21 de Setembro – Dia Internacional contra as Monoculturas de Árvores
A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza alia-se a outras organizações internacionais na divulgação do Dia Internacional contra as Monoculturas de Árvores, assinalado amanhã, 21 de Setembro. A data pretende alertar para a contínua expansão de monoculturas verificada por todo o mundo, em particular nas regiões tropicais. No entanto, a situação é também preocupante em Portugal.
Neste Dia Internacional contra as Monoculturas de Árvores, o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais volta a denunciar os graves impactes decorrentes das plantações em grande escala de eucaliptos e outras espécies, bem como para a necessidade de salvaguardar as florestas tropicais naturais.
Entende-se por “monocultura” a produção agrícola ou florestal de uma só espécie. A prática monocultural é altamente lesiva para a biodiversidade, promovendo o aparecimento de novas pragas e o empobrecimento e erosão dos solos em larga escala.
Também tem efeitos sociais nocivos, uma vez que as monoculturas estão muito expostas às variações dos mercados, sendo vulgar a afetação de vastas áreas do planeta quando as condições de mercado se tornam desfavoráveis à monocultura praticada nessa região, provocando o êxodo populacional e miséria nas áreas afetadas.
À destruição dos recursos de flora e fauna, soma-se a degradação dos recursos hídricos locais, como resultado da ação combinada do uso massivo de agroquímicos, do consumo excessivo de água por parte das monoculturas, de obras de drenagem e de processos de erosão do solo.
Está ainda na memória de todos a recente destruição da floresta tropical em São Tomé e Príncipe – rica em diversas espécies de fauna e flora, endémicas e criticamente ameaçadas de extinção – para plantação de monoculturas de palmeira-dendém, destinadas à produção de óleo de palma.
Também em Portugal é por demais evidente a expansão de monoculturas, das quais se destaca a expansão desenfreada do eucalipto.
O eucalipto é já a espécie que mais área ocupa em Portugal, com cerca de 812 mil hectares de povoamentos instalados.
Os eucaliptais, além dos efeitos perversos que exercem sobre os solos e a biodiversidade, promovem a propagação de fogos de modo descontrolado, como se verificou este ano na Serra do Caramulo, que pode ser dada como um exemplo de região com monocultura de eucalipto.
A Quercus considera negativa a nova vaga de expansão das monoculturas de eucaliptos, devido aos impactes sobre os ecossistemas, como a destruição da biodiversidade, sendo um fator crítico na propagação dos grandes incêndios. Como tal, devem ser tomadas medidas que imponham condicionantes de ordenamento do território florestal às monoculturas, as quais é essencial estarem associadas a áreas com outras espécies de folhosas mais resistentes ao fogo.
Com o novo regime de arborização em Portugal, que entrará em vigor em Outubro de 2013, a Quercus prevê um aumento das monoculturas com os previsíveis efeitos negativos ao nível da conservação da biodiversidade, dos solos, das águas e da propagação dos incêndios.
Lisboa, 20 de Setembro de 2013
A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza