O estudo “Biofuelling The Global Food Crisis: why the EU must act at the G20”, publicado pela organização não governamental de ambiente ActionAid International em Junho de 2012, mostra o impacto da meta europeia para os biocombustíveis em 2020 sobre as previsões de subida de preço dos alimentos no mercado global nos próximos anos.
A União Europeia (UE) é o maior produtor e consumidor mundial de biodiesel. A Diretiva europeia sobre as energias renováveis (em inglês, Renewable Energy Directive) define uma meta para a incorporação de 10% de energias renováveis no sector dos transportes até 2020, sobretudo à custa da produção e incorporação de biocombustíveis no gasóleo e gasolina rodoviários.
De acordo com alguns modelos de previsão, esta meta europeia poderá conduzir a uma procura substancial no mercado global de matérias-primas agrícolas e a um aumento dos preços das sementes oleaginosas até 20% e de óleos vegetais utilizados para produzir biodiesel até 36% em 2020. Por outro lado, o consumo de bioetanol na UE para cumprir a meta europeia poderá contribuir para o aumento dos preços do milho até 22%, de trigo até 13% e do açúcar até 21%, agravando mais os efeitos da subida de preços provocada pela crescente procura de milho nos Estados Unidos da América e de cana-de-açúcar no Brasil para produzir bioetanol.
Através da publicação deste estudo, a ActionAid International apela à União Europeia, enquanto membro do grupo das 20 economias mais desenvolvidas do mundo (o chamado G20), para rever a sua meta para os biocombustíveis, no sentido de garantir a segurança alimentar ao nível global. A volatilidade e a subida dos preços dos alimentos nos mercados internacionais têm sido um tema recorrente nas reuniões do G20, porque afetam já as populações em várias regiões do globo como o Sahel da África Ocidental (zona geográfica que inclui países como o Senegal, o Sudão, a Etiópia e a Somália entre outros incluídos entre os países mais pobres do Mundo).
A Organização das Nações Unidas para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) estimam que os preços das matérias-primas agrícolas no mercado global poderão aumentar nos próximos cinco anos cerca de 27% para o trigo, 48% para o milho e 36% para a maioria das oleaginosas, comparativamente com os preços entre 1998 e 2003. Estas previsões são complexas e influenciadas por múltiplos fatores que influenciam a procura e o fornecimento de alimentos, incluindo a produção de biocombustíveis quando esta compete com a produção alimentar.