Foi há mais de um ano que pela primeira vez, e de forma pública, chamámos a atenção para as obras que estavam a degradar as margens do Rio Vouga, na zona do Baixo Vouga. Eram trabalhos de beneficiação autorizados e implementados por organismos dependentes do Ministério do Ambiente, e mesmo assim os resultados estavam longe de respeitar as questões ambientais básicas. Passou um Inverno e houve problemas de erosão, visivelmente agravados pelas obras ali efectuadas, os quais tiveram impactes nos campos agrícolas adjacentes arruinando o solo arável e, por conseguinte as sementeiras desse ano.
No Verão endereçou o Núcleo de Aveiro da Quercus um ofício ao Ministério do Ambiente, com questões concretas sobre a situação das margens do Vouga. Meses depois, com uma nova remodelação ministerial pelo meio, tentámos saber por via telefónica se o ofício tinha chegado e porque não tinha resposta. Confirmaram a recepção e garantiram que a técnica que estava com esse ofício não demoraria a responder. Esperámos. Em vão…
O que queríamos saber era se o Ministério do Ambiente tinha efectuado, ou iria efectuar, um estudo e um apuramento de responsabilidades, caso confirmassem que os trabalhos realizados, tal como prevíramos, tinham danificado a protecção natural das margens. Com efeito, as máquinas que andaram nas margens do Vouga destruíram muita da vegetação natural, derrubando galerias ripícolas e afectando a protecção do solo que ladeia o Rio Vouga.
Uma ausência de resposta por parte do Ministério do Ambiente não nos admira. É o espelho da sua inércia, é a conjugação perfeita com a falta de capacidade de uma estrutura que cada vez mais ignora a região e os seus valores naturais. O Baixo Vouga Lagunar é uma zona classificada, de importância comunitária, que merecia mais intervenção do Ministério do Ambiente de forma a salvaguardar os serviços ambientais deste ecossistema e o património que é de todos.
Ao não dar resposta a um ofício do Núcleo de Aveiro da Quercus, com uma questão sobre uma zona tão importante, o Ministério do Ambiente deixa uma imagem de incompetência governativa. Em conclusão, e porque a situação não é nova, nem tão pouco é inédita, emitimos esta nota de imprensa, de modo a que seja do conhecimento público que a associação Quercus, com os seus voluntários, continua atenta na defesa dos valores ambientais. E não condescendemos com instituições públicas pois exigimos, que os serviços públicos façam o seu melhor na defesa do património natural, na defesa da saúde pública e na defesa de um desenvolvimento sustentável.
A Direcção da Quercus-Aveiro