Eucalipto previsto em Áreas Protegidas desde o Parque Nacional da Peneda-Gerês ao Parque Nacional da Serra da Estrela
Os novos PROF – Programas Regionais de Ordenamento Florestal, publicados em fevereiro foram elaborados com informação desatualizada e utilizaram uma metodologia com critérios desajustados, o que os impede de contribuir para um melhor ordenamento florestal.
A Quercus esteve a analisar os sete novos PROF, nomeadamente as normas para privilegiar as plantações de eucalipto em todas as sub-regiões (Grupo I e II) e chegou à conclusão de que o eucalipto é privilegiado em todas as regiões do País e apenas está ausente em seis sub-regiões homogéneas no PROF Trás-os-Montes e Alto Douro e em duas sub-regiões homogéneas no PROF Alentejo.
A Quercus acompanhou algumas Comissões de Acompanhamento da revisão dos PROF, tendo em diversas situações alertado para o abuso das propostas que priviligiavam os eucaliptais em muitas regiões de montanha e do interior, onde o eucalipto nem sequer se encontra adaptado em termos edafo-climáticos, dado ter pouca produtividade ou estar mais facilmente sujeito a pragas ou doenças. O exemplo da proposta aprovada com eucalipto nas sub-regiões homogéneas da Torre e da Estrela, em área protegida do Parque Natural da Serra da Estrela, revelam a insensatez deste processo de planeamento.
Também na sub-região homogénea Paque Nacional da Peneda-Gerês o eucalipto é priviligiado no grupo I, enquanto a maioria das espécies folhosas autótones se encontra no grupo II (menor privilégio), revelando uma aposta na produção de madeira para celulose e não uma floresta diversificada com espécies da nossa floresta.
Os PROF consideram prioritária a plantação de eucaliptos em 95% do território continental e apenas não são privilegiados em 5% da área, ou seja, em 8 sub-regiões homogéneas do interior de Trás-os-Montes e Alto Douro e do Baixo Alentejo. Ver mapa.
As normas destes novos PROF, entretanto vão ter que ser integradas nos Planos Diretores Municipais. No entanto, deverá ser atualizada a informação do Inventário Florestal Nacional, para o próximo Governo promover a revisão destes programas.
Caso as celuloses consigam que o regime de arborização seja alterado, os planos já lhes são favoráveis, apesar de contrariarem o necessário ordenamento florestal para conter as monoculturas e o risco de incêndio.
Lisboa, 29 de maio de 2019
A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza