Quercus contesta a expansão do Aeroporto Humberto Delgado: é urgente apostar na ferrovia e no reaproveitamento do aeroporto de Beja

A Quercus considera que a opção de expansão do Aeroporto Humberto Delgado (AHD) é um erro muito grave, que vem acentuar e agravar os índices de ruído e qualidade do ar da cidade de Lisboa.

A associação considera que, a fase de transição que o governo anunciou até à conclusão da construção da primeira fase do Aeroporto Luís de Camões, deve contemplar o uso e aproveitamento do Aeroporto de Beja, infraestrutura esta que se encontra pronta a entrar em uso, necessitando apenas da conclusão de acesso rodoviários (que se encontram interrompidos à aproximadamente 13 anos), e o reforço das conexões ferroviárias da Linha do Alentejo. Salienta-se que, o reforço e requalificação da linha do Alentejo entre Beja e Bombel, oferece uma série de vantagens que podem beneficiar a infraestrutura de transporte de Portugal, a economia, e a sustentabilidade ambiental.

Para Alexandra Azevedo, presidente da Direção Nacional da Quercus: “O reaproveitamento do Aeroporto de Beja, é a opção correta a adotar no período de transição que se vai iniciar, possibilitando a diminuição dos atuais 220 mil passageiros e 33 milhões passageiros ano do AHD, e que se encontra de forma clara em situação ilegal por estar fora das condições impostas pela licença atual (máximo de 180 mil movimentos ano e 16 milhões de passageiros).”

Por outro lado, importa neste contexto voltar a relembrar as exigências de:

  • abandono dos voos para distâncias inferiores a 500/600 kms, optando pela alta velocidade da ferrovia;
  • limitação da rota Lisboa-Tires (Cascais)/Tires-Lisboa em jato privado, tendo presente que esta rota foi, em 2022, a segunda com maior intensidade carbónica na Europa. A utilização do Aeródromo de Tires para este fim deve ser abandonada devido aos impactos e efeitos adversos na saúde pública, no meio ambiente e na qualidade de vida das comunidades locais;
  • restrição forte dos voos através de jatos privados em geral, tendo em consideração que o uso deste meio, apresenta uma pegada de carbono fora de qualquer padrão de sustentabilidade ambiental, sem ignorar que este meio de transporte saí do contexto de transporte público.  

A Quercus considera ainda que a população da cidade de Lisboa não pode continuar a ser sacrificada no que diz respeito ao seu bem-estar, devido à exposição ao ruído e emissões de poluentes gasosos, provenientes do AHD, o que se irá intensificar caso se verifique a expansão do aeroporto. De referir que a ampliação do AHD, a realizar-se, exige necessariamente um processo de Avaliação de Impacte Ambiental.

Tendo presente que o anúncio do governo relativo ao Aeroporto Luís de Camões foi acompanhado do anúncio da terceira travessia do Tejo, o que no entender da associação coloca também em análise a necessidade de complementaridade destas duas infraestruturas com a necessária execução da linha de alta velocidade Lisboa-Madrid.

Para Raul Silva, vice-presidente da Direção Nacional da Quercus: “A linha de alta velocidade Lisboa-Madrid é um projeto estratégico com potenciais benefícios ambientais, sociais e económicos significativos, com evidente enquadramento e num contexto de crescimento sustentável, e de redução de emissões de gases com efeito de estufa, com impacte positivo na qualidade de vida dos cidadãos,  fortalecendo a integração regional.”

Tendo presente que a construção de um novo  aeroporto vai significar o aumento da operação aeroportuária e com isso o aumento da pressão sobre a cidade de Lisboa, a Quercus considera imprescindível que a interconectividade com outros meios de transporte públicos seja garantida, no sentido de contrariar o previsível aumento do trânsito automóvel. Neste contexto, considera-se que a interconectividade com a rede do Metro de Lisboa deverá ser garantida com a terceira travessia do Tejo.

A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

16 de julho de 2024