COP26 – Glasgow: há ainda oportunidade

Quercus alerta para a necessidade de maior empenho e coerência nas políticas públicas para uma resposta eficaz a um problema que exige e nos desafia a uma ação abrangente e integrada

Começa este domingo, dia 31 de Outubro, a 26.ª Conferência das Partes da Convenção-quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas Esta Conferência tem como fim ultimar os regulamentos de aplicação dos Acordos de Paris.

A Quercus saúda todas as partes participantes, evidenciando a importância de todos os países do Mundo, sem exceção, unirem esforços com vista ao cumprimento dos acordos de Paris. Assim a Quercus congratula-se com o regresso dos EUA às negociações e apela a que Rússia e República Popular da China se voltem a juntar às mesmas.

O objectivo de se atingir um regulamento dos Acordos de Paris que contemple a descarbonização das economias em meados do século e a manutenção das metas de aquecimento máximo de 1,5ºC globalmente, longe de ser um objectivo ambicioso é antes um objectivo razoável. Não será contudo por isso que deva ser menosprezado.

Um aquecimento global de 1,5º C significa já uma enorme perda de ecossistemas, de solos, um incremento de fenómenos climáticos extremos e uma pressão imensa sobre a capacidade de sustentação de populações inteiras, quer por perda de solos produtivos, florestas e pressão sobre recursos hídricos e sérias dificuldades para inúmeros países, especialmente os mais pobres, alguns ameaçados mesmo de completo desaparecimento.

A Quercus deplora que em tal quadro a ênfase das negociações seja colocada no desenvolvimento dos mercados de carbono, adiante dos compromissos de calendarização das diminuições de emissões, das medidas de adaptação e de minimização de danos.

Lamenta ainda a constatação feita, pela Presidência britânica da COP26, que os fundos previstos de 100.000 M de dólares norte-americanos de investimento anuais nas questões climáticas até 2020 estejam ainda por cumprir. Salientando que também o investimento previsto pelas instituições financeiras internacionais se encontra por cumprir.

O problema das alterações climáticas exige respostas estruturais que integre todos os setores. A transição energética necessária também ela nos coloca sérios desafios pelas inúmeras limitações das diversas alternativas aos combustíveis fósseis. Mais do que mudança de tecnologias são os padrões de consumo da nossa sociedade e a nossa relação com a natureza que têm de estar no centro da discussão e das políticas.

Concretamente em Portugal, um dos países da Europa mais vulnerável aos efeitos das alterações climáticas são necessárias mudanças consideráveis no modelo agrícola, florestal e de gestão do território, designadamente áreas urbanas e vias de comunicação, que incorpore critérios ecológicos e valorização do nosso património vegetal natural. A adoção de práticas ecológicas nas atividades económicas e na gestão do território são elementos fundamentais para a redução de emissões e aumento do sequestro de carbono.

A Quercus saúda com entusiasmo a preocupação da COP26 no trabalho conjunto com o objectivo de levar os países mais afectados pelas alterações climática a proteger e restaurar os ecossistemas autóctones, a programar sistemas de defesa, alerta e infraestruturas e agricultura resilientes por forma a evitar perdas de habitações, bens e vidas.

A Quercus relembra que se nada for feito o aquecimento do planeta poderá chegar a 2,7ºC alterando de forma irreversível os equilíbrios, destruindo ecossistemas e levado a humanidade e a grande maioria das espécies hoje existentes a uma extinção em massa.

Ainda há oportunidade se não de reverter pelo menos de manter as alterações dentro de níveis controlados. Fazemos votos que os governos e organizações presentes na COP26 saibam estar à altura das enormes responsabilidades que sobre si impendem.

Lisboa, 29 de outubro de 2021