Projetos para plantação de sobreiros reprovados no Distrito de Bragança

Produtores florestais de Bragança esperaram 2 anos para saber que não há dinheiro para florestação com autóctones.

 

sobreiro bragancaA Quercus teve conhecimento que dezenas de produtores florestais do Distrito de Bragança estão a receber comunicação de não aprovação de candidaturas que foram submetidas no início de 2016.

 

Lamentamos a falta de dotação financeira para esta medida do PDR 2020 (Operação 8.1.1. Florestação de Terras Agrícolas e não Agrícolas) ainda mais sendo público que no verão de 2017 foram alocadas verbas no valor de 9 milhões de euros para financiar rearborizações com eucaliptos (Operação 8.1.6. Melhoria do Valor Económico das Florestas).

 

Leonel Folhento, Presidente da Núcleo Regional da Quercus de Bragança diz: “Estamos muito desiludidos com esta situação. Os governantes continuam a esquecer os locais mais despovoados do interior. Temos de apostar forte no sobreiro no castanheiro.”

 

 

Juras de apoio ao interior são palavras vãs.

 

A Quercus lamenta ainda que depois de intervenções de altos responsáveis políticos, de todos os quadrantes, prometendo políticas de apoio à economia do interior, travão à desertificação e despovoamento, equilíbrio do território e aposta na floresta autóctone, os factos venham revelar que a aposta ao investimento continua a ser centrada no litoral.

 

É inadmissível que os proprietários florestais de Bragança, que despenderam tempo, energia e dinheiro a submeter as suas candidaturas vejam agora as suas espectativas defraudadas.

 

E dois anos para obter uma resposta vão muito para além do que é aceitável. Este período demasiado longo gora as espectativas dos Produtores e das Organizações de Produtores Florestais que ficam, deste modo, de pé atrás em relação a futuras medidas de apoio.

 

A grande maioria destes proprietários, já com alguma idade, são detentores de mais terrenos arborizados com sobreiros e esta decisão “ARRASADORA”, em nada anima quem tenta valorizar os terrenos no interior. Estes proprietários com estes investimentos de longo prazo estão a contribuir para a diminuição da desertificação dos solos e do abandono rural.

 

Quercus apela ao governo para retirar verbas do eucalipto para que possam ser aprovados os projetos de sobreiros e outra floresta autóctone.

 

Os projetos em causa, agora reprovados por falta de verba, propunham-se plantar maioritariamente sobreiros, mas também outras espécies de floresta autóctone como o castanheiro, pinheiro manso e freixo.

 

É incompreensível que vejamos o Sr. Ministro da Agricultura a prometer milhões todos os dias para a floresta e depois vemos a realidade desmentir esta retórica.

 

A Quercus, ANCN apela pois ao Sr. Ministro da Agricultura e ao Sr. Primeiro-ministro que façam inverter esta situação e que retirem as verbas destinadas às rearborizações com eucaliptos para que possam ser viabilizados os projetos com sobreiros e outras autóctones no Interior de Portugal.