encalhado na ilha do Faial, nos Açores, e no momento em que decorriam operações de trasfega do combustível ainda existente no navio, esta foto é bem elucidativa da ausência de meios de contenção e combate à poluição.

 

A foto foi captada no dia 20 de Dezembro às 16 horas altura em que o “Magadir” já estava a proceder à trasfega do combustível do cargueiro encalhado. É notório que a pequena barreira colocada junto ao cargueiro, do lado da costa, é insuficiente para evitar a dispersão do fuel libertado pelo “CP Valour”. Por outro lado, uma operação tão arriscada como é a trasfega de combustível deveria ser acompanhada pela colocação de barreiras que prevenissem algum derrame acidental.

 

Lenta e sem os meios necessários é como se caracteriza a intervenção desenvolvida após o “CP Valour” ter encalhado na ilha do Faial. É caso para perguntar: são estes os meios que Portugal possui para o combate à poluição marinha? E se fosse uma situação mais grave?

 

Lisboa, 22 de Dezembro de 2005

A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

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