Durante o período de eleições para o Parlamento Europeu, a Quercus aceitou o desafio do CEO Corporate Europe Observatory para tornar público algumas informações sobre o que se passa neste centro de decisão das políticas europeias e o porquê de certas tomadas de decisão. Nesse sentido, vamos divulgar pesquisas feitas sobre alguns assuntos que impactam o nosso ambiente e a nossa vida como seres que fazem parte do ecossistema Terra.
Durante o mandato do atual Parlamento Europeu e da Comissão Von der Leyen, o hidrogénio foi promovido como o combustível “limpo” do futuro e recebeu um apoio político, financeiro e regulamentar sem precedentes. No entanto, uma análise detalhada revela uma realidade preocupante por trás da fachada de promessa climática.
Segundo a Agência Internacional de Energia, quase todo o hidrogénio produzido atualmente em todo o mundo – 99% – é produzido a partir de combustíveis fósseis, resultando em emissões significativas de CO2. Este cenário contradiz diretamente a narrativa de descarbonização ecológica que tem sido amplamente divulgada. Mais ainda, menos de 0,1% do hidrogénio mundial é derivado de fontes renováveis, tornando evidente que a abordagem atual não está a enfrentar eficazmente a crise climática – mas também falha quando se trata de justiça global e democracia energética.
É essencial destacar que o hidrogénio azul, frequentemente apresentado como uma alternativa de baixo carbono, também apresenta sérios desafios ambientais e climáticos. A investigação demonstra que a pegada de carbono do hidrogénio azul é, na verdade, maior do que a queima direta de combustíveis fósseis. Além disso, o hidrogénio verde, embora possa parecer uma solução promissora, enfrenta obstáculos significativos em termos de eficiência energética e procura de recursos naturais.
Por trás da intensa promoção do hidrogénio, está o lobby da indústria dos combustíveis fósseis, que busca perpetuar a sua relevância e lucros. Empresas como Total, Shell, Equinor, BP, Snam e Fluxys estão entre os principais impulsionadores desta campanha, utilizando uma variedade de táticas de lobby para influenciar as decisões políticas da UE.
A resposta à crise energética na UE também revelou a influência desproporcional da indústria dos combustíveis fósseis nas políticas energéticas. Os altos preços da energia resultaram em lucros exorbitantes para as empresas do setor, enquanto as comunidades enfrentavam dificuldades financeiras e inflação.
Para garantir políticas climáticas verdadeiramente eficazes e justas, é crucial eliminar a influência dos combustíveis fósseis na política energética. É hora de estabelecer uma firewall que proteja as decisões climáticas e energéticas dos interesses corporativos prejudiciais.
A UE deve reavaliar suas metas e políticas relacionadas ao hidrogénio, garantindo que qualquer abordagem futura esteja alinhada com os princípios de sustentabilidade e justiça ambiental.
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Hidrogénio, de uma reflexão tardia a uma política fundamental